A China iniciou uma investigação antidumping sobre produtos lácteos importados da Europa, em mais um capítulo da crescente disputa comercial com a União Europeia (UE). A medida foi anunciada um dia após a Comissão Europeia ter imposto uma série de taxas adicionais sobre a importação de veículos elétricos chineses, apesar das objeções de Pequim.
O Ministério do Comércio da China afirmou nesta quarta-feira que a investigação sobre as importações de laticínios da UE foi motivada por reclamações de fabricantes locais sobre os subsídios concedidos aos produtores europeus. Segundo o comunicado, a investigação abrangerá “certos produtos”, como cremes e queijos.
Essa ação representa a retaliação mais contundente de Pequim até o momento contra as tarifas sobre veículos elétricos (EV) impostas por Bruxelas. Além disso, a China já iniciou investigações antidumping sobre conhaque francês e carne suína importada da UE, além de ter apresentado uma queixa à Organização Mundial do Comércio (OMC).
O principal diplomata da UE, Josep Borrell, declarou em um evento na Espanha nesta semana que a União Europeia “não deve ser ingênua”, mas reconheceu que uma guerra comercial é “talvez… inevitável”.
A Comissão Europeia afirmou que Bruxelas “toma nota” da decisão da China de iniciar uma investigação antissubsídios sobre certos produtos lácteos e que acompanhará o processo “muito de perto”. “A comissão defenderá firmemente os interesses da indústria de laticínios da UE… e intervirá conforme necessário para garantir que a investigação cumpra integralmente as regras relevantes da OMC”, afirmou a entidade.
No ano passado, as exportações europeias de laticínios para a China foram avaliadas em cerca de €1,8 bilhão, uma queda em relação aos €2 bilhões do ano anterior, segundo dados comerciais da Comissão Europeia, representando cerca de 9,5% do total das exportações de laticínios da UE.
Associações da indústria de laticínios chinesa alegam que os produtos lácteos importados da UE têm se beneficiado de 20 programas de subsídios. A Alemanha é o maior produtor de leite, manteiga e queijo do bloco, seguida pela França.
A participação das importações no mercado de fórmulas infantis da China, onde a concorrência aumentou e as regulamentações foram endurecidas, caiu de 51% em 2019 para 44% em 2023, de acordo com o banco holandês Rabobank.
A queda na taxa de natalidade na China também levou empresas nacionais e estrangeiras a lançarem novos produtos voltados para consumidores mais velhos. As importações de leite em pó e leite fluido também diminuíram este ano, em função do aumento da produção doméstica, segundo estimativas do Departamento de Agricultura dos EUA em maio.
“O crescimento da produção de leite cru continua a superar o consumo, criando um excesso de oferta no mercado chinês”, apontou o relatório.
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