Tentativas frustradas de se tornar o estrategista digital de Jair Bolsonaro marcam a relação conflituosa entre Pablo Marçal e a família do ex-presidente.
As recentes trocas de farpas entre a família Bolsonaro e Pablo Marçal são reflexo de um conflito que começou nos bastidores do primeiro governo Bolsonaro. Marçal, que buscava ser uma espécie de Steve Bannon brasileiro, tentou se aproximar de Jair Bolsonaro e se consolidar como o principal estrategista digital da extrema-direita. Seu caminho, no entanto, foi bloqueado por Carlos Bolsonaro, que já ocupava essa posição na campanha do pai.
Fontes próximas ao PL e a Jair Bolsonaro confirmaram à coluna que Marçal, desde o início, almejava um papel central na construção da narrativa digital do bolsonarismo. Mas seus esforços esbarraram na resistência de Carlos, o que resultou na exclusão de Marçal do círculo íntimo dos Bolsonaro. Esse afastamento gerou um ressentimento que agora transparece nas críticas de Marçal, que tenta se posicionar como uma nova liderança política.
Um exemplo claro desse ressentimento é um comentário recente de Marçal nas redes sociais: “Coloquei 100 mil na sua campanha para presidente, te ajudei nas estratégias digitais, fiz você gravar mais de 800 vídeos no Planalto”. Essa declaração escancara seu desejo frustrado de ser reconhecido como o estrategista digital do movimento.
Nos bastidores, pessoas próximas ao ex-presidente sempre viram Marçal como uma figura caricata e não levavam suas ambições a sério. Em 2022, ele tentou se reaproximar da família Bolsonaro, mas acabou gerando novos atritos, especialmente com Carlos Bolsonaro, por tentar se intrometer em funções que já estavam sob controle do filho do ex-presidente.
A rejeição é tão evidente que Flávio Bolsonaro sequer menciona Marçal publicamente, preferindo ignorar sua existência. Nos círculos bolsonaristas, há quem culpe Marçal por alguns dos problemas enfrentados na campanha de 2022, embora ele não seja visto como o principal responsável pela derrota.
Hoje, Marçal tenta conquistar um espaço que antes era dominado pelos Bolsonaro, gerando temor entre os aliados do ex-presidente de que ele possa abalar a hegemonia da família na extrema-direita. O conflito é um reflexo das ambições frustradas de Marçal e do receio dos Bolsonaro de perder o controle sobre o movimento que construíram.