Apesar de pressões internas, presidente focará em medidas de combate à seca e não emitirá decreto emergencial sobre as queimadas e a crise climática.
Nesta terça-feira, 10 de setembro de 2024, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitará comunidades no Amazonas para anunciar medidas contra a seca. Contudo, uma decisão que vem causando grande especulação nos bastidores do governo é a de não decretar estado de emergência relacionado às queimadas e à crise climática.
De acordo com fontes do Palácio do Planalto, membros do Partido dos Trabalhadores (PT) pressionaram ministros e assessores do governo para que um decreto fosse incluído no anúncio. O país enfrenta uma das mais graves temporadas de queimadas, com 6,7 milhões de hectares já destruídos em 2024, e a situação tem gerado crescente preocupação. No entanto, Lula optará por focar apenas nas ações de combate à seca, com destaque para o lançamento de obras de dragagem nos rios Amazonas e Solimões, a fim de garantir a navegabilidade e o escoamento de insumos nas áreas afetadas pela estiagem.
O governo federal está avaliando outras opções em relação às queimadas, e a possibilidade de um decreto voltado ao manejo do fogo permanece em discussão. Fontes afirmaram que “nada impede” que esse decreto venha a ser adotado em um momento futuro, mas, para o evento de hoje, o foco será nas medidas contra a seca. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, também estará presente no evento em Manaus e confirmará que o pacote de ações inclui investimentos de R$ 500 milhões em obras de dragagem.
Assessores próximos ao presidente chegaram a falar com a coluna sobre a possibilidade de uma Medida Provisória sobre as queimadas, porém sem dar detalhes sobre o teor dela.
O evento ocorre em meio a discussões acaloradas sobre a resposta do governo à crise climática. Fontes ligadas ao Palácio do Planalto destacaram que a gravidade da seca na Amazônia, considerada a pior dos últimos 45 anos, demanda uma resposta imediata para evitar a paralisação do transporte de mercadorias, já que os níveis dos rios estão drasticamente baixos.
Membros do PT, entretanto, continuam pressionando por uma resposta mais abrangente à crise climática. Eles consideram que o governo deve adotar medidas mais enérgicas, como o decreto de estado de emergência, para lidar com os incêndios florestais e suas consequências devastadoras para a população amazônica e o meio ambiente.
Apesar das expectativas em torno de um anúncio mais robusto em relação às queimadas, Lula manterá o foco nas ações locais contra a seca. O governo federal já investiu R$ 88 milhões em assistência humanitária para os municípios afetados, mas a ausência de um decreto relacionado às queimadas pode gerar mais debates internos no partido e entre lideranças ambientais.
Ainda assim, a expectativa é de que o governo continue avaliando a situação das queimadas e o impacto da crise climática nas próximas semanas, podendo tomar novas decisões caso o cenário se agrave. Por ora, o presidente dará destaque às ações emergenciais contra a seca, deixando o tema das queimadas para uma abordagem futura.
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