A Procuradoria-Geral da República (PGR) anunciou que só tomará uma decisão sobre as investigações envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro após o término das eleições municipais. A decisão ocorre em um momento crítico, já que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) declarou o início oficial da campanha eleitoral.
Fontes próximas ao procurador-geral da República, Paulo Gonet, indicam que ele está relutante em tomar qualquer medida que possa afetar o ambiente político durante o período eleitoral. Conhecido por sua postura cuidadosa, Gonet está avaliando cuidadosamente todos os aspectos dos casos antes de tomar uma decisão, segundo pessoas familiarizadas com o assunto.
Em julho, a Polícia Federal indiciou Bolsonaro e outras onze pessoas em uma investigação sobre o desvio de joias pertencentes ao acervo presidencial. Entre os crimes atribuídos ao ex-presidente estão peculato, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. A investigação sugere que auxiliares de Bolsonaro venderam ou tentaram vender quatro itens valiosos, incluindo relógios das marcas Rolex e Patek Philippe, avaliados em US$ 68 mil (aproximadamente R$ 346 mil na época).
O relatório da Polícia Federal foi enviado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que o encaminhou à PGR. Agora, cabe à procuradoria decidir se apresentará uma denúncia formal ou arquivará o caso. Embora a PGR tenha um prazo de 15 dias para tomar essa decisão, esse prazo é flexível e pode ser prorrogado.
Além da questão das joias, o ex-presidente Bolsonaro está sob investigação em outros casos. Em março, ele foi indiciado pela Polícia Federal em um suposto esquema de fraude envolvendo cartões de vacina. A PGR ainda não decidiu se denunciará Bolsonaro ou arquivará o caso, após solicitar mais investigações para esclarecer se ele utilizou certificados falsos para entrar e permanecer nos Estados Unidos ao final de seu mandato.
Ao adiar qualquer decisão até o fim das eleições municipais, a PGR demonstra uma abordagem cautelosa em um período de elevada tensão política. Caso Bolsonaro seja denunciado, a decisão sobre se ele se tornará réu e enfrentará um processo judicial ficará a cargo da Justiça.