Menu

Exército empreende luta desesperada para não revelar identidade de signatários de manifesto golpista

O Exército Brasileiro continua a se esconder atrás de uma cortina de sigilo, utilizando estratégias cada vez mais questionáveis para evitar a divulgação de informações cruciais sobre os oficiais signatários da “Carta ao Comandante do Exército de Oficiais Superiores da Ativa do Exército Brasileiro”. Esse manifesto, que no final de 2022 clamava por um golpe […]

5 comentários
Apoie o Cafezinho
Siga-nos no Siga-nos no Google News
Brazilian President Luiz Inacio Lula da Silva (2nd-L) is greeted by Army Brigade General Francisco Albuquerque (R), next to Sao Paulo´s state Governor Claudio Lembo (L), during a ceremony at an Army headquarters, in Barueri, 26km west of Sao Paulo, Brazil, 11 August 2006. Lula da Silva said he will mobilize the army to help guard against crime in Sao Paulo state, where 180 people have been killed in violent clashes over the past three months. Lula told that he would visit Sao Paulo to speak with the army chief and ask for help in solving the crisis. Local officials in Sao Paulo have resisted previous offers of military involvement. AFP PHOTO/Mauricio LIMA (Photo by MAURICIO LIMA / AFP)

O Exército Brasileiro continua a se esconder atrás de uma cortina de sigilo, utilizando estratégias cada vez mais questionáveis para evitar a divulgação de informações cruciais sobre os oficiais signatários da “Carta ao Comandante do Exército de Oficiais Superiores da Ativa do Exército Brasileiro”. Esse manifesto, que no final de 2022 clamava por um golpe contra o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, tornou-se um símbolo da resistência de setores militares à transparência e à democracia.

Em mais uma capítulo da batalha que esta coluna travou com os militares por mais transparência e acesso à informação, os militares que já haviam perdido um recurso em segunda instância para revelar quantos signatários da carta fazem parte da tropa, entraram na madrugada desta terça-feira (13) com um recurso para não informarem sequer este dado

Um ponto alarmante neste caso é que o recurso de incidente de correção, impetrado por volta das cinco e meia da manhã, correu algumas poucas horas após a conclusão de um mandado judicial movido por um dos militares investigados. Este militar alegava que seu direito à defesa havia sido comprometido por não ter acesso às informações do processo de sindicância.

O Exército utilizou esse mandado como justificativa para paralisar a sindicância principal e suspender o prazo de 30 dias para conclusão da sindicância conforme informado em resposta ao pedido da coluna via Lei de Acesso à Informação (LAI). Essa manobra, realizada às pressas na madrugada, levanta sérias questões sobre as verdadeiras intenções do Exército em relação à transparência e à responsabilidade institucional.

Juristas consultados pela coluna afirmam que não há base legal para que um mandado como esse tenha o poder de paralisar a sindicância e o prazo para a sua conclusão. A utilização desse mandado, segundo os especialistas, é uma clara tentativa de protelar a divulgação de informações e evitar que a sociedade brasileira saiba quantos e quais oficiais ainda estão na ativa e foram signatários do manifesto golpista.

O Exército parece estar disposto a explorar qualquer brecha ou justificativa legal para impedir que esses dados venham à tona. Essa postura não só evidencia uma resistência à transparência, mas também sugere um esforço coordenado para proteger aqueles que formalmente apoiaram um movimento de sublevação militar.

O recurso de incidente de correção, movido em um horário inusitado, destaca o nível de desespero do Exército em manter essas informações em sigilo. Não se trata apenas de proteger os indivíduos envolvidos, mas de evitar que a instituição como um todo seja exposta ao escrutínio público. O Exército, que deveria ser um defensor da ordem e da legalidade, se coloca agora como um obstáculo à verdade e à justiça.

O cenário é grave. A tentativa de subverter a ordem democrática através de um golpe militar é uma ameaça existencial à democracia brasileira. E o fato de que o Exército está empregando manobras jurídicas para esconder a participação de seus membros nesse movimento só agrava a situação. A sociedade brasileira tem o direito de saber quem, dentro das Forças Armadas, estava disposto a apoiar um golpe contra a democracia.

Em um país que valoriza a transparência e a responsabilidade pública, as ações do Exército são inaceitáveis. A recusa em divulgar informações básicas sobre a sindicância dos signatários da Carta golpista é um ataque direto aos princípios de transparência e accountability que deveriam guiar todas as instituições públicas.

É imperativo que essas informações sejam reveladas, não apenas para garantir a justiça, mas para preservar a integridade da nossa democracia. O que está em jogo aqui é muito mais do que a reputação de alguns oficiais; é a própria confiança que a sociedade deposita em suas instituições militares. E essa confiança, uma vez abalada, é difícil de ser restaurada.

Apoie o Cafezinho

Cleber Lourenço

Defensor intransigente da política, do Estado Democrático de Direito e Constituição. | Colunista n'O Cafézinho com passagens pelo Congresso em Foco, Brasil de Fato e Revista Fórum | Nas redes: @ocolunista_

Mais matérias deste colunista
Siga-nos no Siga-nos no Google News

Comentários

Os comentários aqui postados são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site O CAFEZINHO. Todos as mensagens são moderadas. Não serão aceitos comentários com ofensas, com links externos ao site, e em letras maiúsculas. Em casos de ofensas pessoais, preconceituosas, ou que incitem o ódio e a violência, denuncie.

Escrever comentário

Escreva seu comentário

Bartolomeu

18/08/2024 - 19h25

O Brasil não tem solução!!!
Pessoas com recursos deveriam juntar os panos de bunda, e irem pra países com IDH > 0,8.
Na América Central, temos a Costa Rica 🇨🇷.

Ligeiro

15/08/2024 - 19h50

Acho estranho não existir um esforço da esquerda brasileira em recriar os serviços de segurança e defesa de forma civíl. Achar exemplos, estudar soluções de outros países, avaliar pessoas que possam atender esta mudança.

Não duvido que bastaria um pequeno esforço para achar liderança nos quadros de segurança e defesa pública – sejam eles de todos os níveis – para captar lideranças que possam criar a migração para um sistema civil, sem hierarquias militares e nem regras baseadas em conceitos militares.

Talvez unificar as forças de segurança em um sistema único que possa ser compartilhado com cada ente federativo. Com isso, um mesmo profissional que atende no Amazonas teria o mesmo aprendizado de alguém do Mato Grosso, da Paraíba, do Espirito Santo e do Paraná. E todos com poder de troca de conhecimento e inteligência.

gicela machado oliveira brasil

15/08/2024 - 18h30

parabéns, moço, por tua persistência em cima desses LADRÕES, GOLPISTAS, CANALHAS, MALDITOS !!! persiste !!! venho acompanhando tua saga, e estou encantada com tua dedicação: PRA CIMA DELES !!!

Gilberto Alves

15/08/2024 - 05h45

O presidente deveria exonerar esses vagabundos. Eles são os verdadeiros lixos da sociedade brasileira, não servem para nada, nem para pintar meio fio. Um bando de corno.

Luise

14/08/2024 - 21h33

ÓDIO por LULA NÃO COBRAR NADA DAS FA, INDICA como MINISTRO DA DEFESA QUEM AS FA QUEREM, MANTÉM AS MAMATAS, e ACEITA QUE ELES COLABOREM COM CRIME ORGANIZADO E AJAM CONTRA ELE. Obrigada pelo trabalho Cleber.


Leia mais

Recentes

Recentes