Revelação bombástica de Boulos expõe suposta conexão entre aliado de Nunes e líder do PCC, acirrando a disputa pela prefeitura
Durante o debate da TV Globo nesta quinta-feira (3), o candidato do PSOL à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos, mencionou um funcionário da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Siurb) que é ex-cunhado do líder máximo do Primeiro Comando da Capital (PCC), como forma de atacar o atual prefeito e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB).
Boulos citou uma reportagem publicada pelo UOL no mesmo dia, sobre o chefe de gabinete da Siurb, Eduardo Olivatto, irmão de Ana Maria Olivatto, ex-companheira de Marco Willians Herba Camacho, o Marcola. A matéria aponta que Olivatto tem relação com um empresário que recebeu contratos milionários da secretaria, firmados sem licitação.
“O chefe de gabinete da Secretaria de Obras do Ricardo Nunes é cunhado do Marcola, o maior líder de facção criminosa que nós temos atuando aqui em São Paulo e no Brasil. Ele é responsável pelo dinheiro das obras emergenciais sem licitação. R$ 5 bilhões que passaram pela mão do cunhado do Marcola. Ricardo Nunes, explique sem mentir e sem falar de outros temas: por que você entregou dinheiro da prefeitura para o cunhado de Marcola?”, questionou Boulos.
Nunes rebateu, afirmando que Olivatto ingressou como servidor público em 1988 e acusou Boulos de tentar “enganar as pessoas”:
“O rapaz que você está falando da matéria é funcionário de carreira da prefeitura. Entrou no concurso em 1988. Era gestão da Erundina. A irmã era casada com o cara da criminalidade e morreu há 20 anos. Você vem com essa conversinha… Você acha que quem está assistindo vai cair nessa conversinha do Boulos? Para de querer enganar as pessoas, Guilherme”, disse Nunes.
Os dois também trocaram acusações sobre o caso de rachadinha envolvendo o deputado André Janones (Avante). Boulos foi o relator da representação movida pelo PL contra Janones e defendeu o arquivamento.
“Quem tem apoio a qualquer tipo de corrupção é você, quando foi lá o relator do caso do [André] Janones, da rachadinha. Você pôs sua digital lá. Eu não tenho nenhuma investigação contra mim. Não tenho nenhum indiciamento contra mim. E não tenho nenhuma condenação contra mim. Diferente de você. Não queira enganar as pessoas”, afirmou Nunes.
“O Ricardo Nunes mente e nem fica vermelho. É uma coisa impressionante. Você vive na cidade real. Tem coisa que ele está falando que nem precisa desmentir. Sobre Janones, já expliquei mais de uma vez. Rachadinha para mim é crime. Independente se é do Janones, do Flávio Bolsonaro, que é seu amigo. De quem quer que seja. Que a Justiça julgue e que se for culpado, que pague”, rebateu Boulos.
O debate da Globo foi o 11º e último encontro entre os principais candidatos à Prefeitura de São Paulo antes do primeiro turno, que acontece no domingo, 6 de outubro. Participaram do debate Guilherme Boulos (PSOL), Pablo Marçal (PRTB), Ricardo Nunes (MDB), Tabata Amaral (PSB) e José Luiz Datena (PSDB).
De acordo com a pesquisa Datafolha, divulgada também na quinta-feira (3), Boulos (26%), Marçal (24%) e Nunes (24%) estão tecnicamente empatados na liderança. Tabata Amaral aparece em quarto, com 11%, seguida por Datena com 4% e Marina Helena (Novo) com 2%. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.