Após uma semana cheia de compromissos como reuniões de trabalho, atividades com as crianças e aulas de exercícios, é comum que as noites de sono sejam curtas e interrompidas. No entanto, um estudo recente traz uma boa notícia: dormir melhor durante os finais de semana pode reduzir o risco de desenvolver doenças cardíacas em quase 20%. Essa descoberta foi apresentada nesta sexta-feira (6) durante a reunião da Sociedade Europeia de Cardiologia.
Segundo o coautor do estudo, Yanjun Song, do State Key Laboratory of Infectious Disease no Fuwai Hospital, em Pequim, “dormir mais aos finais de semana está associado a um menor risco de doença cardíaca, principalmente para aqueles que não conseguem descansar adequadamente durante a semana”. A relação entre o sono de recuperação e a redução do risco de doenças cardíacas é ainda mais forte para indivíduos que costumam dormir menos de sete horas por noite regularmente.
Embora já se soubesse que recuperar o sono durante o fim de semana pode compensar os efeitos da privação de sono, o impacto desse hábito na saúde do coração ainda não havia sido tão amplamente estudado. Os benefícios dessa recuperação incluem melhorias em condições como obesidade, hipertensão, depressão e até mesmo a redução do risco de derrames.
O estudo, que analisou dados de 90.903 adultos do projeto UK Biobank, revelou que ao longo de 14 anos, as pessoas que dormiam mais nos finais de semana apresentavam 19% menos chance de desenvolver doenças cardíacas. Entre os participantes que sofriam de privação diária de sono (menos de sete horas de descanso por noite), o aumento do sono aos finais de semana levou a uma redução de 20% no risco de problemas cardíacos.
Esse resultado foi observado em ambos os sexos e entre os que acrescentaram, em média, 1,28 horas extras de sono aos finais de semana, totalizando 16 horas de descanso. “Nossos resultados mostram que, para a grande parte da população que sofre com a falta de sono durante a semana, o sono de recuperação no fim de semana é essencial para reduzir o risco de doenças cardíacas”, destacou Zechen Liu, coautor do estudo.
Além de reduzir o risco de doenças cardíacas, o estudo apontou que o sono de recuperação também impacta positivamente na diminuição das chances de desenvolver fibrilação atrial e derrames. Outro estudo, realizado em 2022, revelou que 90% das pessoas não têm um sono regular e de qualidade, mas sete em cada 10 casos de doenças cardiovasculares poderiam ser prevenidos se as pessoas dormissem entre sete e oito horas por noite.
De acordo com o autor desse estudo, Aboubakari Nambiema, do Instituto Nacional Francês de Saúde e Pesquisa Médica, a educação sobre a importância de um bom sono deve começar desde cedo. “É fundamental que as pessoas entendam a relevância do sono para a saúde do coração. Reduzir o ruído noturno e o estresse no trabalho também pode ajudar a melhorar a qualidade do sono”, afirmou.
Esse estudo acompanhou 7.200 pessoas entre 50 e 75 anos, sem sinais de doenças cardiovasculares, durante um período de 10 anos. Os pesquisadores monitoraram os participantes a cada dois anos e descobriram que 274 pessoas desenvolveram doenças cardíacas ou sofreram derrames. Aqueles que melhoraram a qualidade do sono ao longo do estudo reduziram significativamente o risco de desenvolver esses problemas de saúde.
Embora o sono de recuperação traga benefícios, os especialistas alertam que dormir demais também pode ser prejudicial. Uma análise realizada em 2018 com 1 milhão de adultos, apresentada na Sociedade Europeia de Cardiologia, mostrou que tanto a privação de sono quanto o excesso de sono aumentam o risco de desenvolver ou morrer de doenças como a doença arterial coronariana ou derrame. “Ter uma noite curta ou dormir até mais tarde ocasionalmente não trará grandes problemas à saúde, mas é importante evitar a privação prolongada ou o excesso de sono”, afirmou Epameinondas Fountas, do Centro de Cirurgia Cardíaca Onassis, na Grécia.
A quantidade ideal de sono é uma peça-chave para manter um estilo de vida saudável e um coração protegido.
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