Com rejeição em alta, Marçal vê chances de chegar ao segundo turno diminuírem; Boulos precisa ultrapassar Nunes no primeiro turno para fortalecer candidatura no segundo, enquanto Nunes mantém vantagem ao consolidar apoio e se beneficiar da estabilidade do cenário atual
A mais recente pesquisa eleitoral do Datafolha, realizada entre 17 e 19 de setembro, revela um cenário complexo na disputa pela Prefeitura de São Paulo. Enquanto Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) disputam a liderança nas intenções de voto do primeiro turno, Pablo Marçal (PRTB) enfrenta obstáculos significativos que diminuem suas chances de avançar. A dinâmica entre Nunes e Boulos indica que o posicionamento de cada um no primeiro turno será crucial para o desfecho da eleição.
Intenções de voto no primeiro turno
- Ricardo Nunes (MDB): 27% (mantém o mesmo percentual da pesquisa anterior).
- Guilherme Boulos (PSOL): 26% (uma ligeira alta em relação aos 25% anteriores).
- Pablo Marçal (PRTB): 19% (estável em relação à pesquisa anterior).
- Tabata Amaral (PSB): 8% (sem variação).
- Datena (PSDB): 6% (sem variação).
- Marina Helena (Novo): 3% (sem variação).
- Outros candidatos: Percentuais variando entre 0% e 1%.
- Branco/nulo/nenhum: 6% (redução de 1 ponto percentual).
- Não sabe: 3% (redução de 1 ponto percentual).
Marçal enfrenta rejeição elevada e chances reduzidas de avançar
Pablo Marçal é o candidato com a maior taxa de rejeição, que subiu de 44% para 47%. Esse aumento coincide com o incidente conhecido como “cadeirada”, envolvendo Marçal e o apresentador Datena, cuja rejeição também aumentou de 32% para 35%. Uma rejeição próxima a 50% é um obstáculo significativo, pois limita a capacidade de um candidato conquistar novos eleitores.
Nas simulações de segundo turno, Marçal demonstra desempenho fraco:
- Contra Ricardo Nunes:
- Nunes: 60% (aumento de 1 ponto percentual).
- Marçal: 25% (queda de 2 pontos percentuais).
- Branco/nulo/nenhum: 14%.
- Não sabe: 2%.
- Contra Guilherme Boulos:
- Boulos: 50% (aumento de 3 pontos percentuais).
- Marçal: 36% (queda de 2 pontos percentuais).
- Branco/nulo/nenhum: 12%.
- Não sabe: 2%.
Esses números indicam que Marçal tem dificuldade em ampliar sua base além dos eleitores já conquistados. Além disso, 71% de seus eleitores afirmam estar totalmente decididos a votar nele, sugerindo que há pouco espaço para crescimento.
Boulos precisa liderar o primeiro turno para aumentar chances no segundo
Guilherme Boulos aparece com 26% das intenções de voto, mostrando estabilidade em relação à pesquisa anterior. No entanto, nas simulações de segundo turno contra Ricardo Nunes, Boulos está em desvantagem:
- Ricardo Nunes: 52% (queda de 1 ponto percentual).
- Guilherme Boulos: 37% (queda de 1 ponto percentual).
- Branco/nulo/nenhum: 10% (aumento de 2 pontos percentuais).
- Não sabe: 1%.
Para aumentar suas chances de vitória, Boulos precisa terminar o primeiro turno à frente de Nunes. Liderar a primeira etapa da eleição poderia gerar um efeito de momentum, atraindo eleitores indecisos e facilitando alianças com candidatos menos votados.
Boulos tem o eleitorado mais convicto entre os principais candidatos:
- Eleitores totalmente decididos a votar nele: 81% (aumento de 7 pontos percentuais).
- Eleitores que ainda podem mudar de voto: 19%.
No entanto, sua rejeição subiu ligeiramente de 37% para 38%, o que indica a necessidade de estratégias para ampliar sua aceitação entre eleitores fora de sua base tradicional.
Nunes mantém vantagem estratégica com estabilidade atual
Ricardo Nunes lidera as intenções de voto com 27%, mantendo o mesmo percentual da pesquisa anterior. Sua rejeição é relativamente baixa, passando de 19% para 21%. Nas simulações de segundo turno, Nunes vence tanto Boulos quanto Marçal, o que sugere que, para ele, basta manter o cenário atual para se beneficiar.
Além disso, Nunes tem conseguido aumentar a convicção de seus eleitores:
- Eleitores totalmente decididos a votar nele: 65% (aumento de 7 pontos percentuais).
- Eleitores que ainda podem mudar de voto: 35%.
Sua estratégia de focar em políticas voltadas para as periferias e eleitores de baixa renda—segmentos que tradicionalmente apoiam candidatos alinhados com Lula—tem sido eficaz. Nunes também apresenta alta taxa de reconhecimento entre os eleitores:
- Eleitores que o conhecem: 92% (mesmo percentual da pesquisa anterior).
Análise das chances de Marçal e implicações para os demais candidatos
Com uma rejeição de 47% e estabilidade nas intenções de voto, as chances de Pablo Marçal avançar ao segundo turno são reduzidas. Sua dificuldade em ampliar a base de apoio e a alta rejeição limitam seu potencial de crescimento.
Para Boulos, superar Nunes no primeiro turno é essencial. Embora tenha o eleitorado mais convicto, precisa atrair eleitores indecisos e reduzir sua rejeição de 38% para ampliar suas chances no segundo turno. A taxa de conhecimento de Boulos entre os eleitores é de 87%, o que indica espaço para crescimento ao aumentar sua visibilidade e aceitação.
Ricardo Nunes, por sua vez, está em uma posição confortável. Com 27% das intenções de voto e baixa rejeição, sua prioridade é manter a estratégia atual. Sua taxa de rejeição de 21% é a segunda mais baixa entre os principais candidatos, atrás apenas de Tabata Amaral, que tem 14% de rejeição.
Votantes decididos e possibilidade de crescimento
A firmeza do voto é outro fator importante:
- Guilherme Boulos: 81% de eleitores decididos.
- Pablo Marçal: 71% de eleitores decididos.
- Ricardo Nunes: 65% de eleitores decididos.
Esses números sugerem que Boulos tem a base mais sólida, mas Nunes possui maior potencial para atrair eleitores que ainda não definiram seu voto ou que podem mudar de opinião.
A pesquisa Datafolha indica um cenário desafiador para Pablo Marçal, cuja alta rejeição e estabilidade nas intenções de voto diminuem suas chances de avançar ao segundo turno. Guilherme Boulos precisa superar Ricardo Nunes no primeiro turno para aumentar suas chances de vitória, aproveitando sua base de eleitores decididos e trabalhando para reduzir sua rejeição.
Ricardo Nunes se beneficia da estabilidade atual, liderando as intenções de voto e apresentando baixa rejeição. Sua estratégia de manter o curso e continuar consolidando seu apoio, especialmente entre eleitores de baixa renda e das periferias, parece ser eficaz.
Com a eleição se aproximando, os candidatos têm pouco tempo para realizar mudanças significativas em suas campanhas. A capacidade de atrair eleitores indecisos, reduzir taxas de rejeição e consolidar bases de apoio será crucial para definir quem avançará ao segundo turno e, eventualmente, quem será o próximo prefeito de São Paulo.