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Selic alta e Moody’s eleva nota do Brasil

A decisão de elevar a Selic contrasta com a elevação da nota do Brasil pela Moody’s, apontando divergências sobre o futuro da economia.

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O crescimento “robusto” da economia no segundo trimestre de 2024 contribuiu para o índice positivo / Agência Brasil

Selic alta e Moody’s eleva nota do Brasil: a decisão de elevar a Selic contrasta com a elevação da nota do Brasil pela Moody’s, apontando divergências sobre o futuro da economia.


Recentemente, o Banco Central decidiu elevar a taxa Selic para 12,25% ao ano, contrariando o movimento da agência Moody’s, que elevou a nota de crédito do Brasil para Ba1 e manteve uma perspectiva positiva. Isso levanta uma importante questão sobre a interpretação das condições econômicas do país e os rumos da política monetária. A alta da Selic e a confiança expressa pela Moody’s parecem apontar direções opostas para o futuro do Brasil.

Segundo a Moody’s, o upgrade na nota do Brasil reflete melhorias significativas no desempenho de crescimento, bem como um histórico crescente de reformas econômicas e fiscais que contribuem para uma maior resiliência do perfil de crédito do país. A agência destaca que o crescimento real do PIB foi revisado para 2,5% em 2024 e ao longo do médio prazo, superando os anos anteriores à pandemia, impulsionado por reformas estruturais e aumento dos investimentos.

Crescimento robusto e reformas estruturais versus alta da Selic

A Moody’s indica que a economia brasileira surpreendeu positivamente entre 2022 e 2024, com crescimento tanto no setor industrial quanto no de serviços, apoiado por um mercado de trabalho mais forte e maiores salários reais. A agência também menciona que, apesar de um ambiente político polarizado, governos sucessivos conseguiram avançar em reformas essenciais, como a implementação da independência do Banco Central e melhorias na governança das empresas estatais.

Por outro lado, o Banco Central optou por elevar os juros, alegando a necessidade de ancorar expectativas de inflação e manter a credibilidade da política monetária. No entanto, essa decisão ocorre num momento em que a Moody’s destaca uma trajetória positiva de crescimento e melhorias institucionais. Essa discrepância entre a alta da Selic e a visão otimista da Moody’s levanta questionamentos sobre o que está orientando as ações do Banco Central e se elas não estão sendo excessivamente conservadoras, considerando o atual momento econômico.

Crítica às declarações de Campos Neto e a divergência com o governo

O presidente do Banco Central, Campos Neto, defendeu recentemente a elevação dos juros e se manifestou sobre a desconfiança do mercado em relação ao arcabouço fiscal. Segundo ele, essa desconfiança “não é exagerada”, ressaltando uma visão pessimista sobre a credibilidade da política fiscal atual. Essa declaração ocorre num momento em que outros membros do governo criticam abertamente o patamar dos juros, indicando uma clara divergência de abordagem dentro do próprio governo.

Essa tensão ficou evidente com críticas direcionadas a Campos Neto, que foi acusado de “se meter onde não deve”, fazendo referência ao fato de ele comentar sobre a política fiscal enquanto mantém os juros elevados. A crítica sugere uma inconsistência: enquanto Campos Neto não aceita que outros membros do governo questionem a alta da Selic, ele se posiciona publicamente sobre o arcabouço fiscal, contribuindo para o aumento da percepção de risco.

Riscos e limitações da política fiscal

A Moody’s também destaca que, embora o crescimento e as reformas tenham trazido resiliência ao perfil de crédito do Brasil, ainda existem limitações importantes. Rigididades estruturais nos gastos e a elevação dos desembolsos obrigatórios, como previdência e programas sociais, continuam sendo desafios que dificultam uma consolidação fiscal mais rápida. A agência observa que o déficit fiscal permanecerá elevado, principalmente devido aos altos pagamentos de juros, que consomem cerca de 15% das receitas do governo.

Nesse contexto, a alta da Selic parece ampliar a pressão sobre a política fiscal. Juros mais altos aumentam o custo da dívida, o que dificulta ainda mais o equilíbrio das contas públicas e retarda o progresso na redução do endividamento. O relatório da Moody’s sugere que, na ausência de grandes choques, o cumprimento do arcabouço fiscal levará à estabilização da dívida pública em torno de 82% do PIB no médio prazo, um nível relativamente elevado, mas que pode ser sustentável desde que a economia continue apresentando crescimento sólido.

Perspectivas futuras e o impacto da política monetária

O contraste entre a avaliação da Moody’s e a decisão do Banco Central coloca em evidência uma diferença de abordagem sobre como gerenciar o crescimento econômico e a estabilidade fiscal. Enquanto a Moody’s projeta um cenário de crescimento robusto e reformas que impulsionam a credibilidade fiscal, o Banco Central adota uma postura que prioriza o controle da inflação em detrimento do crescimento econômico de curto prazo.

O relatório da Moody’s também aponta que uma redução nos custos de endividamento teria um impacto positivo na trajetória da dívida do Brasil, especialmente se combinado com um desempenho sólido do crescimento. Isso sugere que manter a Selic alta pode não ser a melhor estratégia para reduzir o risco fiscal e estabilizar a economia a longo prazo. A confiança no cumprimento das metas fiscais e no avanço das reformas estruturais, como a reforma tributária e os esforços de transição energética, poderia criar condições mais favoráveis para a redução dos custos de dívida e, consequentemente, para a recuperação econômica.

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Cleber Lourenço

Defensor intransigente da política, do Estado Democrático de Direito e Constituição. | Colunista n'O Cafézinho com passagens pelo Congresso em Foco, Brasil de Fato e Revista Fórum | Nas redes: @ocolunista_

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