A Câmara dos Deputados ratificou o veto de Milei contra o aumento dos salários dos aposentados, apesar de uma multidão pacifica protestar diante do Congresso Nacional contra as políticas neoliberais do governo de extrema-direita. Protocolo repressivo contra as manifestações foi ativado e população foi novamente duramente reprimidos. O protesto foi convocado por distintas organizações de aposentados, sindicatos, movimentos sociais e partidos de esquerda.
A repressão tem sido o modelo seguido pelo governo para aprovar pacotes de venda do Estado e destruição dos direitos sociais desde que assumiu o poder na Argentina. OEA, União Europeia e muito menos os EUA mencionam o fato. Mídia hegemônica ignora a violência e o estado de exceção criado por Milei, enquanto a Venezuela está sempre questionada.
por Bruno Falci, de Buenos Aires, para o Portal O Cafezinho
A Câmara dos Deputados ratificou nesta quarta-feira, 11, o veto do presidente de extrema direita Javier Milei à lei de mobilidade previdenciária que melhorou os salários dos trabalhadores aposentados. A sessão no Congresso ocorreu após uma reunião entre legisladores da União Cívica Radical (UCR) e governantes, na qual negociaram o seu apoio ao ajustamento.
O Governo, após esses acordos de última hora, comemorou e deu um suspiro de alívio esta quarta-feira ao conseguir manter o veto à lei de mobilidade de reformas, que a oposição procurou rejeitar, sem sorte, na Câmara dos Deputados. Foi em pleno dia quente, em que a tensão se somou à situação no local com os manifestantes no exterior, no meio de uma operação repressiva especial.
A vitória do partido no poder e dos seus aliados ocorreu depois de a oposição não ter conseguido obter dois terços dos votos. A votação apresentou 153 votos a favor da insistência na regra, ante 87 votos negativos e 8 abstenções. No momento da votação estavam presentes 248 deputados. Portanto, os oponentes precisavam reunir 166 vontades para chegar a dois terços.
Forças populares
Milhares de pessoas cercou o Congresso Nacional contra as políticas neoliberais de Milei que tenta destruir os direitos dos trabalhadores. Protocolo repressivo contra as manifestações foi ativado. O protesto foi convocado a partir do meio-dia por diferentes organizações de aposentados, sindicatos, partidos de esquerda e grupos de piquetes, que a partir das 10 da manhã começaram a concentrar-se nas proximidades do Parlamento.
Entre as forças que se reúnem estão as de esquerda, com o líder do Polo Obrero Eduardo Belliboni à frente, e os dirigentes sindicais Hugo Godoy, secretário-geral da CTA Autônoma, e Hugo Yasky, secretário-geral da CTA. Também está prevista a presença da CGT, através da linha interna chefiada por Pablo Moyano.
Além disso, aderiram à convocação as organizações agrupadas no Sindicato dos Trabalhadores da Economia Popular (UTEP) relacionadas ao kirchnerismo, entre as quais se destaca o Movimento Evita, liderado por Emilio Pérsico; Barrios de Pie, com o oficial de Buenos Aires Daniel Menéndez, A Corrente Classista e Combativa (CCC) do ex-deputado Juan Carlos Alderete; e o Movimento dos Trabalhadores Excluídos de Juan Grabois.
Protocolo repressivo
O Governo de Milei implantou uma forte operação de segurança para esta quarta-feira em resposta à mobilização contra o veto da Lei de Mobilidade dos Aposentados, após os incidentes nas últimas marchas de aposentados nas proximidades do Congresso Nacional. A operação repressiva a cargo do Ministério da Segurança, dirigida por Patrícia Bullrich, mobilizou tropas das cinco forças: Polícia Federal, Prefeitura, Gendarmaria e Polícia de Segurança Aeroportuária. Isso vem acontecendo desde que Milei assumiu o poder na Argentina. OEA, União Europeia e muito menos os EUA não mencionam o fato. Mídia hegemônica ignora a violência e o estado de exceção criado por Milei, enquanto a Venezuela está sempre questionada.
Diante das dramáticas manifestações de idosos, muitos caminhando apoiados em bengalas e agredidos por forte aparato policial, o governo predador de Milei sempre deixou claro que está disposto a tudo para impor seu veto ao modesto aumento para as aposentadorias. Sempre expôs que atende os grandes empresários, para os quais reduziu o imposto sobre os seus bens (bens pessoais). Com a fome dos aposentados, subsidia os mais ricos do país, ao mesmo tempo que garante que “no hay plata” (“não há dinheiro”).
Na praça, em frente e nos arredores do Congresso, ocorreu, novamente, uma brutal repressão policial. Gases, cassetetes e balas de borracha. Esse foi o cardápio repressivo executado pelas três forças federais que puniram os manifestantes. Muitos foram presos, feridos e hospitalizados. Entre os feridos estava uma mulher com balas de borracha e uma menina de 10 anos afetada pelos gases e também trabalhadores da imprensa.
O senador nacional da Unión por la Patria Oscar Parrilli apelidou Bullrich de “a ministra da violência cidadã” por gerar “um clima de violência e repressão contra manifestantes pacíficos”. E acrescentou:
“Eu responsabilizo a ministra, porque o envio das forças de segurança não tem nada a ver com isso, porque se ela falar num protocolo de circulação, ela pode coordenar com os manifestantes, de forma pacífica e sem violência”, disse à rádio AM. 750.
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Argentina, à beira do precipício
Não é uma tarefa fácil domar a economia argentina. Sempre à beira do precipício, basta um passo errado para tudo explodir.
A inflação na Argentina causou um défice nas pensões, forçando os aposentados a economizar em produtos alimentares básicos e medicamentos. A cada duas semanas, um grupo de aposentados se reúne no centro de convivência Caballito Villa Crespo, em Buenos Aires, para tentar esquecer suas tristezas financeiras com lanches e de tabuleiro.
Mais de 85% dos aposentados na Argentina recebem em média 58.500 pesos (265 dólares) por mês. A percentagem equivale a cerca de 6,5 milhões de pessoas que recebem uma pensão mínima, abaixo do limiar da pobreza. Enquanto isso, os números da inflação mostraram um aumento de 7,7% em março, acumulando uma inflação anual de 105%. Apesar do aumento do subsídio governamental de 67 dólares por mês, os custos de renda, medicação e alimentação dispararam para além do alcance dos idosos. A Argentina tem uma das pensões mais baixas da região.
A pobreza atinge 55,5% da população argentina no final do primeiro trimestre deste ano, segundo relatório do Observatório da Dívida Social da Universidade Católica Argentina (UCA) apresentado pela Cáritas Argentina — que representa quase 25 milhões de habitantes. O período coincide com a gestão do presidente Javier Milei, que tomou posse em dezembro, enquanto a divulgação do relatório ocorre em meio a uma crise que envolve o Ministério do Capital Humano, que recorreu à uma decisão da Justiça para distribuir alimentos armazenados. Os últimos dados oficiais disponíveis correspondem ao segundo semestre de 2023, quando o índice de pobreza era de 41,7%, segundo o segundo instituto de estatística Indec, que apresentará em setembro os resultados do primeiro semestre de 2024.
Paulo
13/09/2024 - 09h20
Pois é! Na Argentina reprime-se o aumento dos aposentados; por aqui, reprime-se a própria concessão da aposentadoria…
Roberto
13/09/2024 - 03h55
Chile: Boric reprime violentamente manifestação para lembrar os 51 anos do golpe contra Allende. Mas isso não foi notícia nos sites “progressistas”.
Tony
12/09/2024 - 20h56
Foi pouco, deveriam ter apanhado mais estes trogloditas.