Pesquisa Atlas deflagra guerra da extrema direita por São Paulo e pelo se próprio futuro

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Preocupações internas no PL e dados da pesquisa Atlas revelam um cenário de rejeição crescente ao bolsonarismo, colocando em risco a estratégia eleitoral de Pablo Marçal e outros candidatos alinhados a Jair Bolsonaro.


Nos bastidores do bolsonarismo, uma preocupação crescente toma forma. Pablo Marçal, que até pouco tempo era bem visto por Jair Bolsonaro, agora é visto como uma ameaça à hegemonia da direita. O Partido Liberal (PL) se vê às voltas com a possibilidade de Marçal criar uma nova força política, independente da figura de Bolsonaro.

Dados da pesquisa Atlas de agosto de 2024 corroboram essa tensão. Marçal tem uma das piores imagens entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo: 57% dos eleitores o veem de forma negativa. Comparativamente, Tabata Amaral, por exemplo, possui uma rejeição muito menor. Esses números são preocupantes para um candidato que busca se firmar na política paulistana.

A pesquisa também expõe uma realidade incômoda para o bolsonarismo. Jair Bolsonaro, figura central dessa ala política, é rejeitado por 62% dos eleitores paulistanos, enquanto apenas 34% o enxergam de forma positiva. Para efeito de comparação, Lula, mesmo com a polarização, tem uma rejeição menor, de 51%. Isso sugere que a força do bolsonarismo, por si só, pode não ser suficiente para levar seus candidatos ao segundo turno ou garantir um bom desempenho nas urnas.

O cenário eleitoral se mostra ainda mais competitivo. Guilherme Boulos e Ricardo Nunes estão praticamente empatados em termos de percepção pública. Ambos têm rejeição alta: 55%, embora Boulos tenha uma leve vantagem em termos de percepção positiva. Dentro desse contexto, a análise das intenções de voto revela que, entre os eleitores de Bolsonaro em 2022, 38,6% apoiam Ricardo Nunes e 41,8% preferem Pablo Marçal. Enquanto Nunes consegue atrair uma parte significativa desse eleitorado e ampliar sua base, Marçal continua fortemente associado ao bolsonarismo, o que pode ser um tiro pela culatra, dado o cenário de alta rejeição ao ex-presidente.

A reação foi imediata. Valdemar Costa Neto e Jair Bolsonaro, junto com outras lideranças do PL, se uniram para frear o avanço de Marçal, temendo que a fragmentação da direita favoreça candidatos como Boulos. Esse movimento é um esforço desesperado para preservar o capital político construído ao longo dos últimos anos.

No final das contas, o avanço de Marçal, que parecia uma ameaça a Boulos ou Nunes, acabou revelando as fissuras internas do bolsonarismo e se tornando um problema para um ator político que sequer está disputando algum cargo este ano: Jair Bolsonaro. Com uma imagem pública desgastada e sem o apoio incondicional de Bolsonaro, Marçal enfrenta dificuldades reais.

Cleber Lourenço: Defensor intransigente da política, do Estado Democrático de Direito e Constituição. | Colunista n'O Cafézinho com passagens pelo Congresso em Foco, Brasil de Fato e Revista Fórum | Nas redes: @ocolunista_
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