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Desemprego em queda, mas salários baixos dificultam melhora na aprovação do governo Lula

Apesar da redução no desemprego, a criação de vagas com salários baixos e a frustração de jovens com formação superior dificultam que esses dados se traduzam em apoio ao governo federal.

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Apesar da redução no desemprego, a criação de vagas com salários baixos e a frustração de jovens com formação superior dificultam que esses dados se traduzam em apoio ao governo federal.


Apesar da queda nos índices de desemprego registrados ao longo de 2024, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta dificuldades para converter esses números em uma melhora significativa na sua aprovação popular. Segundo dados do Novo Caged, a maioria das vagas criadas ao longo do ano está concentrada em faixas salariais baixas, especificamente entre um salário mínimo e um salário mínimo e meio, o que tem limitado o impacto positivo das estatísticas de emprego na opinião pública.

Em uma análise dos dados mensais de 2024, a situação se torna ainda mais clara. Em janeiro, dos 180.395 empregos gerados, quase metade (49,63%) estava na faixa salarial de até um salário mínimo e meio. Esse percentual subiu consideravelmente nos meses seguintes: 63,90% em fevereiro, 69,48% em março, 73,35% em abril, e atingiu 86,71% em maio, com 105.970 dos 122.208 empregos gerados nesse mês pertencendo à faixa salarial mais baixa. Nos meses de junho e julho, a tendência se manteve, com 83,37% e 84,29%, respectivamente, dos empregos criados nesta faixa salarial.

Além disso, uma análise mais profunda dos dados revela uma disparidade preocupante em termos de qualificação. Poucas vagas estão sendo criadas para pessoas com ensino superior completo ou incompleto, o que gera frustração principalmente entre os jovens que estão investindo em sua educação na expectativa de melhores oportunidades. O saldo de empregos é particularmente baixo para esses grupos, evidenciando um mercado de trabalho que não oferece as oportunidades esperadas para aqueles que buscam ascender social e economicamente.

Este cenário, em que a maioria dos novos empregos gerados oferece remuneração insuficiente para cobrir as necessidades básicas de uma família, reforça a crítica de que a recuperação do mercado de trabalho não está sendo acompanhada por uma melhora real nas condições de vida da população. Segundo o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), o salário mínimo necessário para garantir o sustento de uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 6.723 em janeiro de 2024. O salário mínimo atual, que é apenas um quinto desse valor, demonstra o quanto os salários oferecidos estão aquém do necessário para garantir uma vida digna.

Esses fatores ajudam a explicar por que a redução do desemprego não se traduz em um aumento significativo na aprovação do governo. Enquanto os números mostram uma diminuição do desemprego, a qualidade dos empregos gerados — predominantemente de baixa remuneração e com poucas oportunidades para aqueles com maior qualificação — impede que esses dados se convertam em uma percepção positiva entre a população.

A frustração é ainda maior entre os jovens que estão se qualificando, mas não encontram no mercado de trabalho a valorização esperada para suas habilidades. Este grupo, que se mostra volátil em pesquisas eleitorais, pode continuar a apresentar resistência em apoiar o governo, especialmente quando vê que os dados econômicos não refletem uma melhoria em suas perspectivas de futuro.

Portanto, o desafio para o governo Lula não está apenas em reduzir o desemprego, mas em garantir que os empregos criados ofereçam condições dignas e proporcionem uma melhoria real na qualidade de vida da população. Caso contrário, mesmo com números positivos no papel, a percepção negativa e a insatisfação popular poderão continuar a prejudicar sua avaliação nas pesquisas de opinião.

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Cleber Lourenço

Defensor intransigente da política, do Estado Democrático de Direito e Constituição. | Colunista n'O Cafézinho com passagens pelo Congresso em Foco, Brasil de Fato e Revista Fórum | Nas redes: @ocolunista_

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Ewerton Siqueira

04/09/2024 - 10h15

Por i vocês vão vendo: Um cidadão que ganha dois salários mínimos com três filhos, necessita que a esposa trabalhe de doméstica para aguentar as despesas, isto quando ganha dois. Mas, muita gente que ganha só um salário mínimo. Como é o caso de um servente de pedreiro com esposa e dois filhos (um deficiente mental) a esposa não pode trabalhar, pois, tem que ficar em casa cuidando dos mesmos. E o pior, o coitado solicitou o BPC para o deficiente e o INSS negou. Por ai vocês vão vendo, o buraco que estamos atolados, aliás, já ultrapassamos o fundo do poço.
Só mesmo um idiota é que apoia este tipo de coisa: Um salário mínimo dá para quatro pessoas. Os Juízes do trf1 dizem em “off” que estão sendo emparedados pelo governo e o INSS!


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