Tainá de Paula avalia péssima análise do Estadão sobre a inauguração do Comperj
A diferença entre parábola e epopeia é evidente, mas o Estadão não parece saber qual é, porque
está mais comprometido com ameaças à soberania nacional do que com a formação continuada
de seus jornalistas. No texto cujo título é “A parábola do Comperj”, há a assertiva: “A Petrobrás
não fornece dados sobre qual será, afinal, o custo da epopeia do Comperj”.
Não posso discordar de que a história dos projetos do Presidente Lula, principalmente, os que tangem assuntos como a Petrobrás e o Comperj, caibam em uma epopeia, se levarmos em conta que uma epopeia é um gênero textual que narra feitos históricos e grandiosos que marcam um povo, uma cultura, uma civilização, um país.
O Comperj é um grande projeto da Petrobrás que foi inaugurado em 2014 com o objetivo de
produzir petróleo, gás e outros insumos petroquímicos.
O projeto consistia em uma unidade integrada que atenderia à demanda interna e geraria milhares de empregos na região. O Comperj contribui para que a Petrobrás possa aumentar a capacidade de refino do Brasil e reduzir a dependência de importações de combustíveis.
Na sexta-feira (13), ele foi inaugurado, agora com o nome de Complexo de Energias Boaventura,
em Itaboraí. Essa unidade no Grande Rio é a maior processadora de gás natural (UPGN) do país.
A operação comercial está estimada para começar no próximo mês, com gás natural (GN) vindo
diretamente do pré-sal da Bacia de Santos, pelo gasoduto Rota 3 – que também retoma
operações.
Para o prefeito de Maricá, Fabiano Horta (PT-RJ), a operação do Complexo é peça fundamental
na retomada do crescimento do estado do Rio de Janeiro e do Brasil, e uma afirmação da
soberania nacional no setor.
O Ministro de Minas e Energia Alexandre Silveira disse, durante o evento, que esta UPGN aumentará a oferta para o mercado doméstico, reduzindo a dependência de importações. Para o Ministro, a paralisação da obra em 2015 foi covarde e estancou receitas previstas em R$7 bilhões.
Mapa do Complexo
Apesar de um contexto político que caminhou para um golpe contra a democracia brasileira a
fim de estabelecer uma política neoliberal que freou as atividades petrolíferas no Brasil, o Comperj com Lula voltou a se desenvolver, gerando mais empregos – cada vez mais bem remunerados – nas regiões próximas a sua alocação, criando possibilidades de expansão do pátio industrial do Rio de Janeiro para a indústria de base e reverberando positivamente no setor de serviços.
Também presente na inauguração, o Presidente Lula desabafou que seu sonho de uma grande
indústria petroquímica brasileira havia sido jogado no lixo pela forma como essas e outras obras
foram interrompidas.
Vestindo o jaleco laranja dos petroleiros e petroleiras, Lula disse, orgulhoso, que a inauguração é uma reparação ao que seus trabalhadores sofreram com as denúncias da Lava Jato. Na inauguração, Lula relembrou as arbitrariedades cometidas pela Lava Jato, operação articulada para desmoralizar, fatiar e vender a Petrobrás.
Além disso, apesar dos desafios, o Comperj configura ainda uma peça central na modernização
do setor energético brasileiro e na busca pela autossuficiência no que diz respeito ao petróleo e a
seus derivados, possibilitando, hoje, a retomada das indústrias navais das cidades próximas ao
novo Comperj.
Sendo contada como parábola, confundida com epopeia – porque mesmo o Estadão sabe que o
Comperj não configura uma história com tom moralizante, mas, realmente, um feito importante e
memorável – a história do Complexo não pode ser reduzida a uma “expectativa (de Lula) de
reescrever a história”, querendo “fazer do Comperj um dos símbolos de sua vitória sobre a Lava
Jato”.
A vitória de Lula sobre a Lava Jato não precisa de nenhum símbolo. A retomada do
Comperj é a restituição ao povo brasileiro do que a Lava Jato nos tirou. É mérito do governo do Presidente Lula: estamos cada vez mais próximos à plena operação do Comperj, mesmo diante dos percalços e das tentativas de descontinuá-lo nos governos que assumiram o Brasil entre 2016 e 2022.
Apesar deles, hoje já está sendo outro dia!
Tainá de Paula é arquiteta, urbanista e ativista das lutas urbanas. Especialista em Patrimônio
Cultural pela Fundação Oswaldo Cruz e Mestre em Urbanismo pela UFRJ, foi Secretária
Municipal de Meio Ambiente e Clima do Rio de Janeiro, onde também é vereadora.
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