Campanha de Datena ainda não tem dados sobre impacto da cadeirada

Apoiadores de Ricardo Nunes no PSDB questionam a escolha de Datena como candidato à prefeitura de São Paulo, alegando irregularidades no processo e pedindo a impugnação da sua candidatura / Renato Pizzutto / Band

Sem trackings frequentes devido à falta de recursos, a campanha de Datena ainda não tem dados concretos sobre os efeitos da agressão em Pablo Marçal durante o debate, mas vê o incidente como potencialmente positivo para o candidato.


A campanha de José Luiz Datena, candidato à Prefeitura de São Paulo, ainda não possui dados concretos sobre o impacto do episódio violento durante o debate da TV Cultura, no último domingo, quando o ex-apresentador agrediu Pablo Marçal com uma cadeira. Entretanto, apesar da ausência de pesquisas internas imediatas, a equipe de Datena avalia que o incidente pode acabar sendo benéfico para a sua candidatura.

Segundo fontes ouvidas pela coluna, a campanha de Datena não realiza pesquisas de tracking com a mesma frequência que outras campanhas, devido a limitações financeiras. Esse intervalo maior entre levantamentos impede que a equipe tenha uma leitura rápida do impacto de eventos como a agressão. O PSDB, partido ao qual Datena é filiado, vem enfrentando um declínio notável nos últimos anos, o que reflete em uma campanha com menos recursos para monitorar as flutuações eleitorais em tempo real.

Nos últimos dez anos, o PSDB, que já foi um dos partidos mais influentes do Brasil, especialmente em São Paulo, entrou em um estado de decadência política, perdendo relevância tanto nas eleições locais quanto nas nacionais. O partido, que dominou a política paulista por décadas, foi superado por novas forças políticas que surgiram, principalmente com o crescimento de lideranças populistas e de centro-direita, como o União Brasil e o PL. A campanha de Datena, com menos recursos, reflete esse cenário de perda de protagonismo que o PSDB vem enfrentando​.

Apesar dessas dificuldades, a equipe de Datena acredita que o episódio da cadeirada, em vez de prejudicar sua imagem, pode trazer uma vantagem inesperada. A avaliação interna é que, ao adotar uma postura combativa e defender sua honra, o candidato pode ter reforçado sua conexão com um eleitorado mais volátil, que valoriza uma atitude assertiva diante de provocações. Esse entendimento também embasa a decisão do candidato de permanecer na disputa, mesmo após o incidente.

Na manhã desta segunda-feira, Datena reafirmou sua candidatura e declarou que não se arrepende de sua atitude durante o debate. Segundo a equipe, essa postura faz parte de uma estratégia para manter o engajamento de um eleitorado que aprecia sua imagem de “enfrentador” e que não se incomodaria com o uso da violência simbólica em um contexto de forte provocação, como o que aconteceu com Pablo Marçal.

No entanto, as campanhas rivais veem com cautela o efeito real do episódio. Algumas acreditam que o impacto da cadeirada sobre o eleitorado ainda é incerto, especialmente pela volatilidade desse público. Eleitores que poderiam migrar para Datena são, em sua maioria, suscetíveis a novos acontecimentos e podem mudar de voto até o dia da eleição, marcada para 6 de outubro. Ainda assim, a equipe de Datena não descarta que o incidente possa ajudá-lo a consolidar sua base eleitoral, mesmo que de forma marginal.

Por outro lado, o episódio também traz à tona os riscos da estratégia de confronto adotada por Marçal, cuja campanha tenta se reposicionar após o incidente. Embora inicialmente tenha buscado vitimizar o candidato, essa narrativa não gerou a comoção esperada. Agora, a equipe de Marçal se vê diante do desafio de evitar que o episódio se transforme em um fator que beneficie justamente seu adversário.

A campanha de Datena, por sua vez, aguarda novos desdobramentos para avaliar com mais precisão o impacto da agressão. Contudo, sua postura de permanência e a ausência de arrependimento indicam que a equipe vê mais ganhos do que perdas nesse episódio, mesmo sem um acompanhamento constante das pesquisas internas.

Cleber Lourenço: Defensor intransigente da política, do Estado Democrático de Direito e Constituição. | Colunista n'O Cafézinho com passagens pelo Congresso em Foco, Brasil de Fato e Revista Fórum | Nas redes: @ocolunista_
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