Caso envolvendo compartilhamento de imagem do F-35 na internet gera crise interna na Marinha e pode resultar na queda de oficial. Detalhes sobre o processo foram revelados com exclusividade pela Revista Sociedade Militar.
Uma série de eventos ocorridos em abril deste ano desencadeou uma crise interna na Marinha do Brasil, com potencial de derrubar um dos mais importantes oficiais da inteligência. O estopim foi o compartilhamento de uma imagem de um F-35 pousando na pista da base naval de São Pedro da Aldeia, que circulava pela internet, e que foi repostada por um capitão da Marinha. A reação do chefe de inteligência, no entanto, criou uma onda de descontentamento e trouxe à tona disputas internas e tentativas de ocultação.
Durante uma viagem para Belém, o chefe da inteligência da Marinha estava acompanhado de vários oficiais, entre eles o capitão de Mar Guerra identificado como M. Sales. Quando ele percebeu que a imagem do F-35, uma aeronave militar estrangeira, havia sido compartilhada por Guerra, ele imediatamente considerou a ação uma quebra de protocolo de segurança e puniu o oficial. O capitão foi transferido para outro quartel e perdeu seu posto no setor de inteligência. Essa punição, no entanto, foi duramente questionada por Guerra, que decidiu recorrer à justiça — uma atitude incomum entre militares de sua posição.
Segundo fontes militares, Guerra era considerado um oficial promissor, com aspirações de se tornar almirante. O recurso judicial foi visto como um movimento arriscado, uma vez que esse tipo de ação pode inviabilizar futuras nomeações, como a Tarefa por Tempo Certo (TTC) — contratos temporários para militares na reserva — ou cargos em estatais ligadas à Marinha, como a Ingepron e a Nuclep. Mesmo assim, o capitão, indignado com a punição que considerava injusta, decidiu seguir adiante.
O processo trouxe grande apreensão ao almirante responsável pela punição. Este oficial, que possui uma carreira de prestígio, com o comando do navio multipropósito Atlântico — o maior da frota brasileira —, tentou colocar o processo judicial sob segredo de justiça, alegando o envolvimento de uma aeronave estrangeira. No entanto, a juíza responsável pelo caso rejeitou o pedido, acusando o almirante de tentar enganar o tribunal, uma vez que a imagem do F-35 já estava amplamente disponível na internet e não representava nenhum segredo militar.
Essa decisão judicial foi um golpe para o almirante, que agora enfrenta forte pressão interna, com rumores de que pode ser afastado de suas funções nos próximos dias. O caso, que poderia ter sido resolvido internamente, tornou-se público, especialmente após revelações feitas com exclusividade pela Revista Sociedade Militar. A publicação trouxe à tona os detalhes do processo, evidenciando a tentativa do chefe de inteligência de ocultar a punição e proteger sua própria posição.
Agora, o caso está sendo amplamente comentado dentro da Marinha, com muitos oficiais se solidarizando com o capitão punido. O temor de que o almirante tenha abusado de sua autoridade para punir injustamente um subordinado é uma preocupação crescente, e fontes indicam que o alto comando da Marinha está acompanhando de perto o desdobramento da situação.
Para o chefe de inteligência, o futuro na corporação é incerto. Sua tentativa de proteger sua imagem e evitar que o caso viesse a público falhou, e agora ele se vê no centro de uma crise que pode comprometer seu avanço para o posto de almirante de esquadra — ou até mesmo sua permanência na Marinha.
O episódio lança luz sobre as complexas dinâmicas de poder dentro das Forças Armadas e sobre como decisões internas, quando não geridas com transparência, podem resultar em crises que ameaçam as estruturas hierárquicas da instituição. A repercussão do caso segue sendo acompanhada de perto, e o desfecho pode gerar mudanças significativas na cúpula da Marinha do Brasil.