Disputa acirrada entre Nunes, Boulos e Marçal revela fragmentação do eleitorado e alta indecisão a poucos dias da eleição.
A mais recente pesquisa Quaest, divulgada na semana passada (hoje sai uma nova, a última antes do pleito), sobre a eleição para a prefeitura de São Paulo apresenta um cenário competitivo, com três candidatos tecnicamente empatados: Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL) e Pablo Marçal (PRTB). Esse equilíbrio de forças, observado tanto nas menções espontâneas quanto nas intenções de voto estimuladas, indica uma disputa acirrada, com forte segmentação por estratos sociais e perfis eleitorais.
Análise geral e indecisão do eleitorado
A pesquisa espontânea, que reflete o nome lembrado de forma mais imediata pelos eleitores, revela que 46% dos eleitores ainda estão indecisos. Esse dado é particularmente relevante a menos de duas semanas da eleição, apontando para a volatilidade do eleitorado. Nesse cenário, Guilherme Boulos, Pablo Marçal e Ricardo Nunes aparecem empatados tecnicamente, com 16%, 14% e 14%, respectivamente. Esses números reforçam a incerteza do pleito e sugerem que o comportamento dos indecisos pode ser determinante para o resultado final.
Já no cenário estimulado, onde os eleitores são informados sobre os nomes e partidos dos candidatos, Nunes alcança 25%, Boulos mantém 23% e Marçal registra 20%. Novamente, os três seguem empatados dentro da margem de erro, mostrando que nenhum dos candidatos conseguiu se distanciar significativamente dos concorrentes.
Estratos sociais e perfil dos eleitores
Quando se analisa os diferentes grupos demográficos, o retrato da disputa ganha nuances importantes. Boulos se destaca entre eleitores mais jovens e de menor escolaridade, refletindo um apelo às camadas mais progressistas da sociedade. No entanto, enfrenta rejeição crescente entre eleitores religiosos, especialmente entre evangélicos, um grupo onde Pablo Marçal tem maior aceitação. Marçal, por sua vez, tem atraído uma fatia de eleitores mais jovens, descontentes com o status quo e buscando alternativas fora do espectro político tradicional.
Ricardo Nunes mantém uma base mais consolidada entre eleitores de maior renda e escolaridade, o que o posiciona como o candidato preferido das classes médias e altas da cidade. Esse grupo tende a valorizar a experiência administrativa e a continuidade da atual gestão. No entanto, a indecisão entre seus eleitores é significativa, o que representa um desafio para a campanha de Nunes nas semanas finais.
Religiosamente, a pesquisa mostra uma polarização clara: enquanto Boulos encontra resistência entre evangélicos, Nunes tem apoio mais consistente entre católicos, enquanto Marçal se fortalece no segmento evangélico, refletindo a influência crescente desse grupo no cenário político.
Decisão de voto e cenários de segundo turno
A análise sobre a decisão de voto aponta um quadro interessante: entre os eleitores de Boulos e Marçal, 71% já estão decididos, enquanto apenas 57% dos eleitores de Nunes afirmam ter certeza de seu voto. Isso sugere que, embora tecnicamente à frente, Nunes ainda pode perder votos caso sua campanha não consiga consolidar sua base. A solidez do eleitorado de Boulos e Marçal indica que ambos os candidatos já conseguiram firmar um compromisso mais estável com seus apoiadores, o que lhes confere uma leve vantagem estratégica na reta final da campanha.
Nos cenários de segundo turno, Nunes lidera contra ambos os adversários: venceria Boulos por 49% a 32% e derrotaria Marçal por 52% a 25%. No entanto, o cenário entre Boulos e Marçal é mais apertado, com Boulos à frente por 41% a 36%, o que aponta para uma eleição acirrada caso ambos avancem ao segundo turno. A rejeição crescente de Marçal, que atingiu 50%, pode ser um fator decisivo que lhe trará dificuldades, especialmente em um possível confronto direto com Boulos.
Considerações finais
A pesquisa Quaest reforça a incerteza do pleito para a prefeitura de São Paulo. Com um número expressivo de indecisos e uma disputa apertada entre os três principais candidatos, as próximas semanas serão cruciais para a definição do cenário. Enquanto Nunes tenta consolidar sua base, Boulos e Marçal mostram eleitores mais decididos e consistentes, o que pode representar um diferencial na reta final. Além disso, o forte peso de fatores demográficos e religiosos no comportamento dos eleitores sugere que ajustes nas campanhas serão essenciais para conquistar novos votos e garantir presença no segundo turno.