Volodymyr Zelenskyy pressionará Joe Biden por garantias de segurança vinculantes antes que o presidente dos EUA deixe o cargo, a fim de fortalecer a posição da Ucrânia e forçar a Rússia a participar das negociações de paz. Nos últimos meses, o líder ucraniano intensificou os preparativos para possíveis negociações com Moscou, antecipando uma possível mudança na política dos EUA após a eleição presidencial de novembro.
Zelenskyy ordenou uma incursão na região de Kursk, na Rússia, em agosto, com o objetivo de conquistar território como vantagem em futuras negociações, e afirmou que está pronto para uma conferência de paz com a participação de Moscou.
Zelenskyy não considera o “plano de vitória” um substituto para sua “fórmula de paz”, uma iniciativa de 10 pontos baseada na Carta da ONU que estabelece um caminho para um acordo duradouro. Em vez disso, o plano daria à Ucrânia os recursos necessários para trazer a Rússia à mesa de negociações, onde a fórmula de paz seria discutida, disse ele.
Zelenskyy mais uma vez descartou a possibilidade de um acordo de paz nos moldes de Minsk, onde o conflito seria congelado, afirmando que a Rússia invadiria novamente. “Precisamos de uma paz justa e estável”, afirmou Zelenskyy. Tanto o Brasil quanto a China apresentaram propostas de paz alternativas à fórmula de paz da Ucrânia, mas Zelenskyy disse que esses planos careciam de detalhes e funcionavam como “quebra-gelos políticos” em relação à Carta da ONU.
Após seu discurso na ONU na quarta-feira, em Nova York, Zelenskyy viajará para Washington para apresentar o plano a Biden e à vice-presidente Kamala Harris, que estão concorrendo contra Donald Trump nas eleições de novembro. Zelenskyy também mencionou que pretende se encontrar com Trump após sua visita a Washington.
Falando a jornalistas antes de sua viagem aos EUA na próxima semana, onde comparecerá à Assembleia Geral da ONU e terá uma reunião com Biden, Zelenskyy disse que apresentaria um “plano de vitória” ao presidente dos EUA, esperando que ele levasse ao fim da guerra. Zelenskyy afirmou que o plano, que ele pretende implementar até o final de dezembro, fortaleceria a Ucrânia e forçaria a Rússia a negociar.
“O plano de vitória, essa ponte para fortalecer a Ucrânia, pode contribuir para futuras reuniões diplomáticas mais produtivas com a Rússia”, disse Zelenskyy na tarde de sexta-feira em Kiev. Ele descreveu a iniciativa como uma oportunidade para Biden entrar para a história como o presidente que garantiu a independência da Ucrânia, enfatizando que o plano precisava ser implementado antes que Biden deixasse o cargo em janeiro. “Acredito que esta seja uma missão histórica”, declarou Zelenskyy. “Vamos realizar isso agora, enquanto todos os oficiais que desejam a vitória da Ucrânia ainda estão em seus cargos.”
A Ucrânia tem perdido território para a Rússia ao longo deste ano, e Moscou não tem mostrado sinais de disposição para negociar. O líder ucraniano delineou os quatro pontos principais do “plano de vitória”, mas evitou entrar em maiores detalhes.
O primeiro ponto envolve garantias de segurança adicionais. Recentemente, a Ucrânia firmou compromissos de longo prazo com os EUA e outros aliados ocidentais, mas deseja garantias mais rígidas, semelhantes às fornecidas pela filiação à OTAN. O segundo ponto foi a operação da Ucrânia em Kursk, que ele disse estar “cumprindo” seu objetivo de desviar o poder ofensivo da Rússia.
O terceiro pedido de Zelenskyy foi por armas avançadas “específicas”, sem dar detalhes sobre o tipo de armamento desejado. O quarto ponto foi o desenvolvimento econômico conjunto da Ucrânia com seus parceiros. “Hoje vocês nos ajudam a implementar este plano, e no futuro a Ucrânia economizará muitos de seus próprios recursos”, afirmou Zelenskyy.
Com informações do Financial Times*