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Datafolha: Pablo Marçal estagnado, alertas para Boulos e fôlego para Nunes

Pesquisa Datafolha aponta estagnação de Pablo Marçal, liderança de Guilherme Boulos e incerteza no segundo turno; campanhas precisam ajustar estratégias para conquistar eleitores indecisos e expandir suas bases.

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Boulos, Nunes e Marçal seguem tecnicamente empatados na corrida pela prefeitura de São Paulo, segundo nova pesquisa Datafolha / Foto: Reprodução

Pesquisa Datafolha aponta estagnação de Pablo Marçal, liderança de Guilherme Boulos e incerteza no segundo turno; campanhas precisam ajustar estratégias para conquistar eleitores indecisos e expandir suas bases.


A mais recente pesquisa Datafolha, divulgada em 5 de setembro, revela um cenário competitivo na corrida pela Prefeitura de São Paulo. Guilherme Boulos (PSOL), Ricardo Nunes (MDB) e Pablo Marçal (PRTB) se destacam, mas o segundo turno ainda é incerto. As campanhas precisam recalibrar suas estratégias para captar eleitores indecisos e consolidar bases. O período de 15 a 20 de setembro será crucial para definir um panorama mais claro, mas já é possível observar tendências com os dados disponíveis.

Pablo Marçal e a estagnação: risco de perder espaço

Pablo Marçal iniciou sua campanha em alta, com crescimento notável. Em julho, Marçal aparecia com 14% das intenções de voto, e esse número subiu para 21% em agosto. No entanto, sua candidatura parece ter atingido um teto, especialmente devido à alta rejeição entre o público feminino. Enquanto Marçal tem 29% de apoio entre os homens, apenas 16% das mulheres declararam voto nele, o que reflete um desequilíbrio significativo.

A rejeição de Marçal, que saltou de 30% para 34%, também contribui para a estagnação de sua campanha. Esse nível de rejeição é comparável ao de Guilherme Boulos, que lidera o quesito com 37%. Um dado adicional que prejudica Marçal é sua baixa penetração entre os eleitores mais velhos: ele conta com apenas 17% de apoio entre aqueles com mais de 60 anos, em contraste com seu melhor desempenho na faixa de 25 a 34 anos, onde chega a 27%.

Além disso, o eleitorado feminino tem sido um obstáculo importante para Marçal, e essa dificuldade reflete um padrão visto em eleições anteriores, como em 2022, quando Jair Bolsonaro enfrentou problemas semelhantes ao tentar captar votos entre as mulheres. O fato de Marçal adotar uma agenda internacional nesse momento decisivo é um erro estratégico, similar ao de Marcelo Freixo em 2022, quando ele também perdeu tempo em uma campanha acirrada ao optar por uma agenda internacional.

Guilherme Boulos: o desafio de conquistar o eleitorado de Nunes

Guilherme Boulos, com 23% das intenções de voto, está à frente na disputa, mas enfrenta dificuldades para expandir sua base entre eleitores de menor renda e mais velhos. Ele se sai bem entre aqueles que avaliam negativamente a gestão de Ricardo Nunes — um grupo que representa 25% do eleitorado. No entanto, ele ainda precisa intensificar sua campanha para captar eleitores das classes mais baixas e nas periferias, onde sua presença ainda não é suficientemente forte.

Por exemplo, entre os eleitores com nível superior, Boulos lidera com 34% das intenções de voto, seguido por Marçal com 22% e Nunes com 16%. No entanto, entre aqueles com ensino fundamental, Boulos tem apenas 20%, enquanto Nunes se destaca com 31%, e Marçal fica com 12%. Esse segmento é crucial para a ampliação da base de Boulos, e a memória de Marta Suplicy, que tem forte apelo na periferia, poderia ser um ativo importante.

Boulos também poderia explorar melhor sua ligação com Lula, que possui uma base sólida entre eleitores de baixa renda. Nos eleitores que ganham até dois salários mínimos, Boulos aparece com 19%, enquanto Nunes tem 28% e Marçal 17%. Esse é um espaço onde a campanha de Boulos pode crescer ao associar-se ainda mais ao PT e às figuras influentes em regiões periféricas.

