Com vendas do iPhone abaixo do esperado, a Apple aposta em inovações baseadas em inteligência artificial para atrair consumidores e recuperar sua posição no mercado global.
A Apple está apostando em um novo software de inteligência artificial para impulsionar as vendas do iPhone, que vêm apresentando um desempenho fraco. Wall Street acredita que os recursos de IA generativa convencerão milhões de consumidores a comprar a nova versão do principal dispositivo da empresa.
Na segunda-feira, a gigante da tecnologia revelará o iPhone 16 em sua sede em Cupertino, Califórnia. Analistas de mercado esperam que as receitas do iPhone cresçam cerca de 5% até 2025, impulsionadas por consumidores atraídos pelos novos recursos de IA.
Esse novo dispositivo será o centro do sistema “Apple Intelligence”, anunciado pelo CEO Tim Cook em junho. A novidade inclui uma versão reformulada da assistente de voz Siri, ferramentas de edição de fotos alimentadas por IA e uma parceria com a OpenAI, oferecendo acesso gratuito ao ChatGPT.
Segundo o Financial Times, o novo iPhone virá com o chip A18, desenvolvido com a tecnologia de ponta da Arm, projetado para lidar melhor com as exigências computacionais da IA. Contudo, analistas buscam mais clareza sobre a velocidade com que a Apple implementará e aprimorará o Apple Intelligence, criando uma nova variável nos negócios da empresa.
Pela primeira vez desde o lançamento do primeiro iPhone, há 17 anos, a Apple está focando em atualizações de software baseadas em IA, em vez de grandes mudanças de hardware, para convencer os consumidores a comprar novos aparelhos todos os anos – uma estratégia que ajudou a empresa a se tornar uma gigante avaliada em US$ 3,3 trilhões, equivalente a R$ 18,4 trilhões.
“Esse ciclo será marcado pela introdução gradual de recursos, em vez de um grande lançamento de melhorias no hardware”, disse Wamsi Mohan, analista do Bank of America. “O que ainda não está totalmente claro é quando o Apple Intelligence será lançado e com quais funcionalidades. Isso muda a forma como o mercado enxerga o ciclo de atualizações.”
Qualquer aumento nas vendas do iPhone seria uma mudança em relação a 2024, quando a concorrência na China prejudicou as vendas do principal produto da Apple. As receitas do iPhone caíram 10% no primeiro trimestre de 2024, totalizando US$ 46 bilhões (R$ 256,7 bilhões). No segundo trimestre, a receita foi de US$ 39,3 bilhões (R$ 219,3 bilhões), uma leve queda em relação ao ano anterior. O iPhone representou cerca de 46% da receita total da Apple no período.
Apesar dos desafios, as ações da Apple subiram cerca de 19% desde o início do ano, graças ao anúncio do Apple Intelligence, o que permitiu à empresa manter sua posição como a mais valiosa dos EUA, à frente da Microsoft e Nvidia.
No entanto, uma incógnita é a velocidade de implementação global do Apple Intelligence. A Apple anunciou que os recursos da OpenAI serão lançados até o fim do ano, mas inicialmente apenas em inglês nos EUA. Na Europa, alguns recursos foram adiados devido às novas regulamentações tecnológicas da União Europeia.
Analistas da Piper Sandler e Morgan Stanley estão focados no cronograma de lançamento da IA. Dan Ives, da Wedbush, está otimista, afirmando que a Apple está prestes a iniciar “o maior ciclo de atualização de sua história”.
Gene Munster, da Deepwater Asset Management, comentou que esse ciclo será diferente dos lançamentos anteriores. “Normalmente, é possível avaliar o sucesso com base nas vendas dos primeiros meses. Desta vez, será um processo mais longo até que o momentum se estabeleça.”
Munster também alertou que o sucesso dos lançamentos do iPhone varia. Em 2019, as receitas caíram cerca de 13,6%. Já em 2021, impulsionadas pela pandemia, cresceram 39,3%, mas se estabilizaram em 2022 e 2023. “O mercado de iPhones está longe de ser estável, apesar do que alguns investidores possam pensar”, concluiu.