O presidente Lula (PT) participou, nesta segunda-feira (23), da Premiação anual da iniciativa Goalkeepers, organizada pela Fundação Bill e Melinda Gates. A premiação, criada em 2017, visa a contribuir com ações que auxiliam no cumprimento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), o plano global composto por 17 metas, estabelecido durante a Assembleia Geral da ONU de 2015. Durante a cerimônia, Lula será homenageado por sua contribuição à consecução dos ODS 1 (erradicação da pobreza) e ODS 2 (Fome Zero).x
Ao abrir sua fala, Lula explicou o papel do Bolsa Família no combate à miséria, mas ponderou que o programa de transferência de renda não basta. Disse que é preciso haver políticas de valorização do salário mínimo, de estímulo ao crescimento com objetivos de criação de empregos e renda, para se evitar a concentração de renda e promover o desenvolvimento sustentável.
Lula emendou sua introdução para criticar o funcionamento dos organismos internacionais, como a própria Organização das Nações Unidas, cuja Assembleia Geral será aberta por seu discurso na manhã desta terça-feira. Disse que se a ONU “funcionasse”, teria ajudado na construção da criação de um Estado Palestino assim como contribuiu para a criação do Estado de Israel. E que não teria permitido a ocorrência das guerras hoje em curso, como entre Ucrânia e Rússia e no Oriente Médio, com o genocídio na Faixa de Gaza. “O mundo não pode continuar com cinco países sendo membros do Conselho de Segurança da ONU”, criticando a ausência do Sul Global nas decisões.
O presidente brasileiro afirmou ainda que vive o “melhor momento de sua vida” por enfrentar internacionalmente o sistema financeiro global que permite a existência de cinco bilionários que têm mais dinheiro do que dez países do mundo. “Os mais ricos do mundo estão procurando espaço pra morar (fora do planeta), e não tem. Vamos ter de cuidar da Terra”, alertou. “Eu não sou contra as pessoas serem ricas. Eu sou contra as pessoas serem pobres.”
Cúpula do Futuro
Em seu discurso na abertura da Cúpula do Futuro, evento paralelo ao Debate Geral da 79ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU), no domingo (22/9), o presidente apontou que os ODS “foram o maior empreendimento diplomático dos últimos anos e caminham para se tornarem nosso maior fracasso coletivo”. Ele sinalizou que, se for mantido o ritmo atual de implementação, apenas 17% das metas da Agenda 2030 serão atingidas dentro do prazo.
Entre os objetivos, estão a erradicação da pobreza e o fim da fome. Sobre os dois temas, Lula destacou, ainda na Cúpula do Futuro, que, na presidência do G20 — grupo dos países com as maiores economias do mundo —, o Brasil lançará uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza para acelerar a superação desses flagelos. A Cúpula de Líderes do G20 está agendada para os dias 18 e 19 de novembro deste ano, no Rio de Janeiro.
A agenda do Brasil no entorno da Assembleia Geral na ONU
Em visita oficial a Nova York até quarta-feira (25/9), o presidente participou de reuniões bilaterais com os líderes da Alemanha, do Haiti e da União Europeia mais cedo, nesta segunda-feira. Em almoço organizado pelo chanceler alemão Olaf Scholz, Lula e o chefe de Estado alemão falaram sobre as reuniões da COP 29, que será realizada em novembro deste ano em Baku, no Azerbaijão, e da COP 30, em 2025, em Belém. Scholz confirmou presença na Cúpula de Líderes do G20, que está agendada para os dias 18 e 19 de novembro de 2024, no Rio de Janeiro.
Conversaram também sobre a continuação das Consultas Intergovernamentais de Alto Nível entre Alemanha e Brasil, que aconteceram pela última vez em Berlim, em dezembro de 2023, e devem ter sua nova etapa no Brasil, em 2025. Do almoço de trabalho participaram ainda o presidente de Gana, Nana Akufo-Addo, o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, a primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley, e do primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau.
Em seguida o chefe de Estado brasileiro teve reunião bilateral com Ursula von der Leyen, presidenta da Comissão Europeia. “Conversamos sobre a importância da finalização do Acordo do Mercosul com a União Europeia para os dois blocos”, informou Lula em suas redes sociais.
Lula se reuniu também com o primeiro-ministro do Haiti, Garry Conille. O novo primeiro-ministro haitiano apresentou suas propostas de retomada dos projetos sociais e de estabilização do país. “Nós temos de assumir responsabilidades com o Haiti. Não o Brasil, o mundo. Não é possível”, disse Lula, ao final do encontro.
“A situação está se deteriorando, e a solidariedade internacional é zero”, afirmou o líder brasileiro, segundo informa o colunista do UOL Jamil Chade. “Generosamente, Lula se comprometeu a mobilizar outros países para apoiar a situação no Haiti”, afirmou Conille. “Contamos com a cooperação do Brasil no futuro”, disse, conforme relatou Chade.