Na última terça-feira, o governo federal do Brasil apresentou o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (Pbia), desenvolvido por uma equipe multidisciplinar do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, por solicitação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O plano visa a criação de uma “inteligência artificial soberana” que utilize dados nacionais e infraestrutura própria, visando fortalecer a soberania tecnológica do país, conforme reportagem da Folha.
Segundo a ministra de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, o Brasil, sendo um produtor de dados cobiçados internacionalmente, precisa desenvolver alternativas próprias.
O Pbia propõe o desenvolvimento de uma “nuvem soberana” para armazenar dados governamentais e “modelos avançados de linguagem em português“, visando refletir a diversidade cultural, social e linguística do país.
O plano destaca a necessidade de infraestrutura robusta, incluindo supercomputadores e data centers, e de uma força de trabalho especializada.
Atualmente, segundo especialistas, o Brasil não possui a capacidade computacional para operar grandes modelos de linguagem semelhantes aos utilizados por grandes corporações tecnológicas globais.
O Pbia promete um investimento de R$ 23 bilhões em projetos de IA, com quase R$ 14 bilhões direcionados à iniciativa privada.
Os objetivos abrangem desde o desenvolvimento de IA até a formação profissional, aplicação em serviços públicos, negócios e a elaboração de um arcabouço regulatório.
Ainda pendente de aprovação em reunião ministerial, o plano também enfoca a redução de vieses algorítmicos, uma preocupação crescente na aplicação de IA.
Rodrigo Nogueira, CEO da Maritaca AI, ressalta que, apesar de o uso de dados e modelos em português ser um avanço, os desafios para representar fielmente os interesses do Brasil e de suas minorias permanecem.
Investimentos adicionais incluem R$ 1,8 bilhão para a construção de um supercomputador de IA e R$ 750 milhões para a fabricação nacional de componentes de computadores avançados e chips.
O plano prevê também a alocação de R$ 1 bilhão para o desenvolvimento de um sistema que integre diversas bases de dados sob gestão do governo, chamado de nuvem soberana.
A segurança da informação também é uma prioridade, com um aporte previsto de R$ 70 milhões para proteger os dados do governo, que têm sido alvo de vazamentos recordes nos últimos anos.
Este plano estratégico reflete o compromisso do governo em atingir a soberania digital e tecnológica, alinhando-se com líderes globais que já possuem suas próprias inteligências artificiais soberanas.