Recentemente, Lael Brainard, diretora do Conselho Econômico Nacional dos EUA, declarou em um discurso que o “choque da China” do início dos anos 2000 prejudicou a manufatura americana e que o governo atual está empenhado em evitar um novo “choque da China”. Segundo ela, se os americanos optarem por comprar veículos elétricos (VE), “queremos que ele seja feito na América, não na China”. No mesmo dia, o Departamento de Comércio dos EUA propôs a proibição de software e hardware chineses em veículos conectados no país, o que, na prática, excluiria quase todos os carros chineses, inclusive aqueles fabricados por General Motors e Ford na China.
Essa narrativa de um “segundo choque da China” não passa de uma nova versão da velha retórica da “ameaça da China”. Como parte da equipe econômica do presidente americano, os comentários de Brainard servem para justificar medidas protecionistas contra a China e para ganhar influência política.
Ao mesmo tempo, no entanto, há quem veja a China de maneira muito diferente no Ocidente. Um artigo recente do New York Times intitulado “O que acontece se a China parar de tentar salvar o mundo?” argumenta que, embora os EUA estejam travando uma guerra comercial em tecnologias verdes para tentar tirar a China do jogo, o país asiático reescreveu a história da transição verde global. A China tem liderado a implantação de energia verde em uma escala sem precedentes, evitando emissões significativas de carbono, e se for excluída do processo, o ritmo da transição global será muito mais lento.
Um artigo europeu, intitulado “A China vai salvar o planeta sozinha?”, reforça a ideia de que a redução nas emissões globais será possível em grande parte devido aos esforços chineses em energia limpa. A China instalou mais energia solar em um ano do que os EUA conseguiram em toda a sua história. Outros especialistas, como o economista britânico Anthony Rowley, também destacam que o Ocidente deveria ser grato à China por impulsionar o crescimento econômico global, ao invés de atacá-la com tarifas e sanções.
Então, qual é a verdadeira narrativa: “China chocando o mundo” ou “China salvando o mundo”? Uma pesquisa global realizada pela CGTN mostra que 88,62% dos entrevistados elogiam a contribuição da China para o desenvolvimento verde, enquanto 77,41% acreditam que vincular a nova indústria de energia ao protecionismo prejudica os esforços globais de combate às mudanças climáticas. Fatih Birol, diretor da Agência Internacional de Energia, também destacou que os serviços e suporte oferecidos pela China tornaram as tecnologias de energia limpa mais acessíveis globalmente.
Para a Casa Branca, está ficando cada vez mais difícil sustentar suas mentiras sobre os veículos elétricos chineses. Enquanto Brainard afirma que os VEs chineses prejudicam a indústria automobilística americana, a Secretária de Comércio Gina Raimondo argumenta que a questão “não é sobre comércio ou vantagem econômica”, mas sim sobre “segurança nacional”. Essa narrativa contraditória só expõe a hipocrisia dos EUA.
Os produtos “Made-in-China” não apenas fornecem bens de consumo acessíveis para diversos países, mas também desempenham um papel vital nas cadeias globais de suprimentos, impulsionando o avanço tecnológico. Para uma economia de serviços como a americana, importar produtos chineses não apenas atende à demanda interna, mas também gera muitos empregos locais.
Portanto, para o mundo e para os EUA, a China não está oferecendo um “segundo choque”, mas sim oportunidades contínuas. O verdadeiro “choque” não vem da China, mas da atitude dos EUA, que se distanciam dos princípios da globalização e do livre comércio.
A China nunca enxergou o desenvolvimento de sua indústria verde como uma competição geopolítica. Se há alguma competição, é entre a transformação verde dos países e o aquecimento global. China e EUA têm forças complementares na transição energética e na economia circular. Em vez de se atacarem, os dois países deveriam cooperar para enfrentar os desafios climáticos e oferecer esperança à humanidade.
Com informações de Agências de Notícias
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