Montadoras da UE enfrentam crise com queda nas vendas e aumento de preços

Global Look Press / Sina Schuldt

As montadoras da União Europeia estão atravessando um dos piores períodos desde a pandemia de Covid-19, com uma queda significativa nas vendas de veículos, informou o tabloide alemão Bild na quinta-feira.

A publicação citou Ferdinand Dudenhoeffer, especialista renomado no setor automotivo, que alertou para o agravamento da situação nos próximos meses.

De acordo com dados apresentados, as vendas de automóveis no bloco europeu caíram em 200.000 unidades nos primeiros oito meses de 2024 em comparação com o mesmo período de 2023. Dudenhoeffer, fundador e ex-diretor do Centro de Pesquisa Automotiva (CAR), afirmou que o cenário tende a se deteriorar ainda mais.

Queda nas vendas de carros elétricos e tradicionais

O setor de carros elétricos, que vinha se expandindo nos últimos anos, também registrou uma retração. Segundo Dudenhoeffer, as vendas desses modelos caíram 8,3% em relação ao ano anterior, com 140.000 veículos a menos vendidos até agosto.

“Grandes mercados de automóveis importantes, como Alemanha e Itália, já estavam ligeiramente em baixa nos primeiros oito meses do ano”, afirmou o economista, destacando que a tendência de queda persiste.

O especialista apontou que, diante desse cenário de retração, os fabricantes estão optando por elevar os preços dos veículos para compensar as perdas. De acordo com Dudenhoeffer, os 20 modelos de carros a gasolina mais populares na Europa estão, em média, 10% mais caros em comparação ao ano passado.

Prognóstico desafiador para a Indústria

Dudenhoeffer previu que os próximos meses serão extremamente desafiadores para a indústria automotiva, com uma crise que, segundo ele, pode ser pior do que a enfrentada durante a pandemia de Covid-19.

A Alemanha, que abriga algumas das maiores montadoras da Europa, está particularmente vulnerável a essa situação. O especialista alertou que o mercado automotivo alemão não deve se recuperar antes de 2026.

O impacto dessa crise já está sendo sentido por grandes fabricantes. No mês passado, a Volkswagen, maior montadora da União Europeia, anunciou que está avaliando a possibilidade de fechar fábricas ou realizar demissões em território alemão, algo inédito em seus 87 anos de história.

A empresa também anunciou que pretende encerrar seu programa de segurança de emprego, que até então garantia a manutenção de postos de trabalho até pelo menos 2029.

Declarações da Volkswagen e situação econômica alemã

Em setembro, o CEO do Grupo Volkswagen, Oliver Blume, classificou a situação do mercado automotivo como “altamente desafiadora e séria”, enfatizando que a possibilidade de fechamentos de fábricas não está mais descartada.

No entanto, a empresa não especificou quantos dos seus 120.000 funcionários na Alemanha poderiam ser afetados por eventuais cortes de pessoal.

A indústria automotiva é crucial para a economia alemã, e a crise no setor tem contribuído diretamente para o enfraquecimento da maior economia da Europa.

No final de 2023, a Alemanha entrou em recessão e, de acordo com dados oficiais, o país registrou uma nova contração econômica no segundo trimestre de 2024.

A Reuters informou em setembro que a fraqueza no setor automotivo foi o principal fator por trás do declínio na produção industrial do país em julho, o que pode indicar uma nova recessão à vista.

Desafios para o futuro

Com a desaceleração nas vendas de automóveis e a possibilidade de novas retrações econômicas, a União Europeia enfrenta um momento crítico para seu setor industrial.

As montadoras, que já vinham lidando com desafios relacionados à transição energética e à adoção de veículos elétricos, agora se veem diante de uma queda na demanda e na produção, além do aumento de custos que impactam diretamente o consumidor.

Enquanto isso, as empresas estão buscando estratégias para se adaptarem à nova realidade. O aumento de preços pode aliviar as perdas no curto prazo, mas a sustentabilidade dessa estratégia dependerá do comportamento do mercado nos próximos meses.

O cenário global, incluindo possíveis flutuações econômicas e a recuperação de outros mercados, também será determinante para definir o rumo da indústria automotiva europeia.

As montadoras seguem ajustando suas operações em um cenário de incerteza, enquanto governos e entidades do setor tentam encontrar soluções para minimizar os impactos econômicos e manter a competitividade da indústria na região.

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