Pesquisa Datafolha SP: prefeito pode ficar fora de segundo turno

Ricardo Nunes aposta em propagandas polêmicas para desgastar Pablo Marçal entre eleitores evangélicos na disputa pela prefeitura de São Paulo / Fotos: Reprodução e Alesp

Coach e ex-membro de quadrilha lidera na rejeição; Ricardo Nunes enfrenta dificuldades em consolidar votos e corre risco de não chegar ao segundo turno


A nova pesquisa Datafolha em São Paulo (SP), divulgada nesta quinta-feira (3), revelou um cenário eleitoral cada vez mais disputado em São Paulo. O prefeito Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL), e Pablo Marçal (PRTB) estão praticamente empatados nas intenções de voto.

Os números mostram desafios específicos para cada um dos candidatos e indicam um caminho difícil para Ricardo Nunes, que corre risco de não chegar ao segundo turno. Os números também estão em linha com informações de trackings internos das campanhas e da pesquisa Atlas mencionados nesta coluna.

Marçal: destaque nos debates, mas rejeição cresce

Pablo Marçal teve um crescimento significativo entre os eleitores de Jair Bolsonaro, alcançando 51% desse segmento. Esse número representa uma evolução em relação aos 43% registrados anteriormente, mostrando que, mesmo sem apoio explícito do ex-presidente, Marçal conseguiu capturar uma parcela do eleitorado conservador que se distanciou de Bolsonaro após a aliança com Nunes. O influenciador também foi o mais bem avaliado nos debates, com 19% dos eleitores considerando sua performance como a melhor.

No entanto, a rejeição de Marçal também apresentou uma alta preocupante, subindo de 48% para 53% em uma semana. Esse dado o coloca em uma situação desafiadora, especialmente em um cenário de segundo turno, onde um candidato com alta rejeição encontra mais dificuldades para ampliar o apoio.

Boulos: estabilização e estratégia de moderação

Guilherme Boulos, por sua vez, conseguiu estabilizar sua rejeição, que se mantém em 38%. A estratégia de moderação do discurso parece ter impedido que sua rejeição aumentasse. Ao se distanciar da imagem de radical associada a sua trajetória como líder de movimentos de ocupação, Boulos mantém a rejeição estabilizada, embora ainda alta.

Boulos se destaca entre os eleitores mais ricos, com 32% das intenções de voto entre os que ganham mais de cinco salários mínimos. Contudo, ele precisa ampliar seu apelo entre a classe média, que é o maior segmento em São Paulo, com eleitores que ganham entre dois e cinco salários mínimos.

Nunes: risco de ficar fora do segundo turno

Ricardo Nunes enfrenta um cenário delicado. Apesar de liderar entre os eleitores de baixa renda, com 30% das intenções de voto entre aqueles que ganham até dois salários mínimos, Nunes não consegue se consolidar de maneira expressiva entre os demais segmentos, especialmente entre a classe média, que é essencial para avançar ao segundo turno. Essa situação coloca Nunes em risco de ficar fora da disputa, já que a eleição em São Paulo está marcada por um triplo empate técnico.

Além disso, Nunes é o candidato preferido como segunda opção de voto, com 30% dos eleitores indicando que, se não votarem no candidato original, votarão nele. Esse dado é positivo em um eventual segundo turno, já que sua rejeição é menor em comparação com Boulos e Marçal. No entanto, o grande desafio de Nunes é chegar ao segundo turno, segundo a pesquisa Datafolha SP.

Cenário de segundo turno: as chances de cada candidato

A pesquisa também indicou como se comportariam os eleitores em um segundo turno. Em um confronto entre Ricardo Nunes e Guilherme Boulos, Nunes tem vantagem devido à sua rejeição menor e ao fato de ser a segunda opção para muitos eleitores indecisos. Já Boulos, apesar de estabilizar sua rejeição, enfrenta dificuldades para crescer além do seu eleitorado tradicional.

Pablo Marçal, por sua vez, poderia ser um oponente mais favorável para Boulos, já que sua alta rejeição — agora em 53% — dificulta o crescimento em um cenário de polarização. A campanha de Boulos deve focar em suavizar sua imagem para atrair eleitores mais moderados e contar com a presença de Marta Suplicy, sua vice, para transmitir estabilidade e confiabilidade.

Segmentação por renda: desafios e oportunidades

Os números por faixa de renda são reveladores. Boulos continua liderando entre os eleitores de maior renda, enquanto Ricardo Nunes se destaca entre os mais pobres. A classe média, que compõe a maior parte do eleitorado em São Paulo — aqueles que ganham entre dois e cinco salários mínimos — é o campo de batalha decisivo. Marçal tem conseguido capturar o apoio de uma parcela significativa dos eleitores conservadores e bolsonaristas, mas sua rejeição é um ponto fraco que pode inviabilizar sua ida ao segundo turno.

Com os números tão próximos e o cenário extremamente acirrado, o debate da Globo será determinante para a definição dos candidatos que irão para o segundo turno. Qualquer movimento estratégico poderá fazer a diferença entre avançar na disputa ou ser eliminado nesta fase decisiva segundo os dados da pesquisa Datafolha SP.

Cleber Lourenço: Defensor intransigente da política, do Estado Democrático de Direito e Constituição. | Colunista n'O Cafézinho com passagens pelo Congresso em Foco, Brasil de Fato e Revista Fórum | Nas redes: @ocolunista_
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