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Campanhas do PT enfrentam dificuldades para se conectar com eleitorado lulista nas capitais

As eleições municipais de 2024 trazem desafios significativos para o Partido dos Trabalhadores (PT) nas principais capitais do país. Embora o partido tenha uma base histórica sólida, conhecida como eleitorado lulista, composto majoritariamente por eleitores de baixa renda, menor escolaridade e faixas etárias mais elevadas, as campanhas petistas têm enfrentado dificuldades para mobilizar esse segmento […]

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Imagem: Agência Senado

As eleições municipais de 2024 trazem desafios significativos para o Partido dos Trabalhadores (PT) nas principais capitais do país. Embora o partido tenha uma base histórica sólida, conhecida como eleitorado lulista, composto majoritariamente por eleitores de baixa renda, menor escolaridade e faixas etárias mais elevadas, as campanhas petistas têm enfrentado dificuldades para mobilizar esse segmento nas capitais. Neste artigo, analisamos as campanhas em oito capitais brasileiras, com foco especial em Porto Alegre e na exceção positiva de Goiânia.

O que é o eleitorado lulista?

O eleitorado lulista é formado por cidadãos que tradicionalmente apoiam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT. Caracteriza-se por:

  • Classe social: Predominantemente de baixa renda, incluindo as classes C, D e E.
  • Educação: Maior proporção de eleitores com ensino fundamental e médio completo ou incompleto.
  • Idade: Afinidade maior com eleitores acima dos 35 anos.

Porto Alegre: Maria do Rosário e o desafio de alcançar os eleitores tradicionais

Em Porto Alegre, a deputada federal Maria do Rosário (PT) enfrenta um cenário desafiador. Pesquisas indicam que ela tem maior apoio entre os jovens de 16 a 34 anos, liderando com 32% das intenções de voto nessa faixa etária. Além disso, registra forte apoio entre eleitores com ensino superior incompleto ou mais (29%).

Contudo, Maria do Rosário encontra dificuldade para conectar-se com o eleitorado de baixa renda e menor escolaridade, que tradicionalmente compõe a base lulista. O atual prefeito e candidato à reeleição, Sebastião Melo (MDB), lidera entre os eleitores com renda até três salários mínimos e menor nível educacional.

Análise: A campanha de Maria do Rosário precisa reforçar sua mensagem junto aos eleitores tradicionais do PT, enfatizando políticas sociais e de inclusão que ressoem com as necessidades desses segmentos.

São Paulo: Boulos busca equilíbrio entre expansão e identidade política

Em São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL), com Marta Suplicy (PT) como vice, enfrenta desafios semelhantes. Seu maior apoio vem de eleitores jovens (25% entre 16 e 34 anos) e com maior escolaridade (24% com ensino superior incompleto ou mais). Entretanto, não lidera entre os eleitores de baixa renda e menor escolaridade, onde Ricardo Nunes (MDB) tem vantagem.

Análise: Boulos precisa encontrar um equilíbrio entre ampliar sua base eleitoral e manter sua identidade política, garantindo que suas propostas atinjam o eleitorado lulista.

Belo Horizonte: Rogério Correia adota cautela baseada em pesquisas internas

Em Belo Horizonte, Rogério Correia (PT) optou por uma campanha menos combativa, baseada em pesquisas que apontam aversão do eleitorado local a ataques diretos. Contudo, essa estratégia pode limitar sua conexão com o eleitorado de baixa renda e menor escolaridade.

Análise: Correia deve buscar maneiras de engajar a base lulista sem contrariar a preferência local por campanhas propositivas.

Natal e Fortaleza: contextos políticos complexos

Em Natal, Natália Bonavides (PT) enfrenta dificuldades para atacar adversários devido a alianças políticas locais e apoios anteriores de Lula a outros candidatos. Sua campanha foca em propostas e visitas a bairros, mas pode estar deixando de mobilizar plenamente o eleitorado lulista.

Em Fortaleza, Evandro Leitão (apoiado pelo PT) mantém desempenho estável, mas carece de maior conexão com eleitores de baixa renda e menor escolaridade.

