Ainda em junho deste ano, uma matéria publicada no site oficial do Exército dos Estados Unidos destacou um treinamento de comunicação e marketing destinado a oficiais brasileiros, realizado pelo Comando Sul dos EUA. O objetivo do evento, conforme a publicação, era fortalecer as capacidades de comunicação e marketing dos militares brasileiros, além de reforçar a parceria entre os dois países. A notícia também foi repercutida no site brasileiro, Sociedade Militar.
O encontro ocorreu entre os dias 9 e 14 de junho e foi divulgado no site oficial do exercito americano no dia 21 de julho.
No entanto, apesar das evidências presentes nas publicações americanas e brasileiras, o Exército Brasileiro nega veementemente a realização desse treinamento. Em resposta a um pedido feito via Lei de Acesso à Informação (LAI) feito pela coluna, o Serviço de Informações ao Cidadão do Exército Brasileiro (SIC-EB) afirmou que, após consulta ao Comando de Operações Terrestres (COTER), não foi identificado nenhum treinamento de militares brasileiros por militares americanos na data mencionada.
Posicionamento Oficial
Após o pedido via LAI, a coluna entrou em contato com o a comunicação do Exército Brasileiro para obter mais esclarecimentos. A comunicação do Exército afirmou que se tratou de um intercâmbio entre os dois exércitos, envolvendo áreas semelhantes – o Centro de Comunicação do Exército Brasileiro e seu equivalente nos Estados Unidos. Segundo o Exército, não foi exatamente um treinamento formal, mas uma agenda de troca de experiências e informações, o que é corriqueiro entre as Forças Armadas de países amigos do Brasil.
Por outro lado, a nota americana traz uma declaração do general Richard McNorton, comandante da Escola de Informação e Defesa, onde ele afirma que “(…) Treinar os nossos aliados e parceiros é crucial para melhorar a interoperabilidade, fortalecer as relações estratégicas e garantir a segurança coletiva.”
Pedido via LAI
A negação do Exército Brasileiro levanta sérias questões sobre a transparência e a precisão das informações fornecidas aos cidadãos. A resposta oficial contrasta diretamente com a matéria publicada pelo Exército dos EUA, que detalha atividades de instrução e intercâmbio de conhecimentos entre os dois exércitos. A reportagem americana incluiu até mesmo depoimentos de oficiais, ressaltando a importância e os benefícios do treinamento para ambos os países.
A coluna contestou a resposta oficial do Exército Brasileiro, apontando a discrepância entre as informações oficiais e a publicação americana, destacando a existência da matéria no site das forças armadas dos EUA, confirmando a agenda.
Falta de informações sobre custos e detalhes do treinamento
Além de negar a realização do treinamento, o Exército Brasileiro também não forneceu informações sobre os custos envolvidos, a duração do treinamento ou a grade de conteúdos do curso. Esses detalhes são essenciais para uma avaliação completa do impacto financeiro e logístico do evento. A recusa em fornecer essas informações contribui para a histórica percepção de falta de transparência por parte dos militares.
A contradição entre as informações fornecidas pelo Exército Brasileiro e as publicadas pelo Exército dos EUA destaca a necessidade de uma maior fiscalização, verificação e transparência envolvendo os militares. É fundamental que as instituições governamentais e militares sejam transparentes e precisas em suas comunicações, especialmente em questões que envolvem cooperação internacional e o uso de recursos públicos.
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