Urgente! EUA deve autorizar Ucrânia a usar mísseis de longo alcance

Um caça da RAF do Reino Unido carregando mísseis Storm Shadow / Geoff Lee / Coroa do Ministério da Defesa do Reino Unido

Decisão pode ser anunciada após discussões entre Biden e aliados na Assembleia Geral da ONU, em meio à crescente pressão para ampliar o apoio militar à Ucrânia, enquanto Putin ameaça a OTAN.

O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, deixou Washington após conversas com o presidente Joe Biden nesta sexta-feira (13), em meio a sinais de que os Estados Unidos podem estar prestes a reconsiderar sua postura sobre o uso de mísseis de longo alcance pela Ucrânia nos próximos dias. Segundo Financial Times, embora a reunião entre os dois líderes tenha terminado sem um anúncio oficial, houve indícios de que Biden pode estar disposto a permitir que o Reino Unido e a França autorizem a Ucrânia a utilizar seus mísseis Storm Shadow, que dependem de dados de navegação americanos e outras tecnologias.

“Não se tratava de uma decisão específica… obviamente, vamos retomar [esse assunto] [na Assembleia Geral da ONU] em apenas alguns dias com um grupo maior de pessoas”, disse Starmer aos jornalistas após a reunião. Algumas autoridades previram que Washington acabaria permitindo que a Ucrânia usasse o Sistema de Mísseis Táticos do Exército (ATACMS), fornecido pelos EUA e lançado a partir do solo.

Os EUA, até o momento, têm se mostrado relutantes em fornecer essas armas, apesar dos repetidos apelos do presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy, temendo que seu envio pudesse escalar ainda mais o conflito com a Rússia. “Não há nenhuma mudança em nossa visão sobre o fornecimento de capacidades de ataque de longo alcance para a Ucrânia usar dentro da Rússia, e eu não esperaria nenhum tipo de anúncio importante a esse respeito saindo das discussões”, afirmou John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, antes da cúpula de sexta-feira. No entanto, Washington já forneceu à Ucrânia, em outras ocasiões, armas que anteriormente havia dito que não enviaria, e há pressão dentro do governo Biden para que Kiev tenha acesso aos mísseis.

Antes de seu encontro com Starmer, Biden reafirmou o apoio dos EUA à Ucrânia em sua luta contra a agressão russa. “Os Estados Unidos estão comprometidos em apoiar vocês para ajudar a Ucrânia enquanto ela se defende contra o ataque de agressão da Rússia. Está claro que [o presidente russo Vladimir] Putin não vencerá esta guerra. O povo da Ucrânia prevalecerá”, declarou Biden.

Mais cedo, na sexta-feira, Lord Kim Darroch, ex-conselheiro de segurança nacional da Grã-Bretanha, alertou que permitir que mísseis de longo alcance Storm Shadow fossem usados pela Ucrânia contra a Rússia poderia intensificar o conflito. Darroch, ex-embaixador britânico em Washington, sugeriu que os aliados ocidentais deveriam ponderar cuidadosamente sobre os avisos feitos por Putin nesta semana, de que o uso de armas de longo alcance contra alvos em território russo seria interpretado como a OTAN estando “em guerra” com Moscou. “Nós realmente não queremos agravar isso”, disse Darroch ao Financial Times.

Ao ser questionado sobre as ameaças de Putin, Biden respondeu na sexta-feira: “Não penso muito em Vladimir Putin”. Starmer também afirmou que cabe à Ucrânia decidir como utilizar as armas fornecidas por seus aliados — incluindo os mísseis de cruzeiro anglo-franceses Storm Shadow — desde que sejam usados para fins defensivos e em conformidade com o direito internacional.

Por outro lado, Darroch alertou que, embora Putin ainda não tenha cumprido suas ameaças de retaliação quando o Ocidente forneceu tanques de batalha e mísseis para a Ucrânia, isso não significa que o mesmo se aplicaria a ataques com mísseis de cruzeiro em território russo. “Se eles estão confiantes de que ele está blefando, então tudo bem”, afirmou Darroch. “Mas ele está blefando até não estar mais.”

Darroch também comentou que não está convencido de que o uso dos mísseis Storm Shadow para atingir alvos na Rússia seria um ponto decisivo na guerra. Já Vassily Nebenzia, embaixador da Rússia na ONU, alertou na sexta-feira que, se o Ocidente permitir que Kiev conduza ataques em solo russo, os países da OTAN estariam “entrando em uma guerra direta com a Rússia”. “Os fatos são que a OTAN estará envolvida diretamente nas hostilidades contra uma potência nuclear”, disse Nebenzia ao Conselho de Segurança da ONU. “Acho que vocês não devem esquecer isso e pensar nas consequências.”

A decisão final sobre permitir ou não que a Ucrânia expanda suas operações militares em território russo provavelmente será tomada na reunião da Assembleia Geral da ONU neste mês, de acordo com diplomatas britânicos. Espera-se que Starmer e Biden estejam presentes em Nova York para essa reunião, juntamente com outros aliados ocidentais e o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy.

Zelenskyy tem feito um forte lobby junto aos aliados ocidentais para obter permissão para usar mísseis ATACMS e Storm Shadow contra alvos na Rússia. “Qualquer um que veja um mapa de onde a Rússia lança seus ataques, treina suas forças, mantém suas reservas, localiza suas instalações militares e organiza sua logística entende claramente por que a Ucrânia precisa de capacidades de longo alcance”, disse Zelenskyy em uma publicação no X (antigo Twitter) na sexta-feira.

O Reino Unido foi o primeiro país a enviar mísseis de cruzeiro de longo alcance para a Ucrânia e há muito tempo adota uma abordagem mais flexível sobre como as armas que fornece são utilizadas. Especialistas em defesa afirmam que o Reino Unido gostaria de aplicar a mesma abordagem aos Storm Shadows — caso um acordo seja alcançado com os outros países que apoiam Kiev.

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