Especialistas chineses criticaram um plano, divulgado pelos EUA no último domingo (22), de proibir software e hardware de fabricação chinesa em veículos conectados e autônomos nos Estados Unidos. Eles afirmam que a medida revela a tentativa imprudente de Washington de politizar questões comerciais, prejudicando a cadeia de suprimentos global da indústria automotiva, incluindo empresas americanas.
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Após o anúncio de tarifas adicionais sobre veículos elétricos (VEs) chineses, a proposta, que deve ser divulgada em breve, evidencia o esforço dos EUA para conter o avanço da indústria automotiva da China. No entanto, especialistas observam que essa ação vai contra as leis econômicas básicas e não impedirá o desenvolvimento chinês no setor.
Segundo a agência Reuters, o Departamento de Comércio dos EUA está se preparando para propor a proibição de software e hardware chineses em veículos conectados e autônomos nas estradas dos EUA, citando preocupações com a segurança nacional. A proposta deve ser anunciada na segunda-feira.
A proibição incluiria a importação e venda de veículos com software ou hardware de comunicação e sistemas de direção automatizados fabricados na China. A medida entraria em vigor no ano-modelo de 2027 para software e em janeiro de 2029 para hardware.
A proposta segue a recente imposição de uma tarifa de 100% sobre veículos elétricos chineses, como parte de um esforço dos EUA para minar a indústria crescente de veículos elétricos na China. Além disso, autoridades dos EUA intensificaram sua retórica alarmista contra produtos chineses, incluindo veículos elétricos.
Em maio, a Secretária de Comércio dos EUA, Gina Raimondo, sugeriu que carros com software ou hardware chinês poderiam ser desativados, afirmando: “Você pode imaginar o resultado catastrófico se milhões de carros fossem desativados por falhas no software?”
Especialistas chineses afirmam que as ações dos EUA refletem a ansiedade em relação ao crescimento rápido da indústria automotiva chinesa. Lü Xiang, pesquisador da Academia Chinesa de Ciências Sociais, comentou que os EUA estão recorrendo a medidas protecionistas por terem perdido competitividade no setor de veículos de nova energia.
Embora haja relativamente poucos veículos chineses exportados para os EUA, empresas chinesas de software, incluindo tecnologia de direção autônoma, já conduzem testes no país. Xiang Ligang, diretor-geral da Information Consumption Alliance, argumenta que a proibição proposta traria prejuízos tanto para empresas chinesas quanto para consumidores e empresas americanas, ao elevar os custos.
A medida já enfrenta resistência de montadoras americanas, como General Motors, Toyota e Volkswagen, que afirmam que substituir software e hardware chineses seria complexo e demorado.
Enquanto isso, as tarifas adicionais sobre veículos elétricos chineses também geraram críticas de empresas americanas, que pedem o adiamento ou cancelamento das tarifas. No entanto, o governo dos EUA continua ignorando essas demandas, sugerindo uma motivação política por trás das medidas.
Lü conclui que as políticas protecionistas dos EUA falharam e que um maior protecionismo resultará em fracassos ainda maiores, argumentando que há grande potencial para cooperação entre os dois países se Washington deixar de politizar as questões comerciais e econômicas.
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