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Economia circular: desafios e oportunidades para a indústria brasileira

Como a economia circular pode ganhar escala protegendo o meio ambiente e realizando todo o seu potencial socioeconômico Economia circular é um conceito que associa o desenvolvimento socioeconômico e o bom uso de recursos naturais, priorizando insumos mais duráveis, recicláveis e renováveis. Ela está fortemente relacionada a uma maior sustentabilidade ambiental ao contribuir para a […]

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Como a economia circular pode ganhar escala protegendo o meio ambiente e realizando todo o seu potencial socioeconômico

Economia circular é um conceito que associa o desenvolvimento socioeconômico e o bom uso de recursos naturais, priorizando insumos mais duráveis, recicláveis e renováveis. Ela está fortemente relacionada a uma maior sustentabilidade ambiental ao contribuir para a redução de resíduos e uma maior eficiência energética.

Por meio dela, busca-se estender a vida útil dos produtos e materiais a partir de iniciativas de reutilização, reciclagem e recuperação nos processos de produção, distribuição e consumo. Na indústria, isso implica em reduzir a quantidade de recursos e matérias-primas necessárias para fabricar o mesmo produto, mantendo o mesmo nível de qualidade. Desse modo, diferentes tipos de resíduos, como roupas, sucata de metal e eletrônicos obsoletos, são reintegrados ou utilizados de forma mais eficiente.

Os processos circulares podem ser agrupados em quatro categorias, da mais impactante para a de menor impacto:

1. Reduzir por meio do design: reduzir a quantidade de material utilizado, especialmente matéria-prima, deve ser aplicado como um princípio orientador geral desde as primeiras etapas de design de produtos e serviços.

2. Do ponto de vista da(o) usuária(o) para usuária(o): Recusar, Reduzir e Reutilizar.

3. Do ponto de vista intermediário da(o) usuária(o) para a empresa: Reparar, Recondicionar e Remanufaturar.

4. Do ponto de vista de empresa para empresa: Reaproveitar e Reciclar.

De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), manter os materiais por mais tempo na economia por meio de reutilização, reaproveitamento ou reciclagem poderia reduzir 33% das emissões de dióxido de carbono incorporadas nos produtos. O Brasil ainda precisa avançar mais nesse sentido: o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revela que, a cada ano, mais de R$ 8 bilhões em materiais vão para aterros e lixões em vez de serem reciclados.

Além de gerar impactos positivos ao meio ambiente, a adoção de um modelo de economia circular tem o potencial de gerar novas oportunidades para a indústria, o comércio e para a criação de empregos em diferentes setores. Para a indústria, as seguintes oportunidades podem ser destacadas, conforme indica a OCDE:

• Redução dos custos dos materiais;
• Fortalecimento da cadeia de valor e dos parques industriais;
• Diferenciação de mercados;
• Regularização de trabalho informal e geração de novos empregos;
• Incentivo à pesquisa sobre matérias primas mais seguras, renováveis e atóxicas;
• Criação de negócios com estratégias de manutenção de valor e resilientes;
• Redução do uso de recursos primários por meio da recuperação de recursos e/ou do design.

Desafios

Entre os desafios pontuais a serem superados, cabe destacar as limitações de infraestrutura, a falta de incentivos e a perda de valor no descarte inadequado de resíduos. Para a Indústria, um grande desafio é que empresas desenvolvam novos modelos de negócio que agreguem valor ao produto/serviço.

No Brasil, há inovações em modelos de negócios circulares nos formatos de Produto como serviço, Compartilhamento, Extensão da vida do produto, Insumos circulares, Recuperação de recursos e Virtualização. Há exemplos de indústrias em diversos segmentos da economia desenvolvendo uma série de ações de economia circular, como o design modular realizado pela Precon Engenharia; a escolha de matérias-primas mais seguras, renováveis e atóxicas adotada pela Tarkett e C&A; e a regularização do trabalho informal e a geração de novos empregos na Rede Asta. Mas ainda é necessário superar os desafios existentes para que seja possível ocorrer uma transição do modelo econômico atual para um mais sustentável e circular.

Para que a economia circular ganhe escala e realize todo o seu potencial ambiental e socioeconômico no país, é necessário criar as condições facilitadoras necessárias, como educação para desenvolvimento de competências, políticas públicas específicas, infraestrutura voltada à circularidade e tecnologias inovadoras. A colaboração entre diferentes atores-chave é importante, e as empresas podem assumir um papel mais ativo e liderar ações nesse sentido. Em especial, as Micro e Pequenas Empresas (MPEs) necessitam de apoio para que possam acompanhar a transição para o modelo circular.

As seguintes linhas de atuação se destacam para fortalecer a economia circular no Brasil:

Políticas públicas

• Tratamento fiscal e regulamentação adequadas;
• Compras públicas sustentáveis; e
• Geração de empregos de qualidade.

Educação

• Campanhas educativas amplas; e
• Capacitação profissional.

Pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I)

• Inovação em design de produtos, serviços e processos;
• Desenvolvimento de métricas de circularidade; e
• Parceria entre setor privado e academia.

Financiamento

• Orientação para acesso a recursos e elaboração de projetos; e
• Ampliação das linhas de financiamento para economia circular.

Mercado (ambiente de negócios)

• Material em quantidade e qualidade para reciclagem;
• Cooperação em um ambiente competitivo; e
• Identidade da indústria brasileira como sustentável (circular).

Publicado originalmente pela Agência Gov em 31/08/2024 – 09h29

Por Gabriela Benatti

Este artigo é informado por uma das diversas respostas rápidas realizadas de forma voluntária pelo Instituto Veredas para órgãos do governo federal que, no ano de 2023, estavam em busca de evidências para apontar os melhores caminhos para enfrentar alguns desafios. A pesquisa que inspirou este artigo, você encontra aqui.

Gabriela Benatti é formada em Relações Internacionais (Facamp), mestre e doutora em Desenvolvimento Econômico (Unicamp) e doutora em Biotecnologia e Sociedade (TU Delft). É pesquisadora do Instituto Veredas desde 2019.

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