Campanhas acreditam que cadeirada não muda rumos eleitorais, mas pode beneficiar Datena

Foto: TV Cultura

O episódio da agressão entre Datena e Pablo Marçal traz dúvidas sobre seu impacto no eleitorado, com campanhas acreditando que pode até favorecer o tucano.


Mesmo após o episódio que marcou o debate da TV Cultura no último domingo (15), em que José Luiz Datena agrediu Pablo Marçal com uma cadeira, as principais campanhas à Prefeitura de São Paulo acreditam que o impacto eleitoral será, na melhor das hipóteses, insignificante para Marçal e, curiosamente, até ligeiramente positivo para o próprio Datena. Embora as equipes de campanha ainda não disponham de dados concretos sobre a repercussão, uma avaliação preliminar sugere que o episódio pode trazer votos inesperados para o ex-apresentador.

Desde o início, a campanha de Pablo Marçal tentou transformar a agressão em uma narrativa de vitimização. O candidato chegou a ser levado ao hospital e sua equipe buscou criar um clima de comoção, tentando capitalizar o incidente em sua vantagem. No entanto, essa estratégia parece não ter funcionado. Segundo análises de bastidores, a tentativa de promover Marçal como vítima não teve a recepção esperada entre o eleitorado. A comoção não se concretizou, e as principais campanhas já descartam a possibilidade de que isso se torne um grande motor de votos para Marçal.

Ao contrário do que muitos esperavam, a agressão pode até render votos a Datena. O ex-apresentador, conhecido por seu temperamento forte e postura combativa, foi expulso do debate, mas algumas campanhas acreditam que o incidente pode reforçar sua imagem entre um grupo específico de eleitores que aprecia esse perfil mais “enfrentador”. Ainda que esse ganho não seja expressivo, ele poderia consolidar parte de sua base sem alterar drasticamente o quadro atual da disputa.

No entanto, a grande questão que as campanhas também avaliam é: com um voto já cristalizado, quem seria o eleitor que migraria para Datena? Elas ainda não têm total certeza, mas algumas campanhas, reservadamente, sugerem que eleitores mais identificados com Ricardo Nunes poderiam acabar mudando de voto para o tucano. Esse possível eleitor é visto como volátil e, portanto, qualquer outro acontecimento até o dia 6 de outubro, data das eleições, pode mudar novamente seu voto. Isso reforça a incerteza em torno do impacto real do episódio, que até agora não apresenta sinais de alterar significativamente a corrida eleitoral.

Por outro lado, o incidente levanta questionamentos sobre a estratégia de Marçal nas eleições. O estilo provocador e o discurso agressivo, adotados por ele desde o início da campanha, podem estar contribuindo para resultados desfavoráveis. Embora essa abordagem tenha funcionado em momentos anteriores, as campanhas rivais já avaliam que essa postura pode estar saindo pela culatra, prejudicando mais do que ajudando o influenciador.

No fim, o saldo do episódio da cadeirada parece apontar para uma manutenção do status atual da disputa, com leve possibilidade de ganhos marginais para Datena. A expectativa das campanhas, no entanto, ainda é incerta e dependerá da resposta mais concreta do eleitorado nos próximos dias.

Cleber Lourenço: Defensor intransigente da política, do Estado Democrático de Direito e Constituição. | Colunista n'O Cafézinho com passagens pelo Congresso em Foco, Brasil de Fato e Revista Fórum | Nas redes: @ocolunista_
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