Bomba! Appio fala das contas secretas bilionárias da Lava Jato

Juiz Eduardo Appio, da 13ª Vara Federal da Justiça Federal do Paraná — Foto: Reprodução/Justiça Federal.

O juiz federal Eduardo Appio, conhecido por seu papel controverso na investigação da Operação Lava Jato, recentemente concedeu duas entrevistas reveladoras: uma ao jornalista Leandro Demori, na TV Brasil, e outra para Renato Rovai, no programa Fórum 11:30, da TV Fórum, editado pela Revista Fórum. Nessas conversas, Appio fez acusações graves contra ex-integrantes da Lava Jato, incluindo o ex-juiz e atual senador Sérgio Moro e o ex-procurador Deltan Dallagnol, expondo o que ele considera ser uma rede de corrupção e desmandos dentro da operação.

Durante ambas as entrevistas, Appio relatou sua experiência como juiz titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, cargo que assumiu em 2023, e o que encontrou ao assumir os processos da Lava Jato. Entre suas principais alegações, destaca-se a existência de uma conta bilionária controlada por Moro e Dallagnol, que, segundo Appio, movimentou mais de R$ 5 bilhões provenientes de acordos de leniência e multas de empresas investigadas pela operação. Ele argumenta que parte desse dinheiro foi indevidamente redirecionada para uma fundação privada, criada pela equipe da Lava Jato, o que seria uma forma de desviar recursos públicos para fins privados.

Nas entrevistas, Appio também revelou que seu trabalho foi interrompido devido a pressões internas e externas, incluindo representações no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Ele foi afastado após apenas quatro meses no cargo, em meio a investigações que estavam desvendando o que ele descreve como um “esquema bilionário de corrupção”. Essas denúncias incluem acusações de espionagem e interceptações telefônicas ilegais, que teriam sido usadas para fins políticos e de chantagem.

Outro ponto destacado por Appio foi o envolvimento de advogados próximos à Lava Jato, como Tacla Duran, que atuava no setor e alegou ter sido pressionado a pagar subornos para conseguir benefícios em sua delação premiada. Duran mencionou diretamente Carlos Zucolotto, ex-sócio da esposa de Moro, Rosângela Moro, como intermediário nessas negociações. Segundo Appio, o esquema de delações era uma verdadeira “indústria”, onde acordos eram negociados de maneira antiética, muitas vezes sem que os valores voltassem aos cofres públicos.

Na entrevista concedida à TV Fórum, Appio também abordou o caso do ex-colaborador da Lava Jato, Tony Garcia, que, de acordo com as investigações, atuava como “agente infiltrado”, gravando secretamente conversas de políticos e figuras do Judiciário, supostamente a mando de Moro. Appio afirma que essas gravações não eram formalmente incluídas nos processos, sugerindo que poderiam ter sido usadas para chantagem ou outros fins não republicanos.

Afastamento e Retaliação

Appio foi afastado sob a alegação de ter feito uma ligação para o filho de um desembargador, questionando se ele era sócio de Sérgio Moro em um escritório de advocacia, o que ele acreditava ser um conflito de interesse. Ele argumenta que seu afastamento foi uma retaliação às investigações que estava conduzindo e que ameaçavam expor esquemas de corrupção dentro da própria operação.

Além das pressões internas, Appio descreve que enfrentou perseguições políticas por parte de figuras da extrema-direita, como Flávio Bolsonaro e Deltan Dallagnol, que moveram representações contra ele no CNJ logo no início de seu mandato na 13ª Vara.

O Futuro da Lava Jato

As revelações de Eduardo Appio levantam sérias questões sobre a integridade da Lava Jato e o impacto de suas práticas não apenas no combate à corrupção, mas também no funcionamento do Judiciário brasileiro. As entrevistas indicam que a operação, que ganhou notoriedade nacional e internacional, pode ter sido usada como um instrumento de poder e influência, beneficiando seus próprios operadores em detrimento da legalidade.

Segundo Appio, o futuro da Lava Jato está comprometido, com várias de suas decisões sendo anuladas e novas investigações sendo conduzidas para esclarecer os desvios de recursos. Ele enfatiza que o trabalho não deve parar, e que é necessário continuar investigando os abusos cometidos para que a justiça prevaleça.

As entrevistas concedidas por Eduardo Appio a Leandro Demori e Renato Rovai fornecem um retrato contundente dos bastidores da Lava Jato, expondo um cenário de corrupção e manipulação de processos que coloca em xeque a legitimidade de uma das maiores operações judiciais da história do Brasil.

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