O resultado do nosso mais recente Acordo Coletivo de Trabalho representa não apenas uma vitória para os bancários, mas também um impulso importante para a economia do país. Em tempos de adversidades econômicas, reformas trabalhistas prejudiciais e retrocessos nas condições de trabalho, conseguimos, com união e determinação, conquistar direitos essenciais para a categoria e manter benefícios fundamentais.
Sem dúvida, essa foi uma das negociações mais difíceis que o Comando Nacional dos Bancários, do qual faço parte, já enfrentou. Desde o início, a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) deixou claro seu objetivo de enfraquecer a nossa Convenção Coletiva, propondo soluções que dividiam a categoria, como aumentos diferenciados e ganhos desiguais para homens e mulheres. No entanto, o Comando manteve-se firme, rejeitando todas as propostas que não trouxessem ganhos reais para os bancários.
Após dois meses de negociações intensas e 13 rodadas exaustivas, conseguimos chegar a uma proposta que, embora aquém do que desejávamos, foi o melhor possível diante das circunstâncias. A proximidade do fim da ultratividade, prazo em que o acordo coletivo poderia perder validade, tornava a situação ainda mais delicada. No entanto, conseguimos preservar importantes conquistas, como reajustes nos auxílios alimentação e refeição, ganho real acima da inflação, mais mulheres na área tecnológica e o reconhecimento do combate ao assédio moral.
Apesar das resistências iniciais, os bancários compreenderam a importância do acordo naquele momento. A realidade imposta pelo sistema financeiro é cruel: mesmo com lucros vultuosos que somam bilhões nos maiores bancos do país (Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal), a divisão justa desses ganhos com os trabalhadores não faz parte da agenda dos banqueiros, a não ser nos comerciais de TV.
Os bancários, uma das categorias mais organizadas do país, continuam a ser referência em mobilização e conquista de direitos. Nossa Convenção Coletiva Nacional, que unifica direitos de trabalhadores de norte a sul, é um exemplo de unidade e força.
O impacto desse acordo vai além dos bancos. Quando os bancários recebem salários reajustados e benefícios adequados, toda a economia se beneficia. Com maior poder de compra, os trabalhadores aquecem o comércio local, estimulam pequenos e médios negócios e ajudam a aumentar a arrecadação tributária, essencial para investimentos públicos.
Além disso, um setor bancário motivado é fundamental para a estabilidade e o crescimento do país. Funcionários valorizados tendem a oferecer um atendimento de qualidade, reforçando a confiança dos consumidores nos serviços financeiros. É a marca da diferença de uma sociedade mais humanizada.
Conseguimos um Acordo Coletivo com validade de dois anos, garantindo reposição da inflação e ganho real para 2024 e 2025. No entanto, nossa luta não termina aqui. Continuaremos firmes, defendendo nossos direitos e buscando sempre avanços para a categoria e para o Brasil.
José Ferreira – presidente do Sindicato dos Bancários do Rio e membro do Comando Nacional da Categoria Bancária.
Octacilio Ramalho
25/09/2024 - 14h57
Para quem não é bancário, a matéria pode até impressionar, mas não condiz com a verdade. “Negociações difíceis” e a categoria não é chamada a opinar sobre formas de luta pra enfrentar os banqueiros e o governo. Só para votar”sim ou não”, no final de agosto, sob a chantagem do fim da ultratividade, exercida pelos patrões e Contraf-Cut.
Falar em “conquistas” com um reajuste real de 0,7% nos salários é um acinte, diante do lucro líquido de centenas de bilhões dos bancos. Falar em “bancário motivado” é tripudiar da realidade vivida pela categoria.
Felipe Campos Ferreira
25/09/2024 - 14h17
Derrota história isso sim
Magno
24/09/2024 - 17h55
Boa análise