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Atlas: Boulos cresce entre lulistas, dispara entre beneficiários do Bolsa Família e Marçal avança no bolsonarismo

Pesquisa Atlas de hoje revela tendências distintas na movimentação dos eleitores de Guilherme Boulos, Pablo Marçal e Ricardo Nunes, com destaque para o crescimento de Marçal entre conservadores e a estabilidade de Boulos entre lulistas.

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Montagem/Estadão Conteúdo

Pesquisa Atlas de hoje revela tendências distintas na movimentação dos eleitores de Guilherme Boulos, Pablo Marçal e Ricardo Nunes, com destaque para o crescimento de Marçal entre conservadores e a estabilidade de Boulos entre lulistas.


A mais recente pesquisa Atlas, nesta segunda-feira (30), mostra um cenário eleitoral em transformação para a disputa pela prefeitura de São Paulo. Guilherme Boulos (PSOL), Pablo Marçal (PRTB) e Ricardo Nunes (MDB) seguem como os principais concorrentes, mas os movimentos nos apoios demográficos refletem uma dinâmica acirrada. Analisando os segmentos de eleitores e os históricos de voto, observa-se como as bases desses candidatos estão se consolidando ou se desfragmentando ao longo do tempo.

Marçal cresce entre eleitores conservadores e religiosos

Pablo Marçal é o candidato que mais cresceu entre as pesquisas realizadas em setembro, especialmente entre eleitores conservadores. Entre os que votaram em Jair Bolsonaro no segundo turno de 2022, seu apoio subiu de 47,1% para 54,4%, um aumento de 7,3 pontos percentuais. Esse crescimento está diretamente relacionado à sua capacidade de atrair eleitores que se identificam com a direita e com o conservadorismo.

Além disso, o aumento de Marçal é notável entre os evangélicos, um grupo importante para candidatos de direita. Entre os eleitores evangélicos, seu apoio cresceu de 17,7% para 24,2%, enquanto o de Ricardo Nunes caiu de 31,6% para 23,1%. Essa mudança demonstra que Marçal conseguiu captar uma parte significativa desse eleitorado, que anteriormente era mais dividido entre ele e Nunes. Marçal também avançou entre os eleitores de 25 a 34 anos, onde seu apoio aumentou de 16,9% para 25%, um ganho de mais de 8 pontos percentuais.

No gráfico de intenção de voto para a prefeitura, Marçal saltou de 20% para 25,4% entre agosto e o final de setembro, enquanto Boulos e Nunes oscilaram sem apresentar o mesmo ritmo de crescimento. Esse movimento consolida a ascensão de Marçal como o candidato que tem melhor dialogado com os eleitores conservadores, preenchendo o vácuo deixado pela falta de um candidato bolsonarista mais forte no cenário municipal.

Boulos mantém estabilidade entre lulistas e cresce entre beneficiários de programas sociais

Por outro lado, Guilherme Boulos manteve-se relativamente estável entre os segmentos mais identificados com o ex-presidente Lula. Entre aqueles que votaram em Lula no segundo turno de 2022, o apoio a Boulos subiu de 53,6% para 60,7%, um aumento de 7,1 pontos percentuais. Esse resultado mostra que ele tem conseguido fortalecer o apoio daqueles que se identificam com o legado de políticas sociais de Lula.

Entre os beneficiários do Bolsa Família, Boulos apresentou um crescimento expressivo, passando de 15,6% para 37,6%. Esse aumento de 22 pontos percentuais reforça a consolidação de Boulos como o principal representante das políticas sociais entre os candidatos à prefeitura. Em contraste, o crescimento de Pablo Marçal nesse segmento foi de apenas 4,2 pontos percentuais, subindo de 16,4% para 20,6%, enquanto Ricardo Nunes aumentou de 19,8% para 24,5%. Esses dados indicam que Boulos está se destacando entre aqueles que valorizam a continuidade das políticas de transferência de renda.

