Dez cidades das regiões Norte e Centro-Oeste concentram 20% das queimadas que atingem o Brasil neste ano.
Juntos, eles concentram 30 mil, dos 193 mil focos de incêndio espalhados pelo país.
Apenas São Félix do Xingu e Altamira, no Pará; e Corumbá, em Mato Grosso do Sul, respondem por quase 17 mil focos.
Segundo o Grupo Estratégico da Coalizão Brasil Clima, os municípios com mais focos de incêndio são justamente aqueles que foram “campeões do desmatamento” no ano passado.
Na avaliação da Coalizão, existe uma relação direta entre incêndios e desmatamentos, pois em algumas regiões, o fogo está sendo usado como novo agente de destruição.
Isso poderia representar uma tentativa de escapar dos sensores remotos que descobrem o desmatamento.
Neste ano de 2024, os incêndios no país atingiram mais de 11 milhões de hectares.
E quase metade desse total, 5,5 milhões de hectares, foram queimados somente no último mês de agosto.
Estudo mostra que 99% dos incêndios não são acidentais
Apenas uma parte ínfima dos incêndios florestais que se proliferam pelo país é iniciada por causas naturais. A constatação é da doutora em geociências Renata Libonati, coordenadora do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa) da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
“De todos os incêndios que acontecem no Brasil, cerca de 1% é originado por raio. Todos os outros 99% são de ação humana”, afirma.
A pesquisadora é responsável pelo sistema Alarmes, um monitoramento diário por meio de imagens de satélite e emissão de alertas sobre presença de fogo na vegetação. Ao relacionar os dados com a proibição vigente de colocar fogo em vegetação, ela afirma que “todos esses incêndios, mesmo que não tenham sido intencionais, são de alguma forma criminosos”, disse em entrevista à Agência Brasil.
Com base em dados que ficam disponíveis a cada 24h, a professora constata que “a situação é muito crítica” nos três biomas analisados, sendo a pior já registrada na Amazônia. Em relação ao Cerrado e o Pantanal, ela ressalta que a presença das chamas está “muito próxima do máximo histórico”.
Renata Libonati associa o fogo que consome vegetação em diversas regiões brasileiras a atividades econômicas. “A ocorrência dos incêndios no Brasil está intimamente relacionada ao uso da terra”.
Com o olhar de quem acompanha cada vez mais eventos climáticos extremos, a pesquisadora percebe um ultimato: “Nosso estilo de vida atual é incompatível com o bem-estar da nossa sociedade no futuro”.
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