Ricardo Nunes: o risco de perder para Marçal e Boulos

Ricardo Nunes tem uma base sólida, mas enfrenta uma aprovação dividida. Apenas 25% dos eleitores aprovam sua gestão, enquanto outros 25% a reprovam, e 48% a classificam como regular. Nunes performa bem entre aqueles que avaliam positivamente sua gestão, que correspondem a dois quartos do eleitorado, mas ele só consegue captar menos da metade desses eleitores.

Entre os eleitores com renda até dois salários mínimos, Nunes ampliou seu apoio de 18% para 28%. Contudo, entre eleitores da classe média (com renda entre dois e cinco salários mínimos), ele tem 21%, enquanto Boulos e Marçal estão empatados com 24% cada. Isso indica que Nunes enfrenta concorrência direta de Marçal para capturar essa fatia essencial do eleitorado.

Um dado relevante é o desempenho de Nunes entre os eleitores mais ricos (com renda acima de cinco salários mínimos). Nesse segmento, Boulos lidera com 26%, seguido de perto por Marçal com 25%, enquanto Nunes fica com 17%. Essa diferença significativa entre os mais ricos pode prejudicar Nunes, especialmente em um possível segundo turno, onde ele precisará conquistar eleitores de todas as faixas de renda.

Análise das intenções de voto: um segundo turno ainda indefinido

Até o momento, os dados indicam que Boulos lidera a corrida, mas o segundo turno ainda está indefinido, com Marçal e Nunes disputando o segundo lugar. Nas simulações de segundo turno, Nunes aparece à frente com 47% dos votos válidos contra 38% de Boulos. Entretanto, a alta rejeição de ambos os candidatos e a ascensão de Marçal podem alterar esse cenário.

Outro dado importante é a motivação do eleitorado. Segundo a pesquisa Datafolha, 38% dos eleitores afirmam estar muito motivados para votar, enquanto 30% declararam pouca motivação (com notas de 0 a 3 no grau de motivação). A média de motivação do eleitorado é 5,9, com os homens demonstrando maior motivação (nota média de 6,4) do que as mulheres (nota média de 5,4). Esse dado pode impactar diretamente na participação eleitoral, especialmente entre o eleitorado de Marçal, que tem maior apoio entre os homens.

Além disso, 48% dos eleitores ainda não sabem em quem votar, um dado relevante para medir a fluidez da corrida. Isso sugere que os próximos debates e movimentações das campanhas poderão alterar o cenário eleitoral. Embora Marçal tenha estagnado, ele ainda pode atrair eleitores indecisos, enquanto Boulos e Nunes precisarão lutar para manter suas bases e conquistar novos apoios.

Rejeição como fator decisivo

A rejeição também desempenhará um papel fundamental na definição do segundo turno. Guilherme Boulos lidera o índice de rejeição com 37%, seguido por Pablo Marçal com 34% e Datena com 32%. Esse nível de rejeição torna difícil a tarefa de ambos os candidatos no segundo turno, uma vez que precisam conquistar eleitores que hoje demonstram forte resistência a suas candidaturas.

A rejeição de Marçal é particularmente preocupante entre as mulheres e os eleitores mais velhos, enquanto Boulos enfrenta dificuldades para conquistar eleitores de baixa renda. Para Nunes, o desafio é manter seu eleitorado, que se divide entre aqueles que consideram sua gestão positiva e os que veem sua administração como regular.

Conclusão

O cenário eleitoral em São Paulo está em constante evolução. Enquanto Boulos lidera as pesquisas, o segundo turno ainda está longe de ser decidido. A estagnação de Marçal, a alta rejeição de Boulos e o desempenho oscilante de Nunes tornam a disputa ainda mais imprevisível. As próximas semanas serão decisivas para definir quem avançará para o segundo turno e qual será a estratégia de cada candidato para conquistar os eleitores indecisos e expandir suas bases.

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Cleber Lourenço

Defensor intransigente da política, do Estado Democrático de Direito e Constituição. | Colunista n'O Cafézinho com passagens pelo Congresso em Foco, Brasil de Fato e Revista Fórum | Nas redes: @ocolunista_

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