Oriente Médio: Beirute fica em ruínas após ataque de jatos israelenses

Pelo menos 10 explosões abalaram os subúrbios ao sul da capital, uma área densamente povoada / Reprodução

Bombardeio pesado destrói prédios residenciais em subúrbios lotados do sul, matando pelo menos dois, de acordo com número preliminar de mortos

Caças israelenses realizaram uma série de ataques aéreos intensos nos subúrbios ao sul de Beirute, na manhã desta sexta-feira (27), no que parece ser o bombardeio mais violento da capital libanesa desde a guerra de 2006. Pelo menos duas pessoas morreram e outras 76 ficaram feridas, de acordo com informações preliminares divulgadas pelo Ministério da Saúde do Líbano. As explosões atingiram a área densamente povoada de Dahiyeh, conhecida como um reduto do Hezbollah, destruindo vários edifícios residenciais e deixando uma grande cratera no local.

Imagens e vídeos compartilhados nas redes sociais por residentes libaneses mostram o caos no momento do ataque. Equipes de resgate e ambulâncias foram vistas correndo para os locais das explosões, enquanto vários incêndios consumiam as áreas atingidas. “Vimos várias explosões seguidas. As pessoas estavam apavoradas, correndo para se proteger”, disse um morador local. As filmagens exibem edifícios destruídos e danos significativos em estruturas próximas.

O exército israelense alegou que o alvo dos ataques era a sede do Hezbollah, supostamente localizada embaixo dos prédios residenciais. A mídia israelense também relatou que o líder do grupo, Hassan Nasrallah, era o objetivo do ataque. Contudo, a agência de notícias iraniana Tasnim, ligada à Guarda Revolucionária, citou fontes de segurança que afirmaram que Nasrallah estava “em um lugar seguro” e que “o que está sendo publicado na mídia hebraica não é verdade”. As alegações sobre a localização de Nasrallah não puderam ser verificadas de forma independente até o momento.

As explosões ocorreram menos de duas horas após o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, discursar na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, onde defendeu as recentes ações militares de seu país tanto em Gaza quanto no Líbano. “Israel tem todo o direito de remover essa ameaça e devolver nossos cidadãos para suas casas em segurança. E é exatamente isso que estamos fazendo”, disse Netanyahu, em referência aos ataques desta semana no Líbano, que, até agora, deixaram mais de 700 mortos, incluindo dezenas de mulheres e crianças. Ele também reiterou: “Não descansaremos até que os reféns restantes sejam trazidos para casa”.

De acordo com informações divulgadas pelo governo libanês, a resposta do Hezbollah aos ataques israelenses foi rápida, com foguetes e mísseis sendo lançados contra várias localidades em Israel. O conflito, que já dura vários dias, intensificou-se no início da semana, quando Israel começou uma série de ataques aéreos que resultaram na morte de mais de 700 pessoas no Líbano, incluindo pelo menos 50 crianças. Mais de 118.000 pessoas foram deslocadas, segundo a Organização Internacional para Migração (OIM), mas o ministro libanês responsável pela resposta à crise acredita que o número real de deslocados seja superior a 250.000.

O bombardeio de sexta-feira veio em um momento de escalada nas tensões entre Israel e o Hezbollah. Nas últimas semanas, o Líbano tem sido alvo de repetidos ataques aéreos israelenses em resposta aos ataques de mísseis e foguetes lançados pelo Hezbollah contra cidades israelenses. A situação tem atraído a atenção internacional, especialmente enquanto os líderes mundiais se reúnem para a cúpula anual na sede das Nações Unidas, em Nova York.

O primeiro-ministro interino do Líbano, Najib Mikati, que também está em Nova York para a Assembleia Geral da ONU, condenou os ataques israelenses, dizendo que eles mostram que “Israel não se importa com os esforços para estabelecer um cessar-fogo”. Mikati destacou que os bombardeios continuam a afetar gravemente a população civil e reiterou a necessidade urgente de uma trégua. Na quinta-feira, Israel rejeitou uma proposta dos Estados Unidos e da França para uma trégua temporária de 21 dias entre o Hezbollah e as forças israelenses, apesar de uma autoridade dos EUA ter informado que o plano foi comunicado a Israel.

Fontes próximas ao governo israelense afirmam que Netanyahu decidiu interromper sua visita a Nova York e retornar a Israel ainda na sexta-feira à noite, um sinal de que os eventos no Líbano estão sendo tratados como de extrema urgência pelo governo israelense.

Os ataques em Dahiyeh fazem parte de um cenário mais amplo de violência na região, com o Líbano sendo um dos focos da guerra israelense contra o Hezbollah. Nas últimas semanas, Israel intensificou suas operações militares tanto no Líbano quanto em Gaza, como parte de uma campanha para enfraquecer o Hezbollah e outras facções armadas que representam uma ameaça ao país. “Não descansaremos até que a segurança seja restabelecida e nossos cidadãos possam viver sem medo”, disse Netanyahu em um comunicado divulgado após os bombardeios.

Enquanto isso, os impactos humanitários da escalada do conflito continuam a se agravar. Além dos deslocamentos em massa, as agências de ajuda têm lutado para fornecer assistência adequada às centenas de milhares de civis afetados pelos bombardeios. Segundo a OIM, o número de pessoas desabrigadas no Líbano aumenta diariamente, colocando uma pressão crescente sobre as já sobrecarregadas infraestruturas de saúde e assistência social do país.

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