Amorim critica Múcio e detona compra do Brasil de tanques israelenses

O Vice-Presidente da República, Michel Temmer e os ministros, da Defesa Celso Amorim, da Justiça José Eduardo Cardozo e do Gabinete de Segurança Institucional José Elito Siqueira, apresentam os resultados da ação de enfrentamento à crimenalidade na região fronteiriça do Brasil. Foto: Agência Brasil

O assessor para Assuntos Internacionais da Presidência, Celso Amorim, manifestou-se sobre a aquisição de 36 veículos blindados da empresa israelense Elbit Systems pelo governo brasileiro.

Em entrevista ao jornal O Globo, Amorim ressaltou que, embora a escolha não tenha motivações ideológicas, o contexto político de negociar com um país em guerra não pode ser ignorado.

Ele comentou a decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), que autorizou a continuidade do processo de compra, sem críticas à legalidade, mas alertou para os riscos envolvidos.

Na última quarta-feira, 18, o TCU decidiu, por unanimidade, que não há obstáculos legais para a aquisição dos blindados pela empresa israelense, mesmo diante das acusações de genocídio contra Israel na Faixa de Gaza.

Amorim afirmou: “Não comento decisão do TCU, mas nunca foi colocada em questão a legalidade do processo e nem há nada de ideológico, mas isso também é uma questão política. Você está comprando equipamento sensível de um país acusado de genocídio pela Corte Internacional”.

A compra está avaliada em R$ 1 bilhão e envolve veículos blindados equipados com obuses de longo alcance. Amorim destacou que a operação pode gerar uma dependência tecnológica arriscada, comprometendo a autonomia do Brasil em casos de embargos futuros.

Divergência no governo sobre a aquisição

O debate sobre a compra dos blindados gerou divergências dentro do governo.

O ministro da Defesa, José Múcio, defende a assinatura do contrato com a Elbit Systems, enquanto Amorim busca convencer o presidente Lula a reavaliar o acordo, citando as implicações morais e políticas, além do conflito no Oriente Médio.

Embora Amorim negue qualquer atrito com Múcio, ele admite diferenças de opinião sobre o caso. “Eu não compraria material de país em guerra, qualquer um, é um risco”, disse Amorim.

Impactos para a indústria nacional

Múcio argumenta que a compra dos blindados pode fortalecer a indústria de defesa nacional, com a montagem sendo realizada em subsidiárias da Elbit no Brasil, gerando empregos e inovação.

O Ministério da Defesa também consultou o TCU sobre a possibilidade de contratar a empresa eslovaca Konstrukta, segunda colocada no processo licitatório.

Contudo, essa alternativa também apresenta desafios, já que os blindados oferecidos pela Konstrukta são usados atualmente pela Ucrânia na guerra contra a Rússia.

O presidente Lula ainda não tomou uma decisão final sobre a compra, mas pessoas próximas ao governo indicam que um desfecho pode depender de um cessar-fogo no Oriente Médio, o que poderia ampliar as opções políticas do Brasil. A Elbit Systems, por sua vez, aguarda a decisão do governo e reafirma seu compromisso com a negociação.

Redação:
Related Post

Privacidade e cookies: Este site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com seu uso.