“China deve agir para evitar crise”, alerta ex-banqueiro central japonês

Ex-governadores de bancos centrais alertaram sobre deflação e desaceleração, sintomas das "décadas perdidas" do Japão.

A China precisa tomar medidas para evitar um destino semelhante ao do Japão, que sofreu grandes quedas no deflator do PIB e no índice de preços ao produtor (IPP), alertou Haruhiko Kuroda, ex-governador do Banco Central do Japão, durante a Cúpula do Bund em Xangai nesta sexta-feira (6).

O alerta foi feito em meio a discussões intensas entre acadêmicos e especialistas sobre a possível “japonização” da China, já que o país enfrenta uma crise imobiliária, pressão deflacionária e desafios demográficos, lembrando as “décadas perdidas” do Japão. Kuroda mencionou a deflação que afetou o Japão de 1998 a 2012, destacando a estagnação salarial como o maior desafio daquele período. Durante seu mandato, de 2013 a 2023, o Japão implementou várias rodadas de flexibilização quantitativa e reformas estruturais, conseguindo sair da espiral deflacionária. Contudo, Kuroda observou que a deflação na China “não era tão grave quanto a do Japão”, mas enfatizou a importância de manter o aumento dos salários.

Desde outubro de 2022, o IPP da China vem caindo, enquanto o índice de preços ao consumidor (IPC), um indicador crucial da inflação, entrou em território contracionista entre outubro de 2023 e janeiro. Embora o IPC não esteja mais em queda, seu crescimento permanece fraco, com um aumento anual de apenas 0,5% registrado em julho. O Escritório Nacional de Estatísticas da China deve divulgar os números de agosto na segunda-feira.

No mesmo evento, Yi Gang, ex-governador do Banco Popular da China, destacou a necessidade urgente de combater a deflação. “Devemos nos concentrar em combater a pressão deflacionária”, disse Yi, que encerrou seu mandato em julho de 2023. Ele acrescentou que a prioridade imediata é tornar o deflator do PIB positivo no curto prazo, embora algumas pessoas questionem essa abordagem.

Apesar dos sinais de recuperação, Yi observou que a segunda maior economia do mundo ainda está em uma recuperação modesta. O governo chinês reconheceu a fraqueza da demanda interna e implementou várias iniciativas para estimular o consumo, como subsídios e programas de troca, mas nega que a deflação seja uma ameaça significativa.

Yi destacou que uma série de indicadores de preços esteve em território negativo por vários trimestres, incluindo o IPP, que caiu por 22 meses consecutivos até julho. Ele expressou esperança de que o índice se estabilize em zero até o final do ano e que o deflator do PIB retorne a um patamar “ligeiramente positivo”.

O consumo na China tem diminuído em meio à desaceleração econômica, mas o aumento observado em julho superou as expectativas, principalmente devido às mudanças nos preços dos alimentos. Para lidar com a situação, Yi pediu ao governo que adote medidas para enfrentar o desemprego, implemente uma política fiscal proativa e mantenha uma política monetária de apoio.

“A chave é aumentar a demanda interna, resolver a crise imobiliária, enfrentar o problema da dívida do governo local e restaurar a confiança da sociedade”, concluiu Yi.

Via Agências de Notícias

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