A pesquisa Quaest, divulgada nesta quarta-feira, 11, revela um cenário de empate técnico na corrida pela Prefeitura de Fortaleza.
Capitão Wagner (União) aparece com 24% das intenções de voto, enquanto André Fernandes (PL) e Evandro Leitão (PT) registram 21% cada um. O atual prefeito José Sarto (PDT) está com 18%. Com a margem de erro de 3 pontos percentuais, o levantamento aponta uma disputa acirrada entre os quatro candidatos.
Na comparação com a pesquisa anterior, divulgada em 22 de agosto, Capitão Wagner teve uma queda de 7 pontos percentuais, saindo de 31% para 24%. Já André Fernandes e Evandro Leitão cresceram, ambos indo de 14% para 21%. José Sarto oscilou negativamente dentro da margem, passando de 22% para 18%.
Os demais candidatos registram intenções de voto abaixo de 2%. Eduardo Girão (NOVO) caiu de 3% para 2%, enquanto Técio Nunes (PSOL) manteve 1%. Chico Malta (PCB), Zé Batista (PSTU) e George Lima (Solidariedade) não pontuaram.
A pesquisa, encomendada pela TV Verdes Mares, ouviu 900 eleitores entre os dias 8 e 10 de setembro. O nível de confiança é de 95%, e a margem de erro é de 3 pontos percentuais.
No cenário espontâneo, André Fernandes lidera com 14%, seguido por Evandro Leitão (10%), Capitão Wagner (9%) e José Sarto (8%). O percentual de eleitores indecisos caiu de 71% em agosto para 57% na pesquisa atual.
Análise
A pesquisa Quaest confirma a tendência – já detectada na pesquisa da Atlas/Intel – de uma eleição polarizada na capital cearense. Sob forte influência de seus padrinhos, os candidatos André Fernandes (PL) e Evandro Leitão (PT) estão se tornando mais conhecidos entre o eleitorado.
Porém, a pesquisa mostra que a situação de André Fernandes é mais confortável que de Evandro Leitão em se tratando de rejeição.
Enquanto o candidato do PL marca 30% (aumento de quatro pontos) de rejeição o postulante neopetista registra 40% dos eleitores que conhece e não vota no candidato, aumento de oito pontos na comparação com a pesquisa anterior.
Com forte presença nas redes sociais, Fernandes já está conseguindo “chupar” os votos que mantinham Capitão Wagner firme para o segundo turno. Por sua vez, Wagner está se mostrando um candidato batido e sem tantas novidades para o eleitor alencarino.
Sem falar que a composição política de Wagner enfraqueceu bastante desde a última eleição. Lideranças como Julierme Sena, Inspetor Alberto, Priscila Costa e outras figuras tradicionais da direita fortalezense pularam do barco ‘wagnerista‘ para se juntarem a André Fernandes.
Na busca de crescer nas pesquisas e captar o eleitor de baixa renda, o candidato do União Brasil promete ressuscitar alguns legados deixados pela ex-prefeita Luizianne Lins, do PT, como “fortalecer” o Hospital da Mulher e expandir os “Cucas“, que são centros de arte, cultura e esporte localizados nas periferias da capital.
Além disso, o ex-capitão da PM deixou de lado o discurso fervoroso das campanhas passadas para dar lugar a um discurso “centrista“, frio e insosso. Na prática, a nova postura de Wagner tem afastado o eleitor mais ideológico da direita.
O fato é que no plano geral a estratégia de Wagner não está funcionando e deixa claro como o núcleo da sua campanha se encontra inerte diante da presença, engajamento e tomada de votos por parte de André Fernandes.
Na campanha do bolsonarista raiz, o engajamento nas redes impressiona com linguagem jovem e a narrativa da renovação, mas não é pra menos. Isso porque o PL já abasteceu a campanha de Fernandes com R$10,5 milhões e pretende injetar ainda mais recursos se o candidato da extrema-direita seguir nessa tendência de crescimento.
Segundo interlocutores do PL, o plano do partido é trazer o ex-presidente Bolsonaro na reta final da campanha para “carimbar” a ida de Fernandes para o segundo turno.
Pelo lado da esquerda, o atual prefeito José Sarto (PDT) adotou uma estratégia semelhante a do prefeito de Recife, João Campos (PSB), que consiste numa comunicação digital voltada especialmente para a juventude. Nas redes do pedetista não faltam vídeos caricatos, memes com ataques aos adversários e até dancinhas do prefeito com óculos apelidado de “Juliete”.
Contudo, essa estratégia parece que chegou no esgotamento e Sarto estagnou nas pesquisas. Vale ressaltar que a rejeição do pedetista é alta (52% nesta pesquisa), pois as maiores críticas que rondam a sua gestão são: precariedade no sistema de saúde e ausência de políticas públicas em praticamente todas as áreas nas periferias.
Mas a principal pedra no sapato do atual prefeito é a famosa “Taxa do Lixo” que corrói parte da renda dos trabalhadores fortalezenses da classe média baixa e alta, que estão migrando para a candidatura de André Fernandes.
No conjunto da obra, a situação de Sarto é totalmente oposta a do seu padrinho, o ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT), quando o mesmo buscou a reeleição em 2016 e teve sucesso numa disputa acirrada contra o Capitão Wagner “raiz“, então do PL. É bom sempre ressaltar que apesar da rejeição do seu apadrinhado, RC continua com bom recall em Fortaleza.
Por fim e não menos importante, o candidato neopetista Evandro Leitão tem melhorado sua performance graças ao empenho do ministro da Educação, Camilo Santana, que tirou férias da pasta para se dedicar a campanha do apadrinhado.
Fazendo jus a uma análise honesta e sem a cegueira ideológica, o candidato em si não é dono de um grande carisma, passa longe de ser um candidato petista raiz e durante vários momentos passou a impressão de desconforto por ser candidato do PT. Vale lembrar que Leitão foi do PDT por 14 anos e apoiou a candidatura de Sarto em 2020.
Mas aos poucos, Leitão tem quebrado seu gelo interno e vem mostrando suas propostas para o eleitor, especialmente o periférico que tende a votar nos candidatos apoiados pelo presidente Lula com propostas para o sistema de saúde, geração de empregos e segurança alimentar.
Por ser o candidato de Lula e Camilo, o neopetista começa a ganhar corpo nas pesquisas e conta com uma ampla aliança de partidos como o MDB, PSD, Republicanos e o próprio PSB do senador Cid Gomes, que já declarou publicamente apoio a candidatura do neopetista.