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Cientistas chineses realizam primeiro transplante celular bem-sucedido para tratar diabetes tipo 1

Pesquisadores chineses relataram o primeiro caso no mundo de uso de transplante celular para tratar diabetes tipo 1. A paciente, uma mulher de 25 anos que convivia com a doença há mais de uma década, conseguiu regular seus níveis de açúcar no sangue de forma natural cerca de dois meses e meio após passar por […]

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Pesquisadores chineses relataram o primeiro caso no mundo de uso de transplante celular para tratar diabetes tipo 1.

A paciente, uma mulher de 25 anos que convivia com a doença há mais de uma década, conseguiu regular seus níveis de açúcar no sangue de forma natural cerca de dois meses e meio após passar por uma cirurgia minimamente invasiva, conforme informou o portal de notícias The Paper, com sede em Xangai, no último sábado, 30.

De acordo com o relatório, a cirurgia teve duração de apenas 30 minutos. O avanço foi publicado na revista científica Cell na quarta-feira, 27, e a pesquisa contou com a participação de cientistas do Hospital Central de Tianjin e da Universidade de Pequim.

A ameaça global do diabetes

O diabetes é considerado uma grave ameaça à saúde mundial. Segundo a Federação Internacional de Diabetes, a China é o país com o maior número de casos, ultrapassando 140 milhões de pacientes, com uma taxa de prevalência superior a 12%.

O diabetes tipo 1, que corresponde a cerca de 5% dos casos, é resultado de uma reação autoimune que destrói as células responsáveis pela produção de insulina, e costuma se manifestar em crianças e adolescentes.

Pessoas com diabetes tipo 1 não produzem insulina suficiente para controlar o nível de glicose no sangue. Embora injeções de insulina e medicamentos para reduzir a glicemia sejam comumente utilizados, muitos pacientes enfrentam dificuldades para manter um controle rigoroso dos níveis de açúcar no sangue, o que pode resultar em complicações graves e até ameaçar a vida.

Uma das alternativas para o tratamento de diabetes tipo 1 é o transplante de ilhotas pancreáticas, um procedimento que envolve a remoção dessas células do pâncreas de um doador falecido e sua implantação no fígado do paciente. No entanto, a escassez de doadores limita a aplicação desse tratamento.

Avanços com terapia de células-tronco

Agora, a terapia com células-tronco oferece novas perspectivas para o tratamento do diabetes. O estudo publicado na Cell detalha o uso de “ilhotas derivadas de células-tronco pluripotentes quimicamente induzidas” (CiPSC) para o tratamento.

O processo envolveu a coleta de células de tecido adiposo da própria paciente, que foram reprogramadas em células-tronco pluripotentes com o auxílio de pequenas moléculas químicas.

Essas células foram então convertidas em células de ilhotas pancreáticas e transplantadas de volta para o corpo da paciente.

Por se tratar de células originadas da própria paciente, o risco de rejeição imunológica foi eliminado. Em junho do ano passado, a equipe de pesquisa recebeu aprovação oficial para conduzir pesquisas clínicas e, posteriormente, realizou o transplante em sua primeira paciente.

A jovem de Tianjin havia sido diagnosticada com diabetes tipo 1 há 11 anos e já havia passado por dois transplantes de fígado, além de uma tentativa frustrada de transplante de células de ilhotas pancreáticas.

Resultados do tratamento

Após o transplante de ilhotas CiPSC, os níveis de glicose em jejum da paciente começaram a se normalizar gradualmente, e sua necessidade de insulina externa foi diminuindo.

Setenta e cinco dias após o procedimento, a paciente já não precisava mais de injeções de insulina, e a melhora se manteve por mais de um ano.

Antes do transplante, ela sofria com grandes oscilações nos níveis de glicose e passava por episódios graves de hipoglicemia.

Cinco meses após o procedimento, seus níveis de açúcar no sangue permaneceram dentro da faixa desejada em mais de 98% do tempo, um controle que continua estável até o momento.

A equipe de pesquisa também simplificou o procedimento cirúrgico, optando por transplantar as células nos músculos abdominais em vez de no fígado, o que evitou os riscos de inflamação associados aos transplantes de ilhotas tradicionais.

A injeção foi minimamente invasiva, o local raso permitiu monitoramento por imagem, e as células poderiam ser recuperadas a qualquer momento, se necessário. A cirurgia completa levou menos de 30 minutos.

Perspectivas para o futuro

Após um ano, “os dados clínicos atenderam a todos os objetivos do estudo, sem sinais de anormalidades relacionadas ao transplante.

Os resultados promissores dessa paciente sugerem que novos estudos clínicos avaliando o transplante de ilhotas CiPSC para o diabetes tipo 1 são justificados”, destacou a equipe no artigo publicado.

O sucesso de células funcionais derivadas de células-tronco reprogramadas quimicamente no tratamento clínico também abre caminho para que a reprogramação química se torne uma plataforma tecnológica capaz de produzir eficientemente vários tipos de células funcionais.

De acordo com um relatório do Centro de Ciências da Saúde da Universidade de Pequim, “isso pode abrir caminho para o uso mais amplo da terapia celular no tratamento de grandes doenças, representando um dos primeiros casos de sucesso da tecnologia de células-tronco pluripotentes induzidas na cura de uma doença grave em ambiente clínico”.

No entanto, como a paciente estava em uso de imunossupressores devido aos transplantes de fígado anteriores, ainda não é possível avaliar completamente o risco de rejeição das células CiPSC. A equipe de pesquisa planeja realizar um acompanhamento a longo prazo para monitorar a recuperação da paciente.

“Ainda neste ano, dois outros participantes deste estudo clínico deverão completar o acompanhamento de um ano”, informou o relatório do portal The Paper.

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