O Ministério da Saúde registrou uma redução de 33% nos óbitos de Ianomâmis no primeiro trimestre de 2024, em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Dados divulgados em reportagem do jornal O Globo indicam quedas significativas nas mortes por desnutrição (-71%), infecções respiratórias agudas (-59%) e malária (-50%). No entanto, o número total de óbitos permanece alto, com 74 mortes em 2024 contra 111 em 2023.
Desde 2023, o Ministério da Saúde tem trabalhado para padronizar a metodologia de contagem dos registros de saúde dos Ianomâmis.
A pasta foi criticada após os dados oficiais mostrarem que 363 indígenas Ianomâmis morreram em 2023, superando os números do governo anterior. Segundo a ministra da Saúde, Nísia Trindade, houve inconformidades e subnotificação nos registros anteriores.
“Antes, várias unidades de saúde não estavam funcionando, então muitas mortes não foram registradas. Por isso, falamos com muita propriedade de uma subnotificação, são números não confiáveis, não é informação. Muitas vezes os indígenas morrem em processos de cremação e você não tem nenhum registro”, afirmou a ministra.
“Nós nunca fizemos subnotificação, pelo contrário. Teremos um cuidado extremo com dados e estamos com um grupo de trabalho no ministério para acompanhar isso de forma técnica e precisa”, emendou.
Em agosto, o Ministério da Saúde iniciará uma parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para padronizar o levantamento e a conferência dos dados sobre a saúde dos Ianomâmis. Além disso, a pasta divulgará semestralmente o boletim do Centro de Operações de Emergência, com informações sobre tratamentos e causas de mortalidade.
Desde a determinação da Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional Yanomami (ESPIN-Yanomami) pelo governo federal no ano passado, o ministério reforçou as ações de saúde indígena, aumentando em 116% o número de profissionais na região, totalizando 1.497 trabalhadores, e reabrindo sete polos base de saúde, atendendo 5,2 mil indígenas.
As ações de combate ao garimpo no território também se tornaram permanentes. Nísia Trindade destacou que a violência e a presença de garimpeiros dificultaram o funcionamento dos polos de saúde em 2023, mas o cenário melhorou significativamente.
“Em 2023, os polos não estavam funcionando plenamente porque ainda eram áreas de muita violência. Muitas vezes o profissional de saúde chegava e tinha que fechar o polo porque estava tendo conflito e os garimpeiros não permitiam o acesso”, explicou.
“Esse cenário com os garimpeiros está muito controlado hoje, a gente teve um avanço muito importante na desintrusão. Não vou dizer que não tem nenhum garimpeiro ilegal, porque ali é uma realidade que precisa ser monitorada o tempo todo”, finaliza.
O território Ianomâmi é a maior terra indígena do Brasil, com 10 milhões de hectares, mais de 380 comunidades e 30 mil indígenas. As melhorias contínuas nas condições de saúde e segurança são cruciais para a preservação e bem-estar dessa população.