Cresce o mercado de medicamentos falsificados para perda de peso

As ações da Hims & Hers dispararam depois que ela anunciou que começaria a vender uma versão do Wegovy Foto: Bloomberg

Quiz rápido: qual foi o medicamento para obesidade com melhor desempenho nos últimos 12 meses? A resposta óbvia seria Novo Nordisk ou Eli Lilly. Mas isso estaria errado.

Embora as duas empresas, que dominam a classe de tratamentos de perda de peso GLP-1, tenham se saído bem, a Hims & Hers Health, uma empresa de telessaúde que começou a vender versões compostas — ou imitações — desses medicamentos, se saiu ainda melhor. As ações da startup sediada em São Francisco subiram mais de 120% desde agosto do ano passado. Em comparação, a Eli Lilly registrou um ganho de 67%, e a Novo, de 44%.

É verdade que a Hims, que começou vendendo medicamentos para disfunção erétil e queda de cabelo, é uma empresa muito menor, com um valor de mercado de menos de US$ 3,5 bilhões. Suas ações também estavam partindo de uma base baixa. A Eli Lilly vale US$ 876 bilhões, enquanto a Novo é uma empresa de mais de DKr 3 trilhões (US$ 443 bilhões).

Ainda assim, a forte alta no preço das ações da Hims destaca como a demanda explosiva, aliada à escassez de medicamentos como Wegovy, Ozempic, Zepbound e outros GLP-1, criou uma enorme oportunidade de negócios para fabricantes e vendedores de medicamentos manipulados.

Medicamentos compostos não são genéricos; eles são cópias. São feitos com o mesmo ingrediente ativo dos medicamentos de marca, mas por uma farmácia especializada, e não por uma empresa farmacêutica. Esses medicamentos não têm aprovação da Food and Drug Administration (FDA). Como explica a startup rival de saúde digital Ro em um aviso em seu site, “eles não exigem revisão de segurança, eficácia ou fabricação”.

No entanto, esses medicamentos podem ser fabricados quando há escassez, como é o caso dos medicamentos para perda de peso GLP-1, que funcionam imitando um hormônio produzido no intestino para suprimir o apetite e regular o açúcar no sangue.

Fundada em 2017, a Hims abriu seu capital apenas quatro anos depois, por meio de um acordo com uma SPAC. A empresa ainda não obteve lucro, registrando um prejuízo líquido de US$ 23,5 milhões em receitas de US$ 872 milhões no ano passado. As ações da empresa passaram a maior parte de 2021 a 2023 sendo negociadas abaixo do preço inicial de US$ 10.

No entanto, as ações dispararam depois que a Hims anunciou em maio que começaria a vender uma versão do Wegovy. Este mês, a empresa seguiu com a notícia de que estava comprando uma farmácia de manipulação para garantir o fornecimento. Os investidores reagiram positivamente, visto que a demanda por medicamentos GLP-1 parece insaciável. A versão da Hims, com preço inicial de apenas US$ 199 por mês, é substancialmente mais barata do que os US$ 1.000 ou mais que os consumidores pagam pela versão de marca.

Esta é uma área controversa, com a segurança e a eficácia sendo as principais preocupações. Tanto a Novo quanto a Lilly entraram com vários processos para tentar impedir a venda de versões compostas de seus medicamentos. Além disso, existe a questão do que acontecerá quando a escassez dos medicamentos de marca diminuir. Os investidores que impulsionaram o preço das ações este ano podem acabar com prejuízo.

Via Financial Times

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