Continuando o relato anterior, preciso agora falar mais de Wuhan, capital da província de Hubei. É um dos lugares mais impressionantes que visitamos. A cidade, assim como Beijing, é inteiramente arborizada. No vídeo abaixo, vocês podem as flores plantadas nas laterais dos viadutos, e mais adiante, os imensos parques espalhados pela cidade.
Os vídeos e fotos são de minha autoria.
Chegamos em Wuhan no sábado à noite, dia 24 de agosto, e no dia seguinte pela manhã, o grupo se dirigiu à Universidade de Hubei, onde fomos recepcionados por dirigentes da instituição, professores, estudantes brasileiros que estudam por lá, e estudantes chineses que estudam português.
Foi uma linda recepção, com música ao vivo e performance de artes marciais, seguida por uma conversa formal entre a delegação brasileira, docentes e alunos.
A Universidade abriga cerca de 50 estudantes brasileiros, todos com bolsa completa de estudos. A maioria é do estado de São Paulo e se envolveu com estudos do chinês através de cursos no Instituto Confúcio, que tem parcerias com a Unesp.
No dia seguinte, conhecemos o Instituto de Novas Energias de Hubei, idealizado e construído através de uma parceria da prefeitura de Wuhan e a Universidade de Hubei.
Trata-se de uma estrutura absolutamente futurística, tanto do ponto-de-vista arquitetônico quanto conceitual.
O conceito do Instituto não poderia ser mais chinês. Eles o caracterizam como os “quatro diferentes”: parece um instituto mas não é; parece uma empresa, mas não é; parece uma estatal, mas não é; parece um laboratório, mas não é.
A sede do instituto é um gigantesco edifício de 140 metros de altura, em forma de uma flor, ladeado de prédios em forma de folha.
A cobertura imensa abriga uma enorme quantidade de placas fotovoltaicas, além de guardar água da chuva, o que, juntamente com um sistema avançado de reciclagem de água, faz com que a estrutura seja praticamente autônoma em energia e água.
Visitamos ainda empresas fabricantes de drones inteligentes, de carros elétricos de luxo, de tecnologia no uso de laser, e de produção de carros e ônibus autônomos. Aliás, os brasileiros puderam andar nos carros e ônibus autônomos, ou seja, sem motoristas, pela cidade.
Ainda em Wuhan, visitamos uma enorme instituição de mídia estatal, de TV e rádio, com mais de 16 mil funcionários, e produção avançada de telejornais, documentários e produtos de ficção.
Um dos fatores que chamam atenção na China é a autonomia financeira e institucional dessas organizações. Naturalmente, todas elas estão unidas sob as diretrizes convergentes do país. Entretanto, uma vez assimiladas as grandes metas e ideias, as instituições regionais assumem as rédeas de seu destino, e procuram financiamentos próprios para seus projetos.
Mais tarde dou continuidade ao relato. Acho que passarei algumas semanas, ou meses, contando tudo qe vi.
Ah, e uma errata: a foto do post anterior, com o chinês Zhao e Rovai, num bar, era na cidade de Wuhan, e não em Chengdu.
Mas vamos trazer aqui também alguns dados econômicos quentes sobre a relação Brasil X China. Hoje foram divulgados, pela Secretaria de Comércio Exterior, os dados relativos ao comércio exterior do Brasil até agosto.
O aumento do saldo comercial brasileiro com a China é impressionante. Nos últimos 12 meses, o Brasil exportou US$ 105,6 bilhões para a China, e importou quase US$ 60 bilhões, perfazendo um saldo recorde de US$ 46,6 bilhões.
A exportação brasileira para a China é fortemente concentrada em três produtos, soja, ferro e petróleo, que representaram 77% de tudo que o Brasil exportou para a China nos últimos 12 meses até agosto.
Eu também pesquisei no banco de dados do governo chinês, para entender o comércio exterior da China. Consegui compilar alguns dados que são difíceis de reunir por aí. Os números são da Administração Geral de Alfândegas da República Popular da China (GACC).
No período de sete meses de janeiro a julho, a China teve m saldo de US$ 518 bilhões. Os principais destinos dos produtos chineses foram União Europeia (15%), EUA (14%), Asean (16%), América Latina (8%) e África (5%).
Entre os principais fornecedores para a China, temos a União Europeia (10,5%), EUA (6%), Asean (15%), Taiwan (8%), América Latina (9%) e África (5%).
O Brasil é responsável, sozinho, por 4,6% de todas as compras chinesas no exterior. E a gente compra, por sua vez, 2,7% de tudo que a China vende para o mundo.
Eu chamaria atenção para a relação da China com Taiwan. Taiwan exportou, em apenas 7 meses (jan/jul), um total de US$ 115,9 bilhões a China, um aumento de 13% sobre o ano anterior, a despeito das pressões americanas para que a ilha reduza sua parceria comercial com o continente.
A China é, de longe, o maior comprador global de produtos de alta tecnologia. No acumulado dos primeiros sete meses do ano, a China importou US$ 413,9 bilhões em prodtos de alta tecnologia, um aumento de 12% sobre igual período do ano anterior.