O presidente Emmanuel Macron provocou uma forte reação na esquerda francesa ao recusar a nomeação de Lucie Castets para o cargo de primeira-ministra, uma decisão que foi imediatamente criticada como uma “negação da democracia” pelos líderes da aliança de esquerda, conforme relatado pelo jornal Le Monde. A decisão, anunciada pelo Palácio do Eliseu sob o argumento de manter a “estabilidade institucional”, acabou por unir os membros do Novo Front Popular (NFP) contra o chefe de Estado.
Macron, aparentemente tentando enfraquecer a aliança de esquerda ao isolar o movimento La France insoumise (LFI), liderado por Jean-Luc Mélenchon, pode ter alcançado o efeito oposto. A rejeição de Castets, uma candidata forte e amplamente apoiada pelos partidos de esquerda, foi percebida como um ataque direto à vontade popular expressa nas urnas.
Jean-Luc Mélenchon, um dos principais afetados por essa manobra, reagiu rapidamente, alertando sobre a gravidade da situação. “O presidente da República acaba de criar uma situação de extrema gravidade. A resposta popular e política deve ser rápida e decisiva”, declarou em suas redes sociais. Manuel Bompard, coordenador do LFI, reforçou a crítica, destacando que “em nenhuma democracia do mundo, o presidente da República tem poder de veto sobre o resultado das eleições”.
A insatisfação não se limitou ao LFI. Olivier Faure, líder do Partido Socialista (PS), fez duras críticas à decisão de Macron, lembrando que a República Francesa foi fundada com base na rejeição ao poder pessoal. Patrick Kanner, líder do PS no Senado, manifestou sua indignação ao classificar a atitude do presidente como “cinismo descarado”, ressaltando que os macronistas conseguiram apenas um terço dos votos nas eleições legislativas antecipadas.
Fabien Roussel, líder do Partido Comunista Francês (PCF), também expressou sua preocupação, afirmando que Macron está criando uma crise séria em um momento em que o povo francês deixou claro seu desejo de mudança nas duas últimas eleições. Por sua vez, Marine Tondelier, líder dos ecologistas, considerou “vergonhoso” o argumento de estabilidade usado por Macron, especialmente após uma dissolução parlamentar inesperada.
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