Kamala Harris arrecadou quatro vezes mais que Donald Trump em julho, com doações individuais sendo direcionadas para sua campanha após ela substituir Joe Biden na chapa democrata. Sua campanha arrecadou US$ 204 milhões no mês passado, em comparação com os US$ 48 milhões de Trump, segundo uma análise do Financial Times de registros federais. No final de julho, a campanha de Harris tinha US$ 220 milhões em caixa, enquanto a de Trump contava com US$ 151 milhões.
A arrecadação de Harris marcou um impressionante aumento de entusiasmo pela nova candidata democrata, sugerindo que sua campanha pode ter reduzido a vantagem financeira que Trump havia aberto sobre Biden, embora o panorama completo só venha a surgir com a publicação de mais dados no próximo mês.
A campanha de Harris também registrou um número recorde de pequenas doações em um único dia, com 631.000 contribuições em 22 de julho, seu primeiro dia completo após substituir Biden na chapa presidencial democrata. Esse número superou as cerca de 450.000 doações recebidas pelos grupos de Trump no dia seguinte à sua condenação no caso do pagamento de silêncio em Nova York, em maio.
“O dinheiro que está entrando — nunca vi esse tipo de dinheiro”, disse Bob Mulholland, veterano estrategista democrata da Califórnia que atua na política há cinco décadas.
A análise do FT dos registros federais inclui pequenas doações a grupos afiliados às campanhas. Dados completos para o terceiro trimestre, incluindo alguns comitês de ação política (Super PACs) que não têm limites de doações individuais, serão divulgados em outubro. Em julho, o Super PAC Make America Great Again Inc, alinhado a Trump, arrecadou US$ 55 milhões, enquanto o Super PAC Future Forward, alinhado a Harris, arrecadou cerca de US$ 30 milhões.
Os grupos de Trump também superaram Biden no segundo trimestre, com doadores abastados injetando dinheiro nos Super PACs do candidato republicano.
A análise do FT também revela que a arrecadação de pequenos doadores por Harris em um único dia no mês passado superou o melhor dia de arrecadação de Biden — 30 de setembro de 2020 — logo após a morte da juíza da Suprema Corte Ruth Bader Ginsburg e pouco mais de um mês antes da eleição daquele ano.
Harris agora está empatada com Trump em muitas pesquisas nacionais e à frente dele em algumas pesquisas nos estados decisivos que definirão as eleições de novembro.
Ela também parece ter atraído novos doadores, com 60% das 2,6 milhões de contribuições nos primeiros 11 dias de sua campanha vindo de pessoas que não haviam doado para a chapa Biden-Harris anteriormente.
A candidata democrata arrecadou US$ 184 milhões de doadores populares através do portal online ActBlue nos primeiros 11 dias, em comparação com os US$ 16 milhões arrecadados por Biden nos 11 dias anteriores à sua desistência.
A decisão de Biden de abandonar a disputa em julho ocorreu após semanas de pressão de autoridades do partido, depois que seu desempenho fraco no debate contra Trump levantou novas preocupações sobre sua idade e aptidão para outra candidatura à Casa Branca.
“Estou velho demais para continuar como presidente”, disse Biden na Convenção Nacional Democrata em Chicago na segunda-feira. “Mas espero que vocês saibam o quanto sou grato a todos vocês.”
Harris, 59, aceitará a nomeação na quinta-feira, após uma festa de vários dias celebrando sua ascensão e potencial para se tornar a primeira mulher presidente dos Estados Unidos.
“Eu não poderia estar mais animada por vermos nossa primeira mulher presidente negra”, disse Janni Lehrer-Stein, defensora dos direitos das pessoas com deficiência, que se sentou na primeira fila da convenção na segunda-feira para aplaudir Harris.
Apesar da empolgação com sua candidatura, os líderes democratas em Chicago adotaram uma postura cautelosa, observando que as pesquisas indicam uma eleição acirrada. Em seu discurso na terça-feira à noite, Barack Obama afirmou que será “uma disputa acirrada em um país profundamente dividido”.
Trump também recebeu um grande impulso financeiro em julho do bilionário Tim Mellon, descendente de uma dinastia bancária americana, que doou outros US$ 50 milhões para uma campanha pró-Trump, além dos US$ 65 milhões que já havia contribuído.
A corrida pela Casa Branca deve ser a mais cara de todos os tempos, com bilhões de dólares sendo gastos pelos candidatos. Em 2020, Biden arrecadou um recorde de US$ 1 bilhão em doações, enquanto Trump arrecadou cerca de US$ 775 milhões, segundo a organização sem fins lucrativos Open Secrets.