A Universidade Federal Fluminense (UFF) se tornou a primeira instituição de ensino superior do estado do Rio de Janeiro a implementar cotas para pessoas trans em seus cursos de graduação e pós-graduação. A decisão foi aprovada por unanimidade pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão, em resposta a demandas apresentadas pela Rede Trans UFF, coletivo de estudantes trans, após um incidente de transfobia envolvendo a equipe de vigilância da universidade.
A nova política de cotas é voltada para candidatos que tenham cursado todo o ensino médio em escolas públicas e que se autodeclarem trans no momento da inscrição. O termo “trans” inclui travestis, transexuais, transgêneros e pessoas trans não binárias. A autodeclaração dos candidatos passará por validação, que será feita por meio de um Memorial Descritivo e de uma Banca de Heteroidentificação. Esses processos contam com o apoio da Rede Trans UFF e da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra).
A Antra aponta que cerca de 70% das pessoas trans não chegam a concluir o ensino médio, e apenas 0,02% delas conseguem ingressar no ensino superior. Diante desse cenário, a pró-reitora de Assuntos Estudantis da UFF, Alessandra Barreto, afirmou que a expectativa é atender mais de 300 estudantes trans com essa medida.
Alessandra destacou que, embora as universidades estejam avançando na inclusão e diversidade, a representação plena da sociedade brasileira ainda está longe de ser alcançada no ambiente acadêmico. Para ela, além de garantir o acesso, é essencial que a UFF ofereça condições de permanência para esses estudantes. Nesse sentido, desde o início de 2024, a universidade já iniciou um programa de bolsas acadêmicas, das quais 50% são destinadas a alunos cotistas. A partir de 2025, essas bolsas também beneficiarão estudantes trans.