O discurso emocionante do presidente da Palestina na ONU (vídeo, resumo e transcrição)!

Crédito: ONU

O Cafezinho traz, com exclusividade para seus leitores, a íntegra dublada do discurso histórico do presidente do Estado da Palestina, Mahmoud Abbas, durante a 79ª sessão da Assembleia Geral da ONU, realizado em Nova York entre 24 e 30 de setembro de 2024.

Abbas subiu à tribuna sob aplausos, e declarou enfaticamente: “Nós não partiremos, nós não partiremos, a Palestina é nossa pátria!” Ele acrescentou que, se alguém tivesse que partir, seria o ocupante. Abbas acusou Israel de ser responsável por uma “guerra genocida” em Gaza, que resultou em mais de 40.000 mortos, incluindo 30.000 mulheres e crianças, 100.000 feridos e 2 milhões de pessoas deslocadas. “Façam cessar este genocídio, parem de enviar armas a Israel!” ele implorou, acrescentando: “esta loucura não deve continuar, o mundo inteiro é responsável”.

O Presidente afirmou que a Cisjordânia é vítima do terrorismo de grupos de colonos, que, com o apoio do governo e do exército israelense, destroem centenas de casas, com o objetivo de modificar o status histórico de Jerusalém. Abbas também mencionou que Israel iniciou uma nova agressão genocida contra o povo irmão libanês, condenando a ofensiva e exigindo seu fim. Ele observou que a faixa de Gaza foi reocupada, quase totalmente destruída, e já não oferece condições de vida aceitáveis, instando a comunidade internacional a sancionar Israel. “Os crimes cometidos por Israel contra o povo palestino desde a sua criação em 1948 até hoje não ficarão impunes, e não há prescrição para eles”, afirmou.

Abbas lamentou que os Estados Unidos tenham usado o veto três vezes no Conselho de Segurança para bloquear resoluções pedindo um cessar-fogo. Ele considerou que o contínuo fornecimento de armas dos EUA a Israel representava um incentivo, e acrescentou que os EUA foram o único país no Conselho de Segurança a votar contra a concessão de status de Estado Membro pleno à Palestina. Segundo Abbas, Israel, que se recusa a implementar as resoluções da ONU, e cujo representante afirmou que este prédio deveria ser destruído, “não merece ser Membro da ONU”. Ele lembrou que, em 1949, as condições de adesão de Israel à ONU incluíam a implementação das resoluções 181 (1947) e 194 (1948) da Assembleia Geral, e anunciou que o Estado da Palestina iria recorrer à Assembleia para denunciar o descumprimento dessas resoluções.

O Presidente elogiou os Estados Membros da Assembleia Geral – mais de dois terços – que votaram a favor de uma resolução que adotou o parecer consultivo da Corte Internacional de Justiça (CIJ), de 19 de julho de 2024, que busca acabar com a ocupação ilegal de Israel sobre o Estado da Palestina dentro de 12 meses. “Pela primeira vez, há um quadro, um cronograma, exigindo um cessar-fogo, a destruição dos assentamentos e a evacuação dos 600.000 colonos”, comemorou. Abbas saudou uma “grande mudança” nas posições dos Estados Membros em relação à evolução do status de seu país para um Estado Membro pleno da ONU. Ele também expressou sua gratidão àqueles que protestaram contra o genocídio em Gaza em manifestações ao redor do mundo, especialmente nos Estados Unidos.

O Presidente pediu um cessar-fogo completo e imediato em Gaza, o fim dos ataques terroristas cometidos por colonos na Cisjordânia, acesso humanitário irrestrito, a retirada completa das forças israelenses da Faixa de Gaza e o fim dos deslocamentos forçados. Nesse contexto, ele acusou o Primeiro-Ministro de Israel de querer expulsar a população de Gaza e da Cisjordânia para o Egito e a Jordânia, mas saudou a recusa desses Estados em aceitar tal proposta. “Nós não permitiremos que Israel tome um centímetro de Gaza”, afirmou. Ele pediu a proteção da comunidade internacional e da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), afirmando que os palestinos não desejam lutar contra Israel, mas sim serem protegidos. Por fim, ele pediu o retorno da soberania e jurisdição do Estado da Palestina sobre Gaza, a realização de uma conferência de paz no prazo de um ano sob os auspícios da ONU para implementar a solução de dois Estados, e a criação de uma força de paz da ONU entre o Estado da Palestina e Israel.

Vídeo original (dublado pela ONU em francês).

Íntegra do discurso:



Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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