Guilherme Boulos enfrenta alta rejeição em São Paulo: entenda os desafios e possíveis caminhos

Boulos fez duras críticas a Marçal, classificando-o como abjeto e criminoso, e também atacou Ricardo Nunes por sua ligação com Bolsonaro

Mesmo com propostas concretas e diálogo ampliado, candidato do PSOL encontra resistência nas periferias e busca humanizar ainda mais sua campanha para conquistar eleitores indecisos.


A corrida pela Prefeitura de São Paulo está acirrada, com Guilherme Boulos (PSOL) empatado tecnicamente com Ricardo Nunes (MDB) e Pablo Marçal (PRTB), conforme a mais recente pesquisa Quaest. No entanto, Boulos enfrenta um obstáculo significativo: uma taxa de rejeição de 50% entre os eleitores paulistanos. Mesmo enfatizando propostas concretas e buscando diálogo com diversos setores, o candidato encontra resistência, inclusive nas periferias da cidade. Mas quais são os motivos por trás dessa rejeição? Vamos explorar os desafios que Boulos enfrenta e as possíveis estratégias para superá-los.

1. Imagem associada ao ativismo e movimentos sociais

Guilherme Boulos ganhou notoriedade como líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), atuando na defesa do direito à moradia digna. Embora essa atuação seja vista positivamente por muitos, há eleitores que associam sua imagem a ocupações e invasões de propriedades. Essa percepção pode gerar desconfiança em relação à sua capacidade de governar de forma equilibrada, especialmente entre aqueles que valorizam a propriedade privada e temem instabilidade social.

2. Desafios na comunicação com as periferias

Apesar de sua atuação em prol das classes menos favorecidas, pesquisas indicam que Boulos enfrenta resistência nas periferias de São Paulo. Alguns possíveis motivos para essa dificuldade são:

  • Conexão insuficiente com as necessidades locais: Mesmo com propostas concretas, pode haver uma percepção de que suas soluções não atendem às demandas imediatas das comunidades periféricas.
  • Concorrência de outros candidatos: Adversários como Pablo Marçal têm ganhado espaço nessas regiões, utilizando estratégias digitais e discursos que ressoam com aspirações de prosperidade e melhoria de vida.
  • Desconfiança sobre capacidade administrativa: Moradores podem questionar se Boulos possui experiência prática para gerir uma cidade complexa, especialmente em áreas críticas como saúde, segurança e infraestrutura.

3. Polarização política e estigmas ideológicos

O cenário político brasileiro é marcado por polarizações que afetam a percepção dos eleitores. Candidatos associados à esquerda, como Boulos, podem enfrentar preconceitos ou resistências devido a estigmas ideológicos. Mesmo adotando um tom mais moderado e conciliatório desde 2018, ele ainda é visto por alguns como representante de políticas radicais, o que dificulta a ampliação de sua base de apoio.

4. Necessidade de humanizar ainda mais a campanha

Embora Boulos tenha buscado aproximar-se dos eleitores, pode ser necessário intensificar esforços para humanizar sua imagem. Isso envolve:

  • Compartilhar histórias pessoais: Revelar aspectos de sua trajetória que conectem emocionalmente com as experiências dos eleitores.
  • Demonstrar empatia no cotidiano: Participar de eventos comunitários, ouvir ativamente as demandas locais e mostrar comprometimento com soluções práticas.
  • Utilizar linguagem acessível e inclusiva: Adaptar o discurso para ser compreendido por diferentes públicos, evitando termos técnicos ou políticos que possam afastar o eleitor comum.

5. Combate à desinformação e reforço da imagem

Em períodos eleitorais, é comum a circulação de informações falsas ou distorcidas. Boulos pode estar sendo prejudicado por boatos que reforçam percepções negativas. Para mitigar esse efeito, é importante:

  • Agir proativamente na comunicação: Responder rapidamente a fake news, esclarecendo fatos e apresentando evidências que contradigam informações equivocadas.
  • Destacar conquistas e experiências: Mostrar resultados concretos de sua atuação, evidenciando capacidade de liderança e gestão em projetos anteriores.
  • Ampliar presença em diferentes meios: Utilizar não apenas as redes sociais, mas também rádios comunitárias, televisão e encontros presenciais para alcançar um público mais amplo.

6. Fortalecimento de alianças e apoio comunitário

Ampliar o diálogo com diversos setores é fundamental. Para isso, Boulos pode:

  • Buscar apoio de líderes locais: Estabelecer parcerias com lideranças comunitárias que já possuem a confiança das comunidades, facilitando a transmissão de suas propostas.
  • Engajar-se em iniciativas locais: Participar ativamente de projetos e ações que já estão em andamento nas periferias, mostrando comprometimento real com as causas.
  • Promover participação popular: Criar espaços de escuta e construção coletiva de soluções, valorizando a voz dos moradores na elaboração de políticas públicas.

Conclusão

Guilherme Boulos enfrenta uma série de desafios na busca pela Prefeitura de São Paulo, sendo a alta rejeição um dos mais significativos. Essa resistência é resultado de uma combinação de fatores, desde a associação com movimentos sociais até a polarização política atual. Mesmo com uma campanha que enfatiza propostas concretas e busca diálogo amplo, é essencial intensificar esforços para superar barreiras e construir confiança junto ao eleitorado.

Humanizar ainda mais a campanha, fortalecer a presença nas periferias e combater ativamente a desinformação são estratégias que podem contribuir para reduzir a rejeição. Além disso, demonstrar claramente sua capacidade administrativa e compromisso com as necessidades reais da população pode ajudar a reverter percepções negativas.

A poucos dias da eleição, cada ação conta. Com uma abordagem focada em empatia, transparência e conexão genuína com os eleitores, Boulos tem a oportunidade de transformar desafios em pontos fortes e avançar na disputa pela maior cidade do país.

Cleber Lourenço: Defensor intransigente da política, do Estado Democrático de Direito e Constituição. | Colunista n'O Cafézinho com passagens pelo Congresso em Foco, Brasil de Fato e Revista Fórum | Nas redes: @ocolunista_
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