Macapá e Salvador: desafios adicionais

Em Macapá, o candidato apoiado pelo PT não aparece com destaque nas pesquisas, indicando dificuldade em mobilizar o eleitorado local. Em Salvador, apesar de o Nordeste ser um reduto lulista, o candidato Geraldo Júnior (MDB), com vice do PT, não tem conseguido converter essa vantagem histórica em intenções de voto significativas.

Goiânia: Adriana Accorsi rompe o padrão e lidera entre eleitores lulistas

A deputada federal Adriana Accorsi (PT) em Goiânia é a exceção notável. Ela lidera as pesquisas em diversos segmentos alinhados com o eleitorado lulista:

  • Classe social e renda: Lidera entre eleitores com renda até 3 salários mínimos (25%).
  • Educação: Tem forte apoio entre eleitores com até ensino fundamental (22%) e médio (23%).
  • Idade: Mantém desempenho consistente em todas as faixas etárias, incluindo 23% entre eleitores com 60 anos ou mais.

Análise: Accorsi conseguiu alinhar sua campanha com as necessidades e expectativas do eleitorado lulista, enfatizando políticas sociais e comunicação eficaz.

Desconexão entre estratégias de campanha e perfil do eleitorado lulista

A dificuldade em outras capitais parece estar relacionada a estratégias que não contemplam plenamente o perfil do eleitorado lulista. Foco excessivo em eleitores jovens e com maior escolaridade pode estar afastando a base tradicional do partido.

A necessidade de reconexão com a base histórica

Para superar os desafios, as campanhas do PT devem:

  • Reforçar políticas sociais: Priorizar propostas que combatam a fome, o desemprego e a desigualdade social.
  • Engajar comunidades locais: Estabelecer presença ativa em áreas de baixa renda.
  • Comunicar-se de forma eficaz: Utilizar linguagem acessível e canais que alcancem eleitores de menor escolaridade.
  • Aprender com casos de sucesso: Replicar estratégias eficazes como as de Adriana Accorsi.

As campanhas do PT nas capitais brasileiras enfrentam o desafio de reconectar-se com o eleitorado lulista. Enquanto alguns candidatos, como Adriana Accorsi em Goiânia, demonstram sucesso nessa empreitada, outros precisam ajustar suas estratégias para evitar que a desconexão comprometa seus resultados nas urnas.

O equilíbrio entre ampliar a base eleitoral e manter a identidade política é delicado, mas essencial. As eleições de 2024 serão um teste crucial para o PT reafirmar seu vínculo com a população que historicamente o apoiou, garantindo que suas propostas continuem a ressoar com as necessidades e aspirações desses eleitores.

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Cleber Lourenço

Defensor intransigente da política, do Estado Democrático de Direito e Constituição. | Colunista n'O Cafézinho com passagens pelo Congresso em Foco, Brasil de Fato e Revista Fórum | Nas redes: @ocolunista_

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Tiago Silva

18/09/2024 - 21h24

Nas campanhas de Lula e Dilma, quando se queria ganhar votos… aí faziam desses políticos até mais à esquerda do que eram. Já nas campanhas para os municípios, querem Tucanizar os candidatos do PT (e muitos apoiados pelo PT inclusive manifestaram a favor do Golpe na Dilma).

Além disso, a falha na comunicação tem também até uma questão estética e de linguagem utilizada.

Vejamos:

Maria do Rosário = Parece ser do povo? Sabe ou sentiu os dramas do povo? Sabe falar a linguagem do povo?

Guilherme Boulos = Tucanizaram o candidato…

Rogério Correia (Tucano no PT) = Parece ser do povo? Sabe ou sentiu os dramas do povo? Sabe falar a linguagem do povo?

Evandro Leitão (Tucano no PT) = Parece ser do povo? Sabe ou sentiu os dramas do povo? Sabe falar a linguagem do povo?

Natália Bonavides = Tucanizaram a candidata…

Salvador (candidato de Direita) = Parece ser do povo? Sabe ou sentiu os dramas do povo? Sabe falar a linguagem do povo?

Adriana Accorsi (PT Puro Sangue) = Apesar de não parecer do povo, fala a linguagem do povo e a linguagem que os eleitores de Goiânia se identificaram.

Ou seja, houve desconexão de estratégias comunicacionais (Tucanização) e também desconexão no perfil dos candidatos (muitos foram a favor do Golpe na Dilma e qualquer coisa de esquerda que façam… vai ser percebido como não confiável ou enganação).


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