O apoio a Boulos entre eleitores com ensino superior permaneceu estável, em torno de 32,7%. Esse segmento, que geralmente apoia propostas progressistas, é uma base importante para o candidato do PSOL. Além disso, entre os agnósticos e ateus, ele teve um aumento significativo de apoio, de 42,1% para 51,3%, indicando um fortalecimento entre aqueles que buscam pautas mais laicas e de direitos civis.

Nunes perde força entre conservadores e tenta ampliar seu alcance popular

Ricardo Nunes enfrenta desafios significativos para consolidar sua candidatura, especialmente entre eleitores conservadores, um grupo que agora está migrando para Pablo Marçal. O apoio a Nunes entre os evangélicos caiu de 31,6% para 23,1%, enquanto Marçal conseguiu captar esse segmento com um crescimento de mais de 6 pontos percentuais. Além disso, o apoio a Nunes entre os que votaram em Bolsonaro no segundo turno de 2022 caiu de 35% para 32%.

Por outro lado, Nunes teve um desempenho melhor em segmentos de renda mais baixa. Entre aqueles com renda familiar até R$2.000, seu apoio cresceu de 25,9% para 45,4%, um aumento de quase 20 pontos percentuais. Esse crescimento é significativo, mas, comparado ao avanço de Boulos entre os beneficiários do Bolsa Família, ele ainda não se mostra suficiente para consolidar Nunes como a principal escolha dos eleitores de menor renda.

Entre os eleitores que votaram em Lula no segundo turno de 2022, Nunes teve um pequeno aumento no apoio, de 11,3% para 15,4%, um crescimento de 4,1 pontos percentuais. Esse número, no entanto, é pequeno em comparação com os 60,7% de apoio que Boulos conquistou entre os mesmos eleitores, sugerindo que Nunes ainda enfrenta dificuldades para ser visto como uma opção viável para os lulistas.

Disputa acirrada e a necessidade de estratégias diferenciadas

A análise dos números da pesquisa Atlas de 30 de setembro indica que a disputa pela prefeitura de São Paulo continua acirrada. Pablo Marçal está capitalizando o descontentamento dos eleitores conservadores e crescendo de forma consistente, especialmente entre os evangélicos e os eleitores que votaram em Bolsonaro e Tarcísio de Freitas em 2022. Já Guilherme Boulos mantém sua base progressista, especialmente entre os eleitores lulistas, beneficiários de programas sociais e agnósticos/ateus, mas precisa ampliar seu alcance para se tornar mais competitivo.

Para Boulos, manter o apoio dos eleitores identificados com Lula é essencial, mas ele também deve buscar atrair novos segmentos, como a classe média e os jovens adultos (25-34 anos), que estão se movendo para Marçal. Fortalecer a presença de figuras como Marta Suplicy, que tem alta aprovação na periferia, pode ser uma estratégia para ampliar seu alcance em áreas onde sua candidatura ainda não se consolidou.

Para Marçal, a estratégia de se alinhar aos eleitores bolsonaristas e conservadores está funcionando. Seu crescimento entre jovens adultos e eleitores religiosos indica que ele está conseguindo preencher um vácuo deixado pela ausência de um candidato que represente claramente a direita. Ele deve continuar reforçando sua mensagem e mantendo o foco nas pautas que atraem esses grupos.

Ricardo Nunes precisa urgentemente reforçar sua mensagem de competência administrativa e buscar reconquistar a confiança dos eleitores conservadores que estão se inclinando para Marçal. Criar casos de sucesso em sua administração e destacar seu trabalho na prefeitura podem ser estratégias para melhorar sua posição, especialmente entre eleitores de classe média e alta que valorizam eficiência e resultados concretos.

Assim, a eleição de São Paulo promete ser uma disputa marcada por três projetos distintos: a continuidade, a mudança conservadora e a renovação progressista. Cada candidato precisa ajustar suas estratégias de acordo com as movimentações dos eleitores, se quiser garantir um lugar no segundo turno e conquistar uma cidade tão plural e complexa como São Paulo.

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Cleber Lourenço

Defensor intransigente da política, do Estado Democrático de Direito e Constituição. | Colunista n'O Cafézinho com passagens pelo Congresso em Foco, Brasil de Fato e Revista Fórum | Nas redes: @ocolunista_

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