O jornalismo de guerra da mídia monopolista contra o governo de Dilma Rousseff, que culminou no impeachment sem crime, fez com que a mentira e canalhice se impusessem como instrumentos de ação política prioritários dos conservadores nativos.
Poucos anos antes aparecera a luz no fim do túnel para a burguesia antidemocrática. A farsa do mensalão, a reunir em torno do mesmo projeto imprensa, Polícia Federal, Ministério Público e Judiciário, mais especificamente o STF, mostrara a saída para interromper a hegemonia petista: a politização das instituições da República e a adoção da tática do ministro da propaganda da Alemanha nazista, Joseph Goebbels, segundo a qual mentiras repetidas um milhão de vezes transformam-se em verdades.
No ano seguinte ao julgamento do mensalão, outra falsificação midiática de grandes proporções: o incentivo diuturno às chamadas jornadas de 2013, dando ares de revolta popular e de rebelião democrática a um.movimento de cunho majoritariamente fascista. No alvo, o governo da presidenta Dilma. Só que o Brasil vivia um período de pleno emprego, com inflação controlada, crescimento econômico, aumento real de salário e respeito a todos os direitos sociais, trabalhistas, previdenciários e civilizatórios.
A tudo isso assistia, e absorvia as lições, um deputado do baixíssimo clero, de convicções nazistas e com produção parlamentar igual a zero. Vez por outra, é verdade, ocupava os noticiários devido aos seus ataques grosseiros a adversários, inclusive mulheres, bem como à defesa explícita de teses racistas, homofóbicas e misóginas. A naturalização do crime de estupro e seu o apoio à tortura também chocavam as pessoas.
Vem o processo do impeachment. Globo, Folha, Veja e Estadão sabiam de cor e salteado da longa trajetória de corrupção de Michel Temer e Eduardo Cunha na vida pública. Até os estagiários das redações tinham conhecimento dos esquemas barra-pesada comandados pela dupla.
Revelando pela enésima vez na história sua falta de patriotismo e compromisso com os destinos do país, a mídia fez vistas grossas para as fichas corridas de Temer e Cunha. Ao contrário, aplaudiu a condução do processo contra Dilma por parte do então presidente da Câmara dos Deputados e conferiu legitimidade presidencial a um traidor e golpista miserável como Temer. Valia tudo, afinal, para apear o PT do governo.
Eureca, deve ter bradado Bolsonaro. Mesmo com graves problemas de ordem cognitiva, o capitão finalmente concluíra que lançando mão de mentiras, baixarias e calúnias se abririam as veredas que o levariam à presidência da República..A prisão de Lula e seu linchamento pela mídia, depois de um processo fraudulento, certamente reforçaram em Bolsonaro a convicção da eficácia das fake news. A campanha eleitoral suja que fez fala por si.
Hoje quando vejo a imprensa criticando as barbaridades do governo Bolsonaro nos editoriais, mas aliviando no noticiário, para não prejudicar a espoliação do povo e das riquezas do país, causas que os unificam, fico pensando : claro que existem nuances e diferenças entre eles e nada pode ser pior do que Bolsonaro, mas ambos são inimigos do Brasil e dos brasileiros.
Por Bepe Damasco, jornalista com larga experiência em assessorias políticas, sindicais e parlamentares. Sua consultoria, a NR Damasco, presta os mais variados serviços na área de comunicação. É casado com a jornalista e antropóloga Mônica Rodrigues e pai de Mayara Damasco, administradora de empresas.
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