BMW pressiona governo alemão para tirar as tarifas sobre veículos elétricos chineses

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A montadora alemã BMW solicitou ao governo da Alemanha que vote contra a imposição de tarifas adicionais sobre veículos elétricos (VE) importados da China, manifestando preocupações sobre os impactos econômicos e o risco de retaliação por parte de Pequim.

A iniciativa ocorre em meio às discussões dentro da União Europeia (UE) sobre a implementação de taxas que podem chegar a 45% sobre os VEs chineses, como parte de uma medida proposta pela Comissão Europeia (CE).

O CEO da BMW, Oliver Zipse, afirmou em uma declaração nesta quarta-feira, segundo a Global Times, que a imposição de tarifas adicionais poderia prejudicar a indústria de exportação da Alemanha e agravar as tensões comerciais com a China.

“A imposição dessas tarifas poderia não apenas prejudicar a robusta indústria de exportação da Alemanha, mas também catalisar uma resposta retaliatória da China, aprofundando assim a cisão”, declarou a montadora.

A UE estava originalmente programada para votar a medida no dia 25 de setembro, mas a votação foi adiada para 4 de outubro.

No entanto, a data pode sofrer novas alterações, de acordo com relatos da Bloomberg, devido às intensas negociações entre representantes europeus e chineses em busca de uma resolução que evite as tarifas adicionais.

O atraso na votação reflete as divergências entre os estados-membros da UE em relação às políticas comerciais protecionistas. Muitos países europeus mantêm relações econômicas e comerciais próximas com a China, e temem que essas medidas possam prejudicar seus interesses.

Segundo Cui Hongjian, professor da Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim, em entrevista ao Global Times, essas tendências protecionistas podem comprometer as relações econômicas cooperativas estabelecidas ao longo dos anos.

Impacto econômico para a BMW e montadoras alemãs

As potenciais tarifas têm implicações econômicas significativas para a BMW e outras montadoras alemãs que possuem uma forte presença na China.

A BMW destacou em seu comunicado que as empresas alemãs exportaram 26,3 bilhões de euros (US$ 29,1 bilhões) em veículos e peças automotivas para a China no ano passado, enquanto 6,8 bilhões de euros em produtos automotivos foram exportados da China para a Alemanha. A interdependência entre os dois mercados torna as tarifas uma ameaça direta para os negócios dessas empresas.

A BMW, que fabrica os modelos elétricos MINI Cooper e Aceman na China, alertou que qualquer interrupção nesse fluxo comercial poderia impactar seus resultados financeiros de forma imediata. Este não é o primeiro apelo da montadora em relação às tarifas de veículos elétricos.

Em julho, Zipse já havia manifestado suas preocupações, afirmando que a abordagem da UE era impraticável e potencialmente prejudicial aos fabricantes de automóveis europeus com operações globais.

Outras montadoras também expressaram preocupações semelhantes. O grupo Mercedes-Benz, em declaração ao Global Times, reafirmou seu apoio a um comércio liberal e baseado nas regras da Organização Mundial do Comércio (OMC). Segundo a empresa, “o livre comércio e a concorrência justa garantem prosperidade, crescimento e inovação.”

Negociações entre China e União Europeia

Nos últimos meses, a China tem mantido conversas com a Comissão Europeia e com vários estados-membros da UE para discutir a questão das tarifas sobre veículos elétricos.

Em setembro, o Ministro do Comércio da China, Wang Wentao, visitou a Itália, Alemanha, Bélgica e a sede da UE para se reunir com representantes de alto escalão, incluindo o Vice-Presidente Executivo da Comissão Europeia e Comissário de Comércio, Valdis Dombrovskis. Durante essas reuniões, os dois lados buscaram uma solução para o caso de subsídios aos VEs chineses.

As negociações resultaram em um consenso preliminar sobre a direção das discussões para resolver o impasse, com ambas as partes expressando o desejo de evitar uma escalada nas tensões comerciais. A China tem enfatizado a necessidade de uma abordagem equilibrada, que leve em conta os interesses comerciais mútuos e a manutenção de relações econômicas saudáveis.

Consequências para o setor automotivo

O resultado dessas negociações terá um impacto significativo no setor automotivo europeu, especialmente para empresas como BMW, Mercedes-Benz e outras que dependem fortemente do mercado chinês.

Com a crescente competição no segmento de veículos elétricos, a adoção de tarifas adicionais poderia não apenas prejudicar as montadoras europeias no curto prazo, mas também afetar sua capacidade de competir globalmente no futuro.

A votação sobre as tarifas de veículos elétricos importados da China continua a ser monitorada de perto pelos setores industrial e comercial, tanto na Europa quanto na China.

Enquanto isso, a BMW e outras montadoras esperam que uma solução diplomática seja alcançada, evitando medidas que possam prejudicar o comércio bilateral e desencadear uma guerra comercial que traga repercussões mais amplas para a economia global.

Com a votação adiada e as negociações em andamento, o futuro das tarifas sobre veículos elétricos permanece incerto, mas as empresas envolvidas já se preparam para enfrentar as possíveis consequências de qualquer decisão tomada.

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