Famílias no sul do Líbano encheram as estradas em direção ao norte nesta segunda-feira, fugindo do aumento dos bombardeios israelenses, em busca de um futuro incerto. Segundo a agência de notícias Reuters, crianças eram acomodadas no colo dos pais, malas estavam amarradas no teto dos carros, enquanto colunas de fumaça subiam ao longe.
Carros, vans e caminhonetes estavam abarrotados de pertences e cheios de pessoas, muitas vezes abrigando várias gerações em um só veículo. Outras famílias, no entanto, deixaram suas casas apressadamente, levando apenas o essencial enquanto as bombas caíam ao redor.
“Quando os ataques atingiram as casas pela manhã, peguei todos os documentos importantes e fugimos. Bombas por toda parte. Foi assustador”, disse Abed Afou, cuja vila, Yater, foi duramente atingida durante os bombardeios.
Israel e o Hezbollah, grupo libanês, têm trocado disparos na fronteira desde que o conflito em Gaza começou, após um ataque do Hamas, aliado do Hezbollah. No entanto, Israel intensificou seus ataques na última semana, ampliando as áreas atingidas no Líbano.
Na segunda-feira, enquanto o bombardeio se expandia, muitos receberam ligações automáticas, atribuídas ao exército israelense, alertando para que abandonassem suas casas por segurança.
Afou, que havia permanecido em Yater desde o início dos confrontos, apesar de estar apenas a 5 km da fronteira com Israel, decidiu partir quando os ataques começaram a atingir residências. “Eu dizia ao meu filho para não ter medo”, contou Afou, que estava com seus três filhos e outros parentes presos no trânsito a caminho de Beirute.
Ao longo da estrada, outros veículos se arrastavam em direção ao norte, formando longas filas em Sidon. Uma van com portas traseiras abertas abrigava uma família, com uma mulher e uma criança penduradas do lado de fora.
Um homem que passava gritou pela janela: “Nós voltaremos. Se Deus quiser, voltaremos. Digam a Netanyahu que voltaremos.” No entanto, Ahmed, outro refugiado, expressou incerteza: “Só Deus sabe se conseguiremos voltar.” Ele viajava com mais de 10 pessoas, incluindo muitas crianças.
O Ministério da Saúde do Líbano informou que mais de 270 pessoas foram mortas nos bombardeios, com um oficial declarando este como o dia mais letal no país desde o fim da guerra civil em 1990. Israel afirmou ter atingido cerca de 800 alvos ligados ao Hezbollah, alegando que os edifícios continham armas do grupo.
Alguns residentes testemunharam a destruição de perto. “Nunca vimos uma intensidade de bombardeio como essa, nem em guerras anteriores”, disse Abu Hassan Kahoul, que fugia para Beirute com sua família após dois prédios terem sido destruídos perto de sua casa.
Mesmo em Beirute, a tensão crescia, com pais retirando seus filhos das escolas após novos alertas de ataques israelenses. “A situação está longe de ser tranquila”, disse um homem chamado Issa enquanto buscava seu filho na